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REPRESENTAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE ENSINO ... - PUC-SP

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foi quebrada, sendo uma de suas possíveis causas a maneira de se lidar com o erro.<br />

A falta de liberdade para errar aparece no trecho que segue:<br />

O excerto seguinte faz parte da entrevista 1, realizada após o início das aulas<br />

particulares:<br />

você tá no meio de aluno / tudo bem/ sempre tem um mais ou menos/ tem um<br />

bem, mas você não fala / sabe / prefere guardar pra você/ aí vem outro e acha<br />

que você falou uma coisa absurda / com você/ beleza / você vai me corrigir<br />

e a gente vai botar para frente / agora no meio de outras pessoas né? /<br />

tudo que está relacionado ao coletivo / gera uma certa intimidação quando<br />

você não sabe (Entrevista 1)<br />

Parte deste excerto já foi analisado no item 4.2.2, mas retomo-o aqui desta<br />

vez com o objetivo de analisar a visão de erro para a aluna, que parece reforçar a<br />

idéia de erro como algo que mereça ser ocultado, o que é explicitado em “prefere<br />

guardar pra você”. No entanto, há indícios de que a aluna se sente à vontade para<br />

falar o que anteriormente preferia guardar para si mesma, mesmo que não faça as<br />

escolhas lexicais mais adequadas, o que é demonstrado pelo uso das palavras:<br />

“com você beleza, você vai me corrigir e a gente vai botar pra frente”. O erro,<br />

portanto, aparece como algo natural nesse contexto de aprendizagem, que faz parte<br />

do processo e não mais como algo terrível, necessário ser evitado. No entanto,<br />

quando há a presença de outras pessoas, o erro ainda continua a ser temido.<br />

Algumas transformações são apresentadas em um trecho da entrevista 1,<br />

como segue:<br />

agora com você / quando eu não consigo falar / eu faço mímica / a gente dá<br />

risada / de repente // eu falo alguma besteira / você faz uma cara tão<br />

engraçada / aí eu já sei que foi besteira / entendeu? //mas com você eu não<br />

tenho medo de me // não vou falar que isso foi desde o início / eu acho que<br />

agora eu tô conseguindo e você tá sentindo isso / eu não tenho medo de<br />

errar / entendeu? / (Entrevista 1)<br />

Ana Paula, de acordo com o excerto apresentado, demonstra desenvolver um<br />

novo processo em sua forma de se expor, ou seja, quando não tem certeza a<br />

respeito da escolha lexical mais adequada, em vez de calar-se diante da situação,<br />

lança mão de mímica. Embora a aluna lance mão desse recurso gestual quando<br />

não se sente à vontade para usar palavras em inglês, o uso do português não foi<br />

proibido na sala de aula. Não recorrer a seu uso, neste caso, é uma escolha da<br />

aluna, o que parece demonstrar uma disposição de sua parte em não usar a língua<br />

materna, embora esse recurso esteja disponível.<br />

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