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Histologia Básica, Texto e Atlas - 12ª Edição - Junqueira & Carneiro

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<strong>Histologia</strong> <strong>Básica</strong><br />

.,.. Introdução<br />

<strong>Histologia</strong> é o estudo das células e dos tecidos do corpo<br />

e de como essas estruturas se organizam para constituir<br />

os órgãos. Em razão das pequenas dimensões das células,<br />

seu estudo é realizado com auxílio de microscópios. Neste<br />

capítulo esses instrumentos serão apresentados, e algumas<br />

maneiras usadas para preparar as células, os tecidos<br />

e órgãos para análise microscópica serão abordadas. Além<br />

disso, serão descritas algumas das metodologias mais uti·<br />

lizadas para investigar a função e o metabolismo dessas<br />

estruturas.<br />

.,.. Preparação de espécimes<br />

. , .<br />

para exame m1croscop1co<br />

A pequena dimensão das células e dos componentes da<br />

matriz extracelular (MEC) contida entre as células faz com<br />

que a histologia dependa do uso de microscópios. Pesquisas<br />

em química, fisiologia, imunologia e patologia são ftu1damentais<br />

para um conhecimento adequado da biologia das<br />

células, dos tecidos e órgãos e de como seus vários componentes<br />

interagem na saúde e na doença. Conhecer as ferramentas<br />

e os métodos de investigação também é essencial<br />

para a compreensão adequada da estrutura e do funcionamento<br />

das células, dos tecidos e órgãos.<br />

O procedimento mais usado no estudo de tecidos ao<br />

microscópio de luz consiste na preparação de cortes his·<br />

tológicos. No microscópio de luz (também chamado de<br />

microscópio óptico ou fotônico) a imagem se forma a partir<br />

dos raios luminosos de um feixe de luz que atravessou<br />

uma estrutura. Células vivas, camadas muito delgadas de<br />

células ou de tecidos, membranas transparentes de animais<br />

vivos (p. ex., o mesentério, a cauda de um girino, a parede<br />

de uma bolsa existente na bochecha de hamsters) podem<br />

ser observadas diretamente ao microscópio. Dessa maneira,<br />

é possível estudar essas estruturas por longos períodos sob<br />

diferentes condições fisiológicas ou experimentais. Em<br />

contrapartida, na maioria dos casos os tecidos e órgãos são<br />

espessos e não possibilitam a passagem adequada da luz<br />

para a formação de uma imagem. Por essa razão, antes de<br />

serem examinados ao microscópio eles devem ser fatiados<br />

em secções ou cortes histológicos muito delgados que são<br />

colocados sobre lâminas de vidro. Os cortes são obtidos por<br />

meio de instrumentos de grande precisão chamados micrótomos,<br />

mas antes os tecidos e órgãos necessitam passar por<br />

uma série de tratan1entos que serão descritos a seguir.<br />

• Fixação<br />

Logo após sua remoção do corpo, células ou fragmentos<br />

de tecidos e órgãos devem ser submetidos a wn processo<br />

chamado fixação, que tem várias finalidades: evitar<br />

a digestão dos tecidos por enzimas existentes nas próprias<br />

células (autólise) ou em bactérias; endurecer os fragmentos;<br />

preservar em grande parte a estrutura e a composição<br />

molecular dos tecidos. A fixação pode ser feita por métodos<br />

químicos ou, menos frequentemente, por métodos fisicos<br />

(ver mais adiante). Na fixação química os tecidos são imersos<br />

em soluções de agentes desnaturantes ou de agentes que<br />

estabilizam as moléculas ao formar pontes com moléculas<br />

adjacentes. Essas soluções são chamadas de fixadores.<br />

Como demora algum tempo para que o fixador se difunda<br />

de maneira rápida e completa pelo interior dos fragmentos,<br />

um grande fragmento deve ser cortado em outros<br />

menores antes de ser imerso no fixador. Dessa maneira,<br />

torna-se mais fácil a penetração do fixador no fragmento e<br />

garante-se melhor preservação da sua estrutura. De modo<br />

alternativo, pode ser utilizada a perfusão intravascular do<br />

fixador, o qual, então, alcança o interior dos tecidos rapidamente<br />

pelos vasos sanguíneos, resultando em uma fixação<br />

melhor.<br />

Um dos fixadores mais usados para microscopia de luz<br />

é uma solução de formaldeído a 4%; outro fixador bastante<br />

utilizado é o glutaraJdeído. Em virtude da alta resolução<br />

oferecida pelo microscópio eletrônico, é necessário um<br />

cuidado muito maior na fixação para mais bem preservar<br />

detalhes da ultraestrutura das células e da matriz. Para<br />

essa finalidade uma fixação dupla, usando uma solução de<br />

glutaraldeído t<strong>amp</strong>onado, seguida por uma segunda fixação<br />

em tetróxido de ósmio, que preserva e fornece contraste aos<br />

lipídios e proteínas, tornou-se o procedimento padrão para<br />

estudos ultraestruturais.<br />

9 Para saber mais<br />

•<br />

Química da fixação histológica<br />

A fixação química é um processo complexo e não muito bem elucidado.<br />

Formaldeído e glutaraldeído são conhecidos por reagir com os<br />

grupos amina (NH 1 ) das proteínas. No caso do glutaraldeído, a sua ação<br />

fixadora é reforçada pelo fato de ser um dialdeído que promove a formação<br />

mais eficiente de ligações cruzadas entre proteínas das células e<br />

da matriz extracelular.<br />

• Inclusão<br />

Para obter secções delgadas com o micrótomo os fragmentos<br />

de tecidos e órgãos devem, após a fixação, ser infiltrados<br />

com substâncias que lhes proporcionem uma consistência<br />

rígida. As substâncias mais utilizadas para esse fim<br />

são a parafina e algumas resinas de plástico. A parafina é<br />

habitualmente utilizada para microscopia de luz, e as resinas,<br />

para microscopia de luz e eletrônica.<br />

O processo de impregnar os tecidos com parafina é chamado<br />

inclusão ou embebição em parafina e geralmente é<br />

precedido por duas etapas: desidratação e clar eamento. A<br />

água contida nos tecidos é inicialmente extraída pela passagem<br />

dos fragmentos por diversos banhos de soluções de<br />

concentrações crescentes de etanol (normalmente desde<br />

etanol 70% em água até etanol 100%). Após a desidratação,<br />

o etanol dos fragmentos deve ser substitlúdo por uma<br />

substância intermediária (geralmente um solvente orgânico)<br />

que é miscível tanto em etanol como no meio que foi<br />

escolhido para inclusão (parafina ou resina). Para a inclu-

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