Download - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
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MUSIKKORPS DA WEHRMACHT E A FUNÇÃO<br />
SOCIAL DA MÚSICA<br />
Leonel Batista Parente (<strong>UFG</strong>)<br />
parentelleo@gmail.com<br />
Palavras-chave: <strong>Música</strong> e Nazismo, <strong>Música</strong> e representação social, <strong>Música</strong> militar.<br />
INTRODUÇÃO<br />
Wehrmacht foi o conjunto das forças armadas al<strong>em</strong>ãs durante o Terceiro Reich, constituída<br />
pelo Exército (Heer), Força Aérea (Luftwaffe) Marinha de Guerra (Kriegsmarine) e Waffen SS;<br />
cujas tropas, apesar de não pertencer<strong>em</strong> propriamente à Wehrmacht, eram <strong>em</strong>pregadas para auxiliá-la<br />
<strong>em</strong> combate. Cada uma dessas forças possuía vários corpos de serviços e entre eles os corpos<br />
musicais (Musikkorps), que eram as bandas de música. Portanto, Musikkorps da Wehrmacht<br />
eram as bandas militares das forças armadas da Al<strong>em</strong>anha hitlerista.<br />
Um dos objetivos da música no contexto militar é cadenciar o deslocamento das tropas<br />
<strong>em</strong> marcha. Conforme Kappley (2003), essa prática provém do Império Otomano que tinha a tradição<br />
de utilizar corpos de músicos para acompanhar o efetivo militar, formados por instrumentos<br />
de palheta, trompetes e percussão. Na Europa esses corpos foram <strong>em</strong>pregados primeiramente<br />
pelas tropas polonesas, seguida pela Al<strong>em</strong>anha, Áustria, Rússia e França (FARMER, 1912).<br />
Segundo constatações de autores como Williamson (2003), Blood (2006) e Gieseck (2012), nota-se<br />
que, além da função de cadenciar a marcha dos soldados, os Musikkorps participavam de<br />
outras atividades segundo a solicitação da política vigente. Diante disso, o presente artigo atenta<br />
para a função da música usada por esses corpos musicais dentro da contextura social da<br />
Al<strong>em</strong>anha nazista.<br />
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA<br />
Para a leitura dessa prática a base teórica serão as categorias funcionais da música, listadas<br />
por Allan Merriam (1964), e a teoria das representações sociais, de Roger Chartier (1990).<br />
Merriam considera a música como um comportamento humano e parte funcional da cultura humana,<br />
refletindo a organização da sociedade <strong>em</strong> que se insere. Pela comparação de diversas sociedades<br />
Merriam buscou chegar às funções sociais da música encontráveis <strong>em</strong> diversas culturas.<br />
Assim, classifica as funções sociais da música <strong>em</strong> dez categorias: 1) função da expressão <strong>em</strong>ocional;<br />
2) função do prazer estético; 3) função de divertimento; 4) função de comunicação; 5) função<br />
de representação simbólica; 6) função de reação física; 7) função de impor conformidade às<br />
normas sociais; 8) função de validação de instituições sociais e dos rituais religiosos; 9) função de<br />
contribuição para a continuidade e estabilidade da cultura; 10) função de contribuição para a integração<br />
da sociedade.<br />
Ao estudo de Merriam associa-se a teoria das representações sociais de Roger Chartier, <strong>em</strong><br />
específico as representações de poder as quais, s<strong>em</strong>pre determinadas pelos interesses dos grupos<br />
que as forjam, identifica como uma determinada realidade social é construída <strong>em</strong> diferentes lugares<br />
e momentos, a partir de construtos coletivos ancorados <strong>em</strong> práticas diversas, como a artística<br />
e a festiva, por ex<strong>em</strong>plo. No caso do presente artigo, trata-se de representações de poder que abar-<br />
Comunicações Orais 43