Histologia Básica, Texto e Atlas - 12ª Edição - Junqueira & Carneiro
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Hístología Básíca<br />
• Células apresentadoras de antígenos<br />
As células apresentadoras de antígenos ou APC (antigen<br />
presenting cell.s) são encontradas na maioria dos órgãos.<br />
Derivam da medula óssea e constituem uma população<br />
heterogênea que inclui células dendríticas, macrófagos,<br />
células de Langerhans da epiderme e linfócitos B. Por meio<br />
do mecanismo denominado processamento de antígenos,<br />
essas células digerem parcialmente as proteínas, transformando-as<br />
em pequenos peptídios que são ligados às moléculas<br />
MHC (as moléculas MHC serão explicadas adiante, na<br />
Figura 14.7 e na seção Transplante de órgãos). A expressão<br />
de MHC do tipo II caracte.riza as APC. O processamento<br />
do antígeno é essencial para a ativação dos linfócitos T,<br />
pois essas células não reconhecem as moléculas antigênicas<br />
nativas (não proce.ssadas). As células T só reconhecem antígenos<br />
quando associados a moléculas MHC II, enquanto as<br />
células B reconhecem as moléculas antigênicas (proteínas,<br />
pequenos peptfdios, lipídios, polissacarídios e moléculas<br />
menores) diretamente, sem necessidade de qualquer tratamento<br />
prévio.<br />
As células apresentadoras de antígenos introduzem no<br />
citoplasma proteínas exógenas e digerem essas proteínas<br />
parcialmente nos endossomos e lisossomos. Os pequenos<br />
peptídios resultantes, com 10 a 30 aminoácidos, formam<br />
complexos com o MHC classe li. Proteínas derivadas de<br />
patógenos (vírus, determinadas bactérias e certos protowários)<br />
que vivem no interior da célula infectada são digeridas<br />
por agregados multicatalfticos de proteases (proteossomos)<br />
até formarem peptídios com 8 a 11 aminoácidos, que são<br />
introduzidos nas cisternas do retículo endoplasmático granuloso,<br />
onde se ligam às moléculas MHC I. Tanto os complexos<br />
com as moléculas MHC I como os que se formam<br />
com MHC II são transportados para a superficie celular,<br />
onde são "examinados" pelos linfócitos T. As células T<br />
CD4+ interagem com complexos de peptídios com MHC<br />
II, enquanto as células T CDS+ interagem com os peptídios<br />
ligados às moléculas de MHC I. As moléculas CD4 e CDS<br />
localizadas na superficie de certos linfócitos T são utilizadas<br />
para identificar esses subtipos de linfócitos.<br />
• Células dendríticas<br />
As células dendríticas se originam de células precursoras<br />
provenientes da medula óssea (possivelmente dos monócitos).<br />
As células dendríticas são encontradas em muitos<br />
órgãos. Nos órgãos linfáticos são numerosas nos locais<br />
ricos em linfócitos T. As células dendríticas da pele receberam<br />
o nome de células de Langerhans. São consideradas<br />
células imunoestimuladoras, pois, além de apresentarem os<br />
antígenos às células T, elas são capazes de estimular células<br />
T que ainda não entraram em contato com nenhum antígeno<br />
(nai've T cells). Outras células apresentadoras de antígenos,<br />
como os macrófagos, por exemplo, aparentemente<br />
são incapazes de estimular células T nai've.<br />
Células dendrlticas imaturas são levadas pelo sangue<br />
para muitos órgãos não linfáticos, onde se alojam. Essas<br />
células dendrfticas imaturas se caracterizam por sua grande<br />
capacidade de capturar e processar antígenos, porém têm<br />
pequena capacidade para estimular células T. A inflamação<br />
induz a maturação das células dendríticas que, então,<br />
migram pelo sangue ou pela linfa, indo para os órgãos linfáticos<br />
periféricos, onde se localizam nas áreas ricas em células<br />
T. Nesse estágio, elas perdem a capacidade de capturar<br />
antígenos, mas se tornam muito eficientes na capacidade<br />
de ativar células T. Graças à sua migração, as células dendríticas<br />
podem apresentar aos linfócitos T, situados mais<br />
profundamente no organismo, antígenos que foram capturados<br />
na superficie do corpo. A capacidade das células dendríticas<br />
de serem atraídas para os locais de inflamação ou<br />
de penetração de antígenos, e de migrarem para os órgãos<br />
linfáticos, é uma função importante dessas células. Por<br />
exemplo, antígenos que penetrem a pele, uma ocorrência<br />
frequente devido ao contato da pele com o meio externo,<br />
são captados por células de Langerhans e transportados, via<br />
vasos linfáticos, para o linfonodo satélite da região, onde se<br />
inicia uma resposta imune contra o antígeno. Em outros<br />
órgãos, células dendríticas podem captar antígenos e leválos<br />
até o baço, pela circulação sanguínea.<br />
Nos centros germinativos dos linfonodos, baço e outros<br />
órgãos linfáticos, existem as células foliculares dendrítícas,<br />
que têm morfologia semelhante à das verdadeiras células<br />
dendríticas, mas são funcionalmente diferentes. As células<br />
foliculares dendríticas não derivam da medula óssea<br />
e não são capazes de incorporar antígenos por endocitose,<br />
não participando do processamento de antígenos. Assim,<br />
elas não funcionam como células apresentadoras de antígenos.<br />
Todavia, as células foliculares dendríticas são eficientes<br />
na captação do complexo antígeno-anticorpo e de fatores<br />
do complemento, retendo antígenos em sua superficie por<br />
longos períodos de tempo, onde os antígenos são reconhecidos<br />
por linfócitos B.<br />
• Complexos de histocompatibilidade<br />
O sistema imunitário distingue as moléculas próprias do<br />
organismo das moléculas estranhas, pela presença do complexo<br />
MHC (major histocompatibility complex) na superfície<br />
das células próprias do organismo. O complexo MHC<br />
também é conhecido como HLA (human leukocyte antigen),<br />
porque foi descoberto nos leucócitos do sangue. De<br />
acordo com as moléculas que os constituem, distinguem-se<br />
duas classes de MHC: o MHC 1 é encontrado em todas as<br />
células, enquanto o MHC II é de distribuição mais restrita,<br />
sendo encontrado nas células apresentadoras de antígenos<br />
como os macrófagos, linfócitos B, células dendríticas e<br />
células de Langerhans da epiderme. As moléculas do MHC<br />
II constituem um sistema intracelular para colocar o complexo<br />
MHC II + pcptídio na membrana das células apresentadoras<br />
de antígenos, onde eles são "inspecionados" por<br />
linfócitos T. Os MHC têm uma estrutura que é única para<br />
cada pessoa, e esse é o principal motivo pelo qual enxertos<br />
e transplantes de órgãos são rejeitados, exceto quando feitos<br />
entre gêmeos univitelinos (gêmeos idênticos), que têm<br />
constituição molecular e MHC idênticos.<br />
As proteínas MHC I e MHC II, da mesma maneira que<br />
as outras proteínas integrais da membrana, são sintetizadas<br />
em polirribossomos e introduzidas nas cisternas do retí-