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Download - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG

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sendo necessária, portanto, a manutenção da estrutura da música.” Ou seja, a transcrição guarda<br />

um compromisso maior de fidelidade com o original.<br />

Obviamente exist<strong>em</strong> pontos de vistas diferentes sobre a fidelidade ao transcrever. Como<br />

afirma o mesmo Bota,), <strong>em</strong> situações hipotéticas opostas, o transcritor pode procurar modos de<br />

fazer a transcrição soar da maneira mais próxima do original ou tratar o material musical de forma<br />

a se acreditar que esta foi concebida para aquele instrumento, ou ainda como solução, a conjunção<br />

das duas práticas.<br />

Profissionais consagrados atuantes, que praticam com certa freqüência a transcrição, não<br />

faz<strong>em</strong> distinção consistente entre arranjo e transcrição.<br />

O violonista argentino Eduardo Isaac 1 afirma que “é necessário um trabalho muito sério no<br />

arranjo de uma obra e que deve-se focar a atenção no estilo da música.” Nota-se que aqui o compositor<br />

<strong>em</strong>prega a palavra arranjo por transcrição indistintamente. E continua dizendo que é s<strong>em</strong>pre<br />

melhor executar o repertório original para o instrumento; mas não desconsidera a transcrição<br />

desde “que qu<strong>em</strong> transcreva conheça profundamente a linguag<strong>em</strong> e o idiomático do instrumento<br />

de forma a causar uma espécie de simbiose e não um virtuosismo puro e simples pelo fato do instrumentista<br />

ter uma habilidade técnica para isso.”<br />

Já o violonista brasileiro Paulo Porto Alegre 2 não acredita que se possa fazer uma boa<br />

transcrição s<strong>em</strong> fazer algum arranjo: “[...] acho que transcrição é uma outra visão que se t<strong>em</strong> da<br />

música; s<strong>em</strong>pre fui, como violonista, adepto de transcrições.”<br />

Quando lhe foi perguntado se uma transcrição t<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre a possibilidade de um arranjo,<br />

respondeu que “quando se t<strong>em</strong> uma coisa pontualmente impossível de ser executada no instrumento<br />

esta deve ser adaptada para que se tenha um efeito s<strong>em</strong>elhante. Então deve existir lógica<br />

e criatividade do transcritor para não fazer a coisa igual, é preciso criar uma situação diferente<br />

que proporcione aquele efeito.”<br />

Giacomo Bartoloni 3 , consagrado violonista, relata “que s<strong>em</strong>pre se pode fazer as duas. Há<br />

momentos que é necessário utilizar-se da linguag<strong>em</strong> idiomática e então entraria o arranjo, <strong>em</strong> outros,<br />

fazer uma simples transcrição no sentido de não alterar o original.” 4<br />

Sobre o questionamento de que possa vir a existir transcrição s<strong>em</strong> arranjo, o compositor<br />

Achille Picchi 5 posiciona-se da seguinte maneira:<br />

Eu não sei dizer se isso é possível, só sei dizer que o repertório musical de um grande instrumentista<br />

pode envolver o arranjo. Se o instrumentista é também compositor ele terá, <strong>em</strong> geral,<br />

maior impulso de retrabalhar o texto musical; senão certamente este impulso será menor<br />

e às vezes até desnecessário.<br />

O compositor Picchi concorda com Porto Alegre <strong>em</strong> relação ao fato de que <strong>em</strong> muitos momentos<br />

será necessário mudar acordes de posição, colocar notas para soar melhor <strong>em</strong> outras regiões<br />

do instrumento, mudar de situação no braço do instrumento para que o resultado musical seja<br />

s<strong>em</strong>elhante. Tudo isso envolve a transcrição, mas não necessariamente seria arranjo, porém adaptações<br />

para que a transcrição tenha eficiência.<br />

Do ponto de vista da transcrição orquestral reduzida para o piano, Picchi declara ser uma<br />

“transposição de idéias, ou no máximo uma transposição de todas as notas. Apesar de eficiente<br />

(quando exequível), não t<strong>em</strong> a idéia sonora, a continuidade do ponto de vista musical ou a coerência<br />

como teria uma transcrição ou um arranjo.”<br />

Fausto Borém, ao falar de transcrição, situa sua importância e funções nos diversos períodos<br />

históricos e relata que este t<strong>em</strong>a ainda não foi devidamente abordado na literatura musical<br />

brasileira. Afirma ainda que este estudo é importante para as áreas de performance, composição,<br />

musicologia e educação musical. (BOREM, 1998).<br />

O presente trabalho realiza uma transcrição para violão do Menuet I da Suíte Antique op.<br />

11(1894) de Alberto Nepomuceno (1864-1920) para piano, revelando alguns dos procedimentos<br />

de tratamento do material que permitam aproximar-se do compromisso de fidelidade com a<br />

obra original.<br />

Comunicações Orais 79

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