Histologia Básica, Texto e Atlas - 12ª Edição - Junqueira & Carneiro
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<strong>Histologia</strong> <strong>Básica</strong><br />
""' Introdução<br />
O tecido adiposo é um tipo especial de conjuntivo no<br />
qual se observa predominância de células adiposas (adipócitos).<br />
Essas células podem ser encontradas isoladas ou<br />
em pequenos grupos no tecido conjuntivo frouxo, porém<br />
a maioria delas forma grandes agregados, constituindo o<br />
tecido adiposo distribuído pelo corpo. Em pessoas de peso<br />
normal, o tecido adiposo representa de 20 a 2S% do peso<br />
corporal na mulher e de IS a 20% no homem.<br />
O tecido adiposo é o maior depósito corporal de energia,<br />
sob a forma de triglicerídios. As células hepáticas e o<br />
músculo esquelético também acumulam energia, mas sob a<br />
forma de glicogênio. Como os depósitos de glicogênio são<br />
menores, os grandes depósitos de triglíceridios do tecido<br />
adiposo são as principais reservas de energia do organismo.<br />
Os triglícerídios são mais eficientes como reserva energética<br />
porque fornecem 9,3 kcal/g contra apenas 4,I kcal/g<br />
fornecidas pelo glicogênio. Os triglicerldios do tecido adiposo<br />
não são depósitos estáveis, porém se renovam continuamente,<br />
e o tecido é muito influenciado por estímulos<br />
nervosos e hormonais. Além do papel energético, o tecido<br />
adiposo tem outras funções. Localizado sob a pele, modela<br />
a superfície, sendo em parte responsável pelas diferenças de<br />
contorno entre os corpos da mulher e do homem. Forma<br />
também coxins absorventes de choques, principalmente na<br />
planta dos pés e na palma das mãos. Como as gorduras são<br />
más condutoras de calor, o tecido adiposo contribui para<br />
o isolamento térmico do organismo. Além disso, preenche<br />
espaços entre outros tecidos e auxilia a manter determinados<br />
órgãos em suas posições normais. O tecido adiposo tem<br />
também atividade secretora, sintetizando diversos tipos de<br />
moléculas.<br />
Há duas variedades de tecido adiposo, que apresentam<br />
distribuição no corpo, na estrutura, na fisiologia e em<br />
patologia diferentes. Uma variedade é o tecido adiposo<br />
comum, amarelo ou unilocular, cujas células, quando<br />
completamente desenvolvidas, contêm apenas uma gotícula<br />
de gordura que ocupa quase todo o citoplasma, e a outra<br />
é o tecido adiposo pardo, ou multilocular, formado por<br />
células que contêm numerosas gotículas lipídicas e muitas<br />
mitocôndrias.<br />
""' Tecido adiposo unilocular<br />
A cor do tecido unilocular varia entre o branco e o<br />
amarelo-escuro, dependendo da dieta. Essa coloração<br />
deve-se principalmente ao acúmulo de carotenos dissolvidos<br />
nas gotículas de gordura. Praticamente todo o tecido<br />
adiposo encontrado em humanos adultos é do tipo unilocular<br />
(Figura 6.I); seu acúmulo em determinados locais é<br />
influenciado pelo sexo e pela idade do individuo.<br />
Esse tecido forma o panículo adiposo, camada disposta<br />
sob a pele, e que é de espessura uniforme por todo o corpo<br />
do recém-nascido. Com a idade, o panículo adiposo tende<br />
a desaparecer de certas áreas, desenvolvendo-se em outras.<br />
Essa deposição seletiva de gorduras é regulada, principal-<br />
•<br />
1 •<br />
Figura 6. 1 Fotomiaografia de teódo adiposo unioadar. As seras finos indicam fibroblastos<br />
do teódo conjuntivo de sustenta(âo. As seras espessas apontam vasos sanguineos.<br />
A. Célula adiposa. (Coloração pela hematoxilina. Médio aumento.)<br />
mente, pelos hormônios sexuais e pelos hormônios produzidos<br />
pela camada cortical da glândula adrenal.<br />
As células adiposas uniloculares são grandes, medindo<br />
em geral SO a ISO µ.m de diâmetro. Quando isoladas, essas<br />
células são esféricas, tornando-se poliédricas no tecido<br />
adiposo pela compressão recíproca. A gotícula lipídica é<br />
removida pelos solventes orgânicos, utilizados na técnica<br />
histológica. Por isso, nos cortes histológicos comuns, cada<br />
célula mostra apenas uma delgada camada de citoplasma,<br />
como se fosse um anel, em torno do espaço deixado pela<br />
gotícula lipídica removida (Figura 6.2). A demonstração<br />
dos lipídios pode ser feita nos cortes histológicos obtidos<br />
por congelação, sem a passagem dos tecidos nos solventes<br />
de lipídios, e corados com sudan III (alaranjado) ou sudan<br />
black. Nos preparados histológicos comuns, as finas cama·<br />
das de citoplasma restantes após a remoção dos triglicerídios<br />
frequentemente se rompem, distorcendo a estrutura<br />
do tecido. O microscópio eletrônico mostrou que, além da<br />
gotícula lipídica principal, existem outras muito menores.<br />
Todas essas gotículas, independentemente do tamanho,<br />
são desprovidas de membrana envolvente. Cada célula<br />
adiposa é envolvida por uma lâmina basal, e sua membrana<br />
plasmática mostra numerosas vesículas de pinocitose.<br />
O tecido unilocular apresenta septos de conjuntivo,<br />
que contêm vasos e nervos. Desses septos partem fibras<br />
reticulares ( colágeno III) que sustentam as células adipo·<br />
sas.<br />
A vascularização do tecido adiposo é muito abundante<br />
quando se considera a pequena quantidade de citoplasma<br />
funcionante. A relação volume de capilar sanguíneo/volume<br />
de citoplasma é maior no tecido adiposo do que no músculo<br />
estriado, por exemplo.<br />
A remoção dos Lipídios, nos casos de necessidade energética,<br />
não se faz por igual em todos os locais. Primeiro, são<br />
mobilizados os depósitos subcutâneos, os do mesentério e<br />
os retroperitoneais, enquanto o tecido adiposo localizado<br />
nos coxins das mãos e dos pés resiste a longos períodos de<br />
desnutrição.<br />
A