REPRESENTAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE ENSINO ... - PUC-SP
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Por tratar-se de uma questão de autoconfiança, creio ser uma questão relativa a<br />
como a aluna se sentia em relação a um momento novo e não propriamente a uma<br />
questão de dificuldade de aprendizagem, mesmo que momentânea. Logo adiante,<br />
na mesma entrevista ela afirma:<br />
// agora vai de controlar a expectativa. (entrevista 1)<br />
Acredito que se algo precisa ser controlado, é porque está sem controle.<br />
Quando a aluna fala em controlar a expectativa, creio que ela se refira à ansiedade<br />
estar fora dos limites, necessitando, portanto de controle e não a expectativa, pois<br />
esta se refere à situação de quem espera o que está na iminência de acontecer. Já<br />
a ansiedade se refere à falta de tranqüilidade, receio, mal-estar, que acredito se<br />
encaixarem mais na situação descrita por Ana Paula. Sendo assim, tratando-se de<br />
ansiedade, faço a pergunta:<br />
PP: por quê?<br />
A: porque // assim / por exemplo / com você // eu assim / eu não sinto você<br />
como // eu sinto uma coisa assim// meio que quebrou aquela barreira<br />
professor-aluno / eu acho que isso dificulta bastante / aquela coisa do<br />
professor lá em cima / num pedestal / você um reles aluno / entendeu? /<br />
então / quando você tem uma // quando você tem essa// sabe esse<br />
distanciamento do professor - aluno / você não tem liberdade / você não se<br />
sente com liberdade de falar alguma coisa errada// (entrevista 1)<br />
Ana Paula parece, neste momento, fazer um comparativo à maneira como era<br />
tratada a questão do erro em outros ambientes de ensino-aprendizagem e a maneira<br />
como passou a perceber o erro, trazendo, nesta fala, a relação construída com os<br />
professores. Ela afirma ser difícil lidar com situações em que o professor estabelece<br />
uma distância do aluno, reiterando existir, em alguns casos, uma barreira, na mais<br />
clara acepção do termo segundo o dicionário Houaiss, uma trincheira, algo que pode<br />
ser usado como proteção. A aluna parece ter vivido tal situação, inclusive com a<br />
imagem do professor em um pedestal - o que me remete à imagem de um santo,<br />
pronto para ser louvado e adorado, diante do qual nos apresentamos na mais<br />
humilde das condições, jamais como um ser igual – o que, segundo ela,<br />
proporcionou-lhe a falta de liberdade para errar. No início de sua fala, a aluna<br />
sinaliza que a professora particular, “quebrou a barreira”, portanto, tal barreira<br />
existia. Os dados não fazem alusão a respeito de em quais ambientes de ensinoaprendizagem<br />
existiria tal barreira. O que é explicitado, no entanto, é que tal barreira<br />
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