REPRESENTAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE ENSINO ... - PUC-SP
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Embora a reação da colega C sobre a decisão do diretor não seja o foco<br />
desta pesquisa, acredito que a discussão acerca deste dado seja importante, pois<br />
aparenta ter influência direta nos sentimentos de Ana Paula, foco deste trabalho.<br />
Acredito que, ao deixar claro sua insatisfação sobre a participação de Ana<br />
Paula na aula da empresa, a colega tenha comprometido os sentimentos de Ana<br />
Paula, no contexto da aula de inglês. Ana Paula, por sua vez, parece ter<br />
experimentado o sentimento da rejeição ao tentar participar da aula, o que vai de<br />
encontro aos seus anseios de inclusão e participação demonstrados na iniciativa de<br />
tirar cópia do capítulo a ser estudado procurando desta maneira estar em uma<br />
condição mais próxima a da aluna C. Ao fazer tal movimento a aluna parece querer<br />
aliar-se a quem, segundo ela, está no nível avançado. Parece também buscar<br />
alguns instrumentos que a ajudem a entender o que vai acontecer na aula, o que<br />
demonstra uma busca por proteção, a diminuição de ocorrência de erros. A questão<br />
dos erros é tratada no excerto seguinte:<br />
//se a pessoa fala tudo errado é muito feio// (entrevista 1)<br />
A questão de “certo” e “errado” constitui outro problema que carece de<br />
reflexão no que tange às normas padrão e não-padrão. Parece ter se tornado<br />
cultural em nossa sociedade aceitar o padrão como certo e rejeitar o não padrão,<br />
rotulando-o como “errado”.<br />
Tal rejeição termina por impor aos aprendizes a necessidade de aprender e<br />
de usar invariavelmente a norma padrão, não importando suas necessidades e as<br />
situações de uso. O uso do não padrão, além de errado também passa a ser feio, ou<br />
seja, indesejável.<br />
O excerto seguinte apresenta um pouco mais da questão da norma padrão:<br />
/A pessoa/ ela só fala sem medo quando ela aprende // depois // quando ela se<br />
sente segura / tem vocabulário legal/ sabe usar legal o verbo / o sujeito// o<br />
complemento/ entendeu?// (entrevista 1)<br />
A aluna acredita que, para uma pessoa se sentir segura em uma situação de<br />
uso de inglês precisa dominar o conhecimento das estruturas gramaticais e usar<br />
certo tipo de vocabulário, o que é explicitado pelas palavras: “ter um vocabulário<br />
legal”. A vagueza do termo “legal” não nos permite identificar qual é o tipo de<br />
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