REPRESENTAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE ENSINO ... - PUC-SP
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“Educador e educandos se arquivam na medida em que, nesta distorcida<br />
visão de educação, não há criatividade, não há transformação, não há<br />
saber. Só existe saber na invenção, na reinvenção, na busca inquieta,<br />
impaciente, permanente, que os homens fazem no mundo, com o mundo e<br />
com os outros. Busca esperançosa também.” (op.cit:67)<br />
Se há necessidade de transformação, tal como nos relata Freire (1970/2006),<br />
entendo que haja a necessidade de se transformar a ação. Romper e estabelecer<br />
hábitos. Hábitos são aqui concebidos de acordo com o conceito de habitus que<br />
Perrenoud (2002) retoma de Bourdieu (1972). Para este último, habitus é um<br />
“pequeno grupo de esquemas que permitem gerar uma infinidade de práticas<br />
adaptadas a situações que sempre se renovam sem nunca se constituir em<br />
princípios explícitos” (Perrenoud, 2002:39).<br />
Para Perrenoud (2002), apoiado em Bourdieu, não se trata, portanto, de<br />
apenas refletir sobre a prática, mas transformar o habitus. Atribuir sentido à ação, o<br />
que vai além do entendimento racional puro e simples.<br />
Entendo, portanto, que a formação de um novo hábito é o resultado de um<br />
processo de contradição da ação, em que contribuirão os elementos de formação,<br />
valores, necessidades, anseios, quereres e saberes. Como afirma Magalhães (2006,<br />
anotações de aula), “o papel da contradição é impulsionar a ação”.<br />
A fim de que se promova a reflexão e conseqüentemente nova ação e<br />
transformação do habitus, são necessários instrumentos de reflexão que possam<br />
propiciar aos indivíduos a apropriação das condições necessárias para tal processo.<br />
Um desses instrumentos de reflexão pode ser o diário. Machado (2002:3),<br />
apoiando-se em Canetti (1965, apud Machado 2002), afirma que<br />
“a prática da escrita diarista deveria ter o caráter de diálogo aberto e franco<br />
do escritor consigo mesmo, com suas múltiplas faces e com os outros que o<br />
rodeiam, diálogo em que não se deveria permitir o adormecimento da autocrítica,<br />
e no qual o diarista deveria tratar a si próprio como um outro o faria e<br />
até com mais rigor” (p.3)<br />
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