Download - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
Download - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
Download - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Ressonâncias e R<strong>em</strong>iniscências da Musicologia e das<br />
“<strong>Música</strong>s” na Sociedade<br />
A GERAÇÃO PAGODE DE VIOLA:<br />
IMPORTÂNCIA E INFLUÊNCIAS DE UM GÊNERO<br />
HÍBRIDO NA MÚSICA VIOLEIRÍSTICA<br />
Denis Rilk Malaquias (<strong>UFG</strong>)<br />
denis.violao@hotmail.com<br />
Magda de Miranda Clímaco (<strong>UFG</strong>)<br />
magluiz@hotmail.com<br />
Palavras-chave: Pagode de viola; Tião Carreiro; Importância; Influências; Hibridação cultural.<br />
Esse trabalho t<strong>em</strong> como objeto de estudo o gênero musical pagode de viola de Tião Carreiro,<br />
abordado nas influências que exerceu no cenário da música caipira brasileira e nos processos de hibridação<br />
cultural dos quais é resultante. Importante l<strong>em</strong>brar que Canclini (2003, p. XIX) entende<br />
por hibridação “processos sócio-culturais nos quais estruturas ou práticas discretas, que existiam<br />
de forma separada, se combinam para gerar novas estruturas, objetos e práticas”.<br />
José Dias Nunes (o Tião Carreiro) nasceu <strong>em</strong> 1934, no norte de Minas Gerais. Em 1954<br />
conheceu na cidade de Pirajuí (SP) o seu principal parceiro de carreira: Antônio Henrique de Lima,<br />
o Pardinho, que cantava e tocava violão (PINTO, 2008, p. 35). Apesar de d<strong>em</strong>onstrar destreza<br />
na viola nos mais variados gêneros e estilos musicais, o grande mérito de sua carreira foi um experimento<br />
que acabou abrolhando um novo gênero musical. Segundo Nepomuceno (1999), essa<br />
novidade eclodiu <strong>em</strong> 1959 na rádio Cultura <strong>em</strong> Maringá, quando, mexendo e r<strong>em</strong>exendo na viola,<br />
Tião Carreiro percebeu que tocando outra base rítmica simultaneamente ao que já havia gravado,<br />
o cruzamento dos ritmos se encaixava muito b<strong>em</strong>. Dessa fusão de ritmos já existentes e dessa<br />
execução peculiar, acabou surgindo um novo gênero musical no universo da música caipira: o<br />
Pagode de viola.<br />
Gêneros que se hibridaram e deram orig<strong>em</strong> ao pagode<br />
Exist<strong>em</strong> controvérsias entre alguns autores no referente à nomenclatura e aos ritmos que<br />
originaram o pagode de viola. Segundo Nepomuceno (1999, p. 341) houve uma mistura do ritmo<br />
de coco com o ritmo do calango de roda. Tião Carreiro colocou o violão fazendo a batida do coco<br />
e a viola a batida do calango de roda, o que resultou um dos ritmos mais tradicionais da cultura<br />
sertaneja-raiz. Já o violeiro e pesquisador Ivan Vilela Pinto (2009, p. 95), observa que Tião<br />
Carreiro, “a partir da síntese de dois ritmos caipiras, o cururu e o recortado, criou uma nova batida,<br />
o pagode caipira”. Pinto (2008, p. 166), por sua vez, afirma que o pagode, surgido no final<br />
da década de 50, é resultante da combinação principalmente de matrizes como a catira e o recortado,<br />
nas batidas da viola e do violão. Sousa (2005, p. 151) adianta que o ritmo l<strong>em</strong>bra muito<br />
o recortado, a dança final do cateretê¹, quando a troca de bate-pé e de bate-mão atinge certo<br />
grau de complexidade. Garcia (2011) alega que no pagode-de-viola, enquanto a viola caipira<br />
realiza os ponteados, o violão trabalha um ritmo denominado cipó-preto, cuja rítmica é marcada<br />
pelo contrat<strong>em</strong>po.<br />
Em todo esse contexto, no entanto, o pagode caracteriza-se principalmente pela combinação<br />
polirrítmica entre uma complexa batida executada na viola e outra no violão. Por outro la-<br />
Comunicações Orais 39