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Download - Mestrado em Música e Artes Cênicas - UFG

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Segundo a pesquisadora Theresa Lie-N<strong>em</strong>eth (2006), o diagnóstico da distonia focal é clínico,<br />

baseado na história e na observação da prática musical do instrumentista. A autora ainda<br />

cita o trabalho de Steven Frucht que <strong>em</strong> parceria com outros autores estudou a distonia focal na<br />

<strong>em</strong>bocadura <strong>em</strong> 26 profissionais de metal e sopro (FRUCHT apud LIE-NEMETH, 2001). Neste estudo,<br />

Frucht e seus colegas descobriram que os padrões de movimentos anormais incluíram tr<strong>em</strong>or<br />

na <strong>em</strong>bocadura, movimentos labiais involuntários e fechamento da mandíbula. Além disso, faixa<br />

de idade dos quadros distônicos diagnosticados e estudados d<strong>em</strong>onstram que instrumentistas entre<br />

30-40 anos de idade, quando já possu<strong>em</strong> técnica e sonoridade praticamente formadas, são os<br />

mais afetados (WATSON, 2009).<br />

Sintomas de DF<br />

Muitos são os casos de instrumentistas que têm apresentado probl<strong>em</strong>as de saúde relacionados<br />

à performance musical. Já <strong>em</strong> 2000 os pesquisadores Edson Andrade e João Fonseca já<br />

alertavam para os probl<strong>em</strong>as causados pelo descuido ou a falta de conhecimento do instrumentista.<br />

Muitas carreiras, segundo os autores, acham-se limitadas por probl<strong>em</strong>as oriundos do exercício<br />

da profissão (ANDRADE E FONSECA, 2000). Os sintomas ocasionalmente se espalham para outras<br />

áreas orais. Exames físicos e neurológicos são necessários e detectam a perda gradual da coordenação<br />

de um determinado movimento (LLOBET, 2002, p. 31).<br />

Dez anos mais tarde, o pesquisador Ricardo Garcia retoma a questão focando nas causas<br />

e consequências da DF <strong>em</strong> instrumentistas de metais (GARCIA, 2010). O trabalho deste pesquisador<br />

apresenta o conceito de Distonia, suas principais causas e sintomas relacionados com a prática<br />

de instrumental e elenca possíveis caminhos de prevenção com base <strong>em</strong> uma breve revisão da<br />

literatura disponível sobre o t<strong>em</strong>a. Garcia ainda d<strong>em</strong>onstra que a prevenção contra este distúrbio é<br />

necessária nos dias de hoje quando as performance acontec<strong>em</strong> <strong>em</strong> situações cada vez mais diferenciadas<br />

e com exigências técnicas e cobrança social altíssimas. A principal conclusão que o autor<br />

chega é que a Distonia Focal do Músico é uma desord<strong>em</strong> do movimento que compromete a dimensão<br />

física do fazer musical e pode levar instrumentistas a interromper suas carreiras e até mesmo<br />

encerrá-las. A prevenção é possível, necessária no contexto atual da performance e acessível aos<br />

músicos, porém, a informação precisa ser melhor divulgada.<br />

Em relação à distonia focal na <strong>em</strong>bocadura dos instrumentistas do naipe de metal, alguns<br />

sintomas são singulares como o descontrole na movimentação muscular, tr<strong>em</strong>ores na região da<br />

<strong>em</strong>bocadura, perda da vibração labial, perda da conexão entre sons <strong>em</strong> legato, tensão excessiva<br />

na articulação provocando uma sensação de que a língua está “travando”, perdas de ar através de<br />

aberturas nos lábios e tensão facial evidente (ALTENMÜLLER and JABUSCH, 2010).<br />

A Distonia Focal do músico possui difícil identificação sintomática por se apresentar de maneira<br />

pouco perceptiva inicialmente. Seus primeiros e principais sintomas surg<strong>em</strong> como pequenas<br />

“falhas” na execução de trechos musicais já dominados, manifestando-se usualmente de forma<br />

gradual e s<strong>em</strong> dor (ALTENMULLER and JABUSCH, 2010). Aos poucos estas características tend<strong>em</strong><br />

a piorar, devido ao fato de que o performer adota uma compreensão equivocada de que há<br />

um descontrole técnico e, portanto se mostra necessário estudar mais e mais vezes aquela determinada<br />

passag<strong>em</strong>. Tal pensamento reforça o descontrole provocando a solidificação sensória motora<br />

do distúrbio, o que leva ao agravamento do probl<strong>em</strong>a <strong>em</strong> contraposição à resolução de uma<br />

falha técnica. Ainda segundo os mesmos autores, os estudos e quadros distônicos diagnosticados<br />

apontam que a faixa de idade que se situa normalmente o maior número de ocorrência destes distúrbios<br />

está entre 30-40 anos de idade, idade onde os músicos já <strong>em</strong> meio de carreira já possu<strong>em</strong><br />

técnica e sonoridade praticamente formadas.<br />

O diagnóstico da distonia focal é clínico, baseado na história e na observação da prática<br />

musical do instrumentista (LIE-NIMETH, 2006). A manifestação isolada de sintomas não determina<br />

que se esteja afetado pela Distonia Focal. Apenas manifestações conjuntas de diversos sintomas<br />

<strong>em</strong>basados no diagnóstico de especialistas sobre o assunto pod<strong>em</strong> caracterizar um quadro<br />

de Distonia Focal do Músico.<br />

156<br />

Anais do XII S<strong>em</strong>p<strong>em</strong>

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