Download - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG
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O contorno melódico e a interação das partes individuais possibilita a percepção de uma<br />
melodia não escrita quando executada por um grupo instrumental homogêneo (trio de violões).<br />
Porém, quando executada por um grupo heterogêneo (flauta, trompete e violino), perceb<strong>em</strong>os as<br />
vozes individualmente, apesar dos cruzamentos entre estas. A Figura abaixo ilustra as três partes,<br />
com textura polifônica.<br />
Figura 3: Experimento composicional.<br />
Os ensaios e gravações deste pequeno trecho auxiliaram nos resultados parciais desta pesquisa,<br />
d<strong>em</strong>onstrando a necessidade do diálogo entre compositor e intérpretes, na busca de indicações<br />
na partitura que auxili<strong>em</strong> na geração de melodias resultantes. A importância da escolha da<br />
instrumentação e como estes timbres interag<strong>em</strong> na fusão entre as partes resultaram de experiências<br />
práticas baseadas <strong>em</strong> fundamentos teóricos.<br />
Considerações Finais<br />
Através desta experiência prática, observamos que os cruzamentos entre as vozes, realizados<br />
de maneira sist<strong>em</strong>ática, são fundamentais para a obtenção de melodias resultantes, porém, o<br />
timbre atua como fator determinante no resultado final, na percepção do contorno melódico.<br />
A interação com os intérpretes foi fundamental para a obtenção de resultados satisfatórios,<br />
o diálogo e ex<strong>em</strong>plificações dos procedimentos ajudaram nas gravações. A numeração das vozes<br />
possibilitou um des<strong>em</strong>penho consciente, possibilitando ao intérprete enfatizar determinadas notas,<br />
ajudando na percepção de melodias resultantes. Este exercício d<strong>em</strong>onstrou que o diálogo entre<br />
compositor e intérprete potencializou os resultados finais.<br />
notas<br />
1 Melodia resultante – De acordo com Sloboda (1995, p. 199-228), melodia resultante é referente ao efeito que resulta de<br />
melodias que, devido a suas características morfológicas, e o tipo de interação que t<strong>em</strong> com as outras melodias, gera linhas<br />
melódicas que não estavam escritas, obscurecendo a audição das melodias realmente escritas.<br />
2 A teoria da Gestalt explica como agrupamos e perceb<strong>em</strong>os objetos visuais, e <strong>em</strong> seu livro, Sloboda recorre frequent<strong>em</strong>ente<br />
a analogias entre som e imag<strong>em</strong>.<br />
REFERÊNCIAS<br />
BERNARD, Jonathan W. Inaudible Structures, Audible Music: Ligeti’s Probl<strong>em</strong>, and His Solution. Music<br />
Analysis. Vol. 3, No. 6, p. 207-236, 1987.<br />
FALCÓN, Jorge. Quatro Critérios para a Análise Musical Baseada na Percepção Auditiva. Dissertação de<br />
<strong>Mestrado</strong>. Universidade Federal do Paraná, Departamento de <strong>Artes</strong>, 2011.<br />
SLOBODA, John A. A Mente Musical – A Psicologia Cognitiva da <strong>Música</strong>. Traduzido por Beatriz Ilari e Rodolfo<br />
Ilari. Londrina: EDUEL, 2008.<br />
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