REPRESENTAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE ENSINO ... - PUC-SP
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“Eu errei bastante na aula, mas não fiquei com vergonha. Agora só preciso<br />
criar vergonha e estudar o assunto...rs.” (diário 20/09/05)<br />
O sentimento de vergonha aparece não em relação a erros ocorridos durante<br />
a aula, mas em relação a si mesma naquilo que tange à sua participação nos<br />
estudos. A aluna parece dar início a um processo de conscientização de que o<br />
processo de ensino-aprendizagem demanda a necessidade de estudo de sua parte<br />
(da aluna). Tal responsabilidade é expressa por “Preciso”, ou seja, a<br />
responsabilidade não é mais apenas do professor, da instituição ou dos materiais<br />
conforme ela havia afirmado anteriormente.<br />
Apesar de parecer existir uma disposição em romper com o hábito de atribuir<br />
responsabilidade a outrem e criar uma nova ação, este parece estar muito arraigado<br />
no comportamento da aluna, o que demonstra dificultar o desenvolvimento das<br />
novas ações, cuja necessidade foi apontada pela reflexão em seu diário e como<br />
conseqüência construir - a partir da nova ação - um novo hábito.<br />
Proporcionar oportunidades para a exposição oral em situações do cotidiano<br />
era uma preocupação constante da professora. No entanto, havia também um outro<br />
tipo de preocupação, por parte da professora conforme o próximo excerto, retirado<br />
do diário da aluna:<br />
“Ela quer saber o que eu acho que pode me ajudar a aprender inglês, fora<br />
da aula. Aqui vai o que pensei:<br />
- pedir pra eu pesquisar algum assunto (cotidiano, história, política...) qualquer<br />
coisa, desde que seja em inglês.<br />
- trazer para mim algum texto que julga interessante e estimulante para o nível<br />
em que estou.<br />
- uma música de vez em quando faz bem também (rs) (...) (diário 15/09/05)<br />
Pela análise do excerto verificamos que era objetivo da professora que a<br />
aluna participasse das aulas e desenvolvesse a autonomia em relação a seu<br />
aprendizado, que também se tornasse um aprendiz de língua estrangeira, na própria<br />
vida, não se limitando às aulas de inglês. No entanto, as ações a serem realizadas<br />
pela aluna em atividades extra-classe parecem estar ainda subordinadas a um<br />
comando da professora, ou seja, a aluna parece esperar a ordem da professora para<br />
realizar ações extra classe, ações capazes de favorecer sua aprendizagem, o que é<br />
explicitado pelas escolhas lexicais: “pedir pra eu pesquisar, trazer pra mim”. A aluna<br />
reconhece a necessidade de se estabelecer uma disciplina maior em suas<br />
atividades a fim de que possa dedicar-se mais à tarefa de estudar inglês.<br />
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