03.09.2014 Views

Download - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG

Download - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG

Download - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ia social e pod<strong>em</strong> ser verificados <strong>em</strong> livros sobre história e R<strong>em</strong>iniscências de séculos anteriores<br />

(TINHORÃO, 2005, p. 108).<br />

A popularização das bandas de música ocasionou um movimento musical importante a várias<br />

localidades onde, provavelmente, era impossível manter uma orquestra devido ao alto custo<br />

dos instrumentos e as exigências de funcionamento. O modelo de atuação eram as bandas de música<br />

militares da Europa e seu repertório. Segundo André Cardoso:<br />

É o momento de se introduzir, sobre o pano de fundo do panorama da música na Europa (de<br />

Portugal <strong>em</strong> particular) e a subsequente situação sociopolítica, as características dos músicos<br />

no Brasil, tais como eram e tais como passram a ser após a vinda da Família Real<br />

(CARDOSO, 2008, p. 8)<br />

Alguns trabalhos sobre história da música no Brasil citam a participação das bandas na<br />

sociedade, desde o Império. Citamos, como ex<strong>em</strong>plo, a dissertação de Fernando Binder (UNESP,<br />

2006), que investiga as origens das bandas militares no Brasil. Além de publicações de estudiosos<br />

como Kiefer (1977), Mariz (1994) e Tinhorão (1998), t<strong>em</strong>os uma literatura específica <strong>em</strong><br />

Meira/Shirmer (1985), Salles (2000) e Jesus (2008), que discorr<strong>em</strong> sobre as bandas de música<br />

civis e militares.<br />

Para estudar o sociedade e cultura na atualidade t<strong>em</strong>os que compreender o paradigma pósmoderno<br />

do sujeito social. Recorr<strong>em</strong>os para isto a Stuart Hall, quando diz que:<br />

O sujeito, previamente vivido como tendo uma identidade unificada e estável, está se tornando<br />

fragmentado; composto não de uma única, mas de várias identidades, algumas vezes contraditórias<br />

ou não-resolvidas [...] as identidades, que compunham as paisagens sociais “lá<br />

fora” e que asseguravam nossa conformidade subjetiva com as “necessidades” objetivas da<br />

cultura, estão entrando <strong>em</strong> colapso, como resultado de mudanças estruturais e insitucionais.<br />

O próprio processo de identificação, através do qual nos projetamos <strong>em</strong> nossas identidades<br />

culturais, tornou-se mais provisório, variável e probl<strong>em</strong>ático (HALL, 2006, p. 12)<br />

Torna-se importante entender esse sujeito social para que possamos compreenender de forma<br />

ampla a produção cultural. O hibridismo e o acúmulo de conhecimento tornam a produção musical<br />

das bandas saudosista, fazendo com que este sujeito pós-moderno não se reconheça na produção<br />

das bandas e tornando esses grupamentos obsoletos – como reprodutores de uma cultura<br />

datada e conclusa, que atendia a fins culturais onde a mídia não era presente e o sentimento nacional<br />

era europeu e cartesiano. Pod<strong>em</strong>os verificar, como na publicação recente de Batista, algo do<br />

que se percebe no componente humano das bandas de música:<br />

No entanto, a banda de música é muito mais do que o público vê. Como o iceberg, ela exterioriza<br />

só pequena parcela do que realmente é, e somente qu<strong>em</strong> dela é integrante pode sentir<br />

e avaliar sua importância. A grande maioria das bandas é constituída por el<strong>em</strong>entos operários<br />

e só por isso já se pode aquilatar um pouco do sacrifício. Os músicos, quando se reún<strong>em</strong><br />

para os ensaios ou apresentações, quase s<strong>em</strong>pre o faz<strong>em</strong> após uma dura jornada de trabalho<br />

(BATISTA, 2010, p. 23)<br />

Esse tipo de narrativa social é importante e pode ser aplicado também às bandas militares,<br />

uma vez que os músicos das bandas militares também cumpr<strong>em</strong> serviços de outra natureza na instituição<br />

militar. A importância social das bandas de música é reconhecida pela literatura e por outros<br />

meios de produção, tendo sido cantada, por ex<strong>em</strong>plo, por Chico Buarque de Holanda na música<br />

“A Banda” e aparecendo <strong>em</strong> vários trechos da célebre odisséia literária brasileira “O T<strong>em</strong>po e<br />

o Vento” de Érico Veríssimo.<br />

Procuramos entender a importância deste patrimônio cultural, deste monumento impessoal<br />

e subjetivamente histórico, para o crescimento humano e suas manifestações sociais. O que nos intriga<br />

é pensar também na reflexão sobre o antigo e o novo, entre o saudosismo histórico, o romantismo<br />

musical dos historiadores e musicólogos, frente à dinâmica social da cont<strong>em</strong>porâneidade.<br />

A complexidade, segundo Morin, <strong>em</strong> conjunto com a identidade pós-moderna, consiste na<br />

incerteza no seio de sist<strong>em</strong>a ricamente organizados (MORIN, 2011, p. 35). Torna-se necessário<br />

entender esta sociedade complexa a partir do sujeito social e suas determinantes, tomando como<br />

Pôsteres 139

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!