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Histologia Básica, Texto e Atlas - 12ª Edição - Junqueira & Carneiro

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<strong>Histologia</strong> <strong>Básica</strong><br />

•o <strong>Histologia</strong> aplicada<br />

•<br />

Plasticidade do tecido ósseo alveolar<br />

A posição dos dentes na arcada dentária pode ser modificada por pressões<br />

laterais exercidas por aparelhos ortodônticos. Ocorrem reabsorção óssea no lado<br />

em que a pressão da raiz do dente atua sobre o osso alveolar e neofonnação<br />

óssea no lado oposto, que está sujeito a uma tração por meio do ligamento<br />

periodontal (ver Cap~ulo 15). Desse modo, o dente é deslocado na arcada dentária,<br />

à medida que o osso alveolar é remodelado. Este é um exemplo da plasticidade<br />

do teódo ósseo, apesar das caracteristicas de rigidez desse teódo.<br />

Outro exemplo são as fraturas nos ossos longos de cria~as. Quando os<br />

dois pedaços do osso não são ajustados perfeitamente, o defeito é corrigido<br />

durante o crescimento da criança. pela remodelação do tecido ósseo com<br />

neoformação e reabsorção coordenadas de tal modo que a forma do osso é<br />

reconstituída com sucesso.<br />

Consolidação das fraturas<br />

Nos locais de fratura óssea, ocorre hemorragia, pela lesão dos vasos<br />

sanguíneos, destruição de matriz e morte de células ósseas.<br />

Para que a reparação se inicie, o coágulo sanguíneo e os restos celulares<br />

e da matriz devem ser removidos pelos macrófagos. O periósteo e o<br />

endósteo próximos à área fraturada respondem com intensa proliferação,<br />

formando um tecido muito rico em células osteoprogenitoras que constitui<br />

um colar em torno da fratura e penetra entre as e.xtremidades ósseas rompidas<br />

(Figura 810A e 8). Nesse anel ou colar conjuntivo. bem como no conjuntivo<br />

que se localiza entre as extremidades ósseas fraturadas, surge tecido<br />

ósseo primário ou imaturo, tanto pela ossificação endocondral de pequenos<br />

pedaços de cartilagem que aí se formam, como também por ossificação intramembranosa.<br />

Podem, pois, ser encontradas no lool de reparação, ao mesmo<br />

tempo, áreas de cartilagem, áreas de ossificação intramembranosa e áreas<br />

de ossificação endocondral. Esse processo evolui de modo a aparecer, após<br />

algum tempo, um calo ósseo que envolvf a extremidade dos ossos fraturados.<br />

O calo ósseo é constituído por tecido ósseo imaturo que une provisoriamente<br />

as extremidades do osso fraturado (Figura 8.20C).<br />

As trações e pressões exercidas sobre o osso durante a reparação da fratura, e<br />

após o retomo do paciente a suas atividades nonnais, causam a remodelação do<br />

calo ósseo e sua completa substituição por tecido ósseo secundário ou lamelar<br />

(Figura 8.200). Se essas trações e pressões forem idênticas às exercidas sobre o<br />

osso antes da fratura, a estrutura do osso voltará a ser a mesma que existia anteriormente.<br />

Ao contrário dos outros tecidos conjuntivos, o tecido ósseo, apesar de<br />

ser rígido, consolida-se sem a fonnação de cicatriz.<br />

9 Para saber mais<br />

•<br />

Papel metabólico do tecido ósseo<br />

O esqueleto contém 99% do cálcio do organismo e funciona como uma<br />

reserva desse íon, cuja concentração no sangue (calce mia) deve ser mantida<br />

constante, para o funcionamento nonnal do organismo.<br />

Há um intercãmbio contínuo entre o cálcio do plasma sanguíneo e o dos<br />

ossos. O<br />

cálcio absorvido da alimentação e que faria aumentar a concentração<br />

sanguínea desse ion é depositado rapidamente no tecido ósseo, e, inversamente,<br />

