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Histologia Básica, Texto e Atlas - 12ª Edição - Junqueira & Carneiro

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2 1 Introdução ao Estudo das Células. Citoplasma<br />

organelas ou porções de citoplasma são envolvidas por<br />

membrana do retículo endoplasmático liso. Lisossomos pri •<br />

mários fundem-se com essas estruturas e digerem o material<br />

nelas contido. Forma-se assim um lisossomo secundário<br />

que recebe o nome de autofagossomo (Figura 2.28).<br />

A digestão intracitoplasmática em autofagossomos está<br />

aumentada nas células em atrofia (como as células prostáticas<br />

de animais castrados) e nas células glandulares que<br />

acmnularam excesso de grânulos de secreção.<br />

Em certos casos, os lisossomos são eliminados da célula<br />

e suas enzimas agem sobre o meio extracelular. Um exemplo<br />

é a destruição da matriz do tecido ósseo pela colagenase<br />

armazenada em lisossomos e secretada pelos osteoclastos<br />

durante o crescimento dos ossos (Capítulo 8).<br />

4' 0<br />

<strong>Histologia</strong> aplicada<br />

Os lisossomos desempenham um papel importante na metabolização<br />

de diversas moléculas, e já foram descritas diversas doenças<br />

humanas decorrentes de deficiências enzimáticas dos lisossomos. Uma<br />

delas, por exemplo, é a leucodistrofia metacromática, em que se observa<br />

acúmulo intracelular de cerebrosídeos sulfatados devido a uma deficiência<br />

na enzima sulfatase, normalmente observada nos lisossomos. Na<br />

maioria das doenças lisossomais uma enzima está ausente ou inativa e a<br />

digestão de certas moléculas {glicogênio, cerebrosídeos, gangliosídeos,<br />

esfingomielina, glicos.aminoglicanos) não ocorre. O resultado é que a<br />

substância se acumula em diversas células e interfere no funcionamento<br />

normal delas. A diversidade dos tipos celulares atingidos explica a variedade<br />

de sintomas clínicos observados nessas doenças.<br />

A doença de células 1 (indusion ce/ls) é uma doença hereditária rara,<br />

que se caraáeriza, clinicamente, por defeito no crescimento e retardo<br />

mental. Nesses pacientes existe uma deficiência na enzima que, normalmente,<br />

promove a fosforilação de proteínas, no complexo de Golgi. As<br />

enzimas sintetizadas no retículo endoplasmático granuloso e que deveriam<br />

sofrer fosfo rilação, que é o "endereçamento" para sua destinação<br />

aos lisossomos, deixam de ser fosforiladas e seguem a via secretória,<br />

sendo eliminadas das células. As enzimas lisossomais secretadas podem<br />

ser detectadas no sangue dos pacientes, enquanto seus lisossomos são<br />

desprovidos de enzimas. Nesses pacientes, as células mostram grandes<br />

e numerosas inclusões citoplasmáticas, que dão o nome à doença. Essa<br />

doença mostra que a via secretória é a preferencial e será seguida pelas<br />

moléculas que chegam ao complexo de Golgi, exceto quando elas recebem<br />

um sinal de endereçamento para outra via.<br />

• Proteassomos<br />

Os proteassomos são complexos de diversas proteases<br />

que digerem proteínas assinaladas para destruição pela<br />

união com ubiquitina. A degradação de proteínas é necessária<br />

para remover excessos de enzimas e outras proteínas,<br />

quando elas, após exercerem suas funções normais,<br />

tornam-se inúteis para a célula. Os proteassomos também<br />

destroem moléculas proteicas que se formam com defeitos<br />

estruturais e as proteínas codificadas por vírus, que seriam<br />

usadas para produzir novos vírus. A atividade dos proteassomos<br />

se faz sobre moléculas proteicas individualizadas,<br />

enquanto os lisossomos atuam sobre material introduzido<br />

em quantidade na célula, e sobre organelas.<br />

O proteassomo tem a forma de um barril constituído por<br />

quatro anéis sobrepostos. Cada extremidade do barril tem<br />

uma partícula reguladora, como se fosse tuna t<strong>amp</strong>a. Essa<br />

partícula reguladora tem ATPase e reconhece as proteínas<br />

ligadas à ubiquitina, uma proteína pequena (76 aminoácidos)<br />

altamente conservada durante a evolução - sua<br />

estrutura é praticamente a mesma, desde as bactérias até a<br />

espécie hmnana. A molécula de ubiquitina marca as proteínas<br />

para destruição da seguinte maneira: uma molécula de<br />

ubiquitina se liga a um resíduo de lisina da proteína a ser<br />

degradada e outras moléculas de ubiquitina se prendem à<br />

primeira, formando-se um complexo que é reconhecido<br />

pela partícula reguladora; a molécula proteica é desenrolada<br />

pela ATPase, usando energia de ATP, e introduzida no<br />

proteassomo, no qual é quebrada em peptídios com cerca<br />

de oito aminoácidos cada um. Esses peptídios são devolvidos<br />

ao citosol. As moléculas de ubiquitina que participaram<br />

do processo são liberadas pelas partículas reguladoras,<br />

para serem usadas novamente.<br />

Os peptídios com oito aminoácidos podem ser degradados<br />

por enzimas do citosol ou podem ter outros destinos;<br />

por exemplo, em algumas células eles participam da resposta<br />

imune (Capítulo 14).<br />

• Peroxissomos<br />

Peroxissomos são organelas esféricas, limitadas por<br />

membrana, com diâmetro de 0,5 a 1,2 µ.m (Figura