REPRESENTAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE ENSINO ... - PUC-SP
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estrangeira, na verdade não é mais uma iniciante. Já percorreu um longo caminho,<br />
onde muitas vezes deparou-se com sentimentos de frustração, vivendo uma baixa<br />
auto-estima. Seus conhecimentos e sua produção podem ser comparados a de<br />
iniciantes em uma nova língua, mas sua história não o é.<br />
Eis aí um conflito em que muitas vezes o aluno não sabe a quem atribuir a<br />
responsabilidade de sua história de aprendiz. Atribui a outros a responsabilidade, o<br />
que é legítimo, mas não é exclusivo. Não sabe na verdade, o que lhe compete fazer<br />
para ter sucesso no aprendizado. Ao negar escolas de inglês tradicionais no<br />
mercado de idiomas, o aluno parece negar também todo o sistema com o qual<br />
conviveu durante seu histórico, buscando uma alternativa.<br />
É nesse ponto que reside, a meu ver, a grande responsabilidade do professor<br />
particular: talvez essa seja a última tentativa do aluno, seu último recurso, seu último<br />
investimento. Ele, muitas vezes, não sabe se é capaz ou não, mas resolveu investir,<br />
inclusive financeiramente, pois é sabido que as aulas particulares são normalmente<br />
mais caras do que as escolas em cursos de idiomas.<br />
Embora alguns alunos vejam a aula particular como a possibilidade que os<br />
conduzirá ao sucesso, como indicam as representações da aluna desta pesquisa, é<br />
necessário perceber que aula particular não tem nenhuma “fórmula mágica” e pode<br />
ser a repetição e/ou a reprodução daquilo que acontece em sala de aula. É de fato<br />
um ambiente que proporciona uma maior proximidade entre aluno e professor, mas<br />
o sucesso ou insucesso dependerá das ações e dos envolvidos no processo de<br />
ensino-aprendizagem. A existência de uma aula particular, por si, não é garantia de<br />
sucesso, absolutamente.<br />
Assim, minha preocupação é grande no que tange a responsabilidade do<br />
professor de língua estrangeira em não repetir o que a escola regular de idiomas<br />
propõe ou apresenta naquilo que tanto incomoda esses alunos: uma uniformização<br />
de conteúdo, de identidades, - sobretudo identidades - como se todos tivessem a<br />
mesma necessidade e a mesma história.<br />
Caberá ao professor particular, não apenas resgatar a auto-estima dos<br />
aprendizes, porque isso - acredito eu - é de responsabilidade de todo professor, mas<br />
conscientizar-se de que talvez essa seja a última tentativa que daquela pessoa faz<br />
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