o cálcio dos ossos é mobilizado quando sua concentração diminui no<br />

sangue.<br />

Existem dois mecanismos de mobilização do cálcio depositado nos ossos. O<br />

primeiro é a simples transferência dos íons dos cristais de hidroxiapatita para o<br />

líquido intersticial, do qual o cálcio passa para o sangue. Esse mecanismo, puramente<br />

físico, é favorecido pela grande superficíe dos cristais de hidroxiapatita<br />

e ocorre principalmente no osso esponjoso. As lamelas ósseas mais jovens<br />

pouco calcificadas, que existem mesmo no osso adulto, devido à remodelação<br />

contínua, são as que recebem e cedem Ca 1 ' com maior facllídade. Essas lamelas<br />

são mais importantes na manutenção da calcem ia do que as lamelas antigas,<br />

muito calcificadas e cujos papéis principais são de suporte e proteção.<br />

O segundo mecanismo da mobilização do cálcio é de ação mais lenta<br />

e se deve a ação do hormônio da paratireoide, ou paratormônio, sobre o<br />

tecido ósseo. Este hormônio causa um aumento no número de osteodastos<br />

e reabsorção da matriz óssea, com liberação de fosfato de cálcio e aumento<br />

da calcemia. A concentração de (P0,) 1 - não aumenta no sangue, porque o<br />

próprio paratormônio acelera a excreção renal de íons losfato. O paratormônio<br />

atua sobre receptores localizados nos osteoblastos. Em resposta a esse sinal,<br />

os osteoblastos deixam de sintetiLH colágeno e iniciam a secreção do fator<br />

estimulador dos osteodastos.<br />

Outro hormônio, a calcítonina, produzido pelas células parafoliculares<br />

da tireoide, inibe a reabsorção da matriz e, portanto, a mobilização do cálcio.<br />

A calcitonina tem um efeito inibidor sobre os osteoclastos.<br />

1 0<br />

<strong>Histologia</strong> aplicada<br />

Importância do cálcio na alimentação<br />

Como a concentração de cálcio no sangue e nos tecidos deve ser mantida<br />

constante, a carência alimentar deste mineral causa descalcificação dos<br />

ossos, que se tornam mais transparentes aos raios X e predispostos a fraturas.<br />

A descalcificação óssea pode também ser devida a uma produção excessiva<br />

de paratormônio (hlperparatireoldismo), o que provoca intensa reabsorção<br />

óssea, aumento de Ca 1 ' e (P0,) 1 " no sangue, bem como deposição anormal<br />

de sais de cálcio em vários órgãos, principalmente nos rins e na parede das<br />

artérias.<br />

O oposto ocorre na osteopetrose, doença causada por defeito nas funções<br />

dos osteodastos, com superprodução de tecido ósseo muito compactado e<br />

rígido. A osteopetrose causa obliteração das cavidades que contêm medula<br />

óssea formadora de células do sangue, resultando em anemia e deficiência<br />

em leucócitos (glóbulos brancos), o que reduz a resistência dos pacientes às<br />

infecções.<br />

Efeitos de deficiências nutricionais<br />

O tecido ósseo é sensível a diversos fatores nutricionais, principalmente<br />

durante a fase de crescimento.<br />

A deficiência de cálcio leva a uma calcificação Incompleta da matriz<br />

orgânica produzida. A deficiência de cálcio pode decorrer da carência<br />

desse mineral nos alimentos ou da falta do pró-hormônio vitamina D,<br />

que é importante para a absorção dos ions Ca 1 ' e (PO,)l- pelo intestino<br />

delgado.<br />

Na criança, a deficiência de cálcio causa o raquitismo. Nesta doença a<br />

matriz óssea não se calcifica normalmente, de modo que as espículas ósseas<br />

formadas pelo disco epifisário se deformam, por não suportarem as pressões<br />

nonnais exercidas sobre elas pelo peso corporal e pela ação muscular. Em<br />

consequência, os ossos não crescem nonnalmente e as extremidades dos<br />

ossos longos se deformam.<br />

{continuo)

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