05.06.2013 Views

REPRESENTAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE ENSINO ... - PUC-SP

REPRESENTAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE ENSINO ... - PUC-SP

REPRESENTAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE ENSINO ... - PUC-SP

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

vocabulário que a aluna precisa conhecer para se sentir segura para usar o idioma.<br />

Acredito firmemente que essa falta de especificidade também exista para a aluna, ou<br />

seja, acredito que ela reproduza verdades apregoadas pelo senso comum sem que<br />

haja momentos de reflexão sobre sua necessidade. Embora a aluna defenda,<br />

mesmo que inconscientemente, o uso da norma padrão para falar do idioma a ser<br />

aprendido, ela usa uma gíria (legal), em sua língua materna, para definir o tipo de<br />

vocabulário de que necessita, ou seja, em sua língua materna, ela usa o nãopadrão.<br />

Acredito que seja necessário uma discussão em relação ao uso da forma<br />

não-padrão também em língua estrangeira.<br />

O que posso inferir a partir da discussão dos excertos acima é a idéia<br />

apresentada na epígrafe da obra ‘A Língua de Eulália’, de Bagno (2005): “o serviço<br />

mais útil que os lingüistas podem prestar hoje é varrer a ilusão da deficiência verbal<br />

e oferecer uma noção mais adequada das relações entre dialetos-padrão e nãopadrão.”<br />

(Labov, 1969, apud Bagno 2005) e nas palavras de Bagno (2005:27) “a<br />

língua é um balaio de verdades, e só umas poucas vão ser tiradas do balaio para<br />

compor o padrão.”<br />

Mais adiante, a aluna continua em seu diário:<br />

“Mesmo sabendo que meu conhecimento na língua inglesa era bem menor que<br />

o da C, quis aceitar o desafio. Mas, para isso me propus a fazer aulas de<br />

inglês com uma professora particular.” (08/08/2005)<br />

A participação nas aulas, nas condições que foram oferecidas a Ana Paula<br />

parece constituir, de acordo com o excerto acima, um desafio, pois, segundo a<br />

aluna, seu conhecimento era menor do que o da outra aluna, sua colega.<br />

Não é claro no que se constitui exatamente o desafio do qual fala Ana Paula:<br />

a participação nas aulas em condições iguais às da aluna primeira, ou o aprendizado<br />

de língua estrangeira. Supondo ser o aprendizado da língua estrangeira, não<br />

aparecem quais aspectos da aprendizagem que constituiriam o objetivo de Ana<br />

Paula em relação a seu aprendizado.<br />

Já a aula particular aparece como o agente que possibilitará o sucesso de sua<br />

aprendizagem, ou pelo menos como um dos elementos capazes de concretizar o<br />

que a aluna chama de desafio e acreditar nesse fato parece ser um saber construído<br />

64

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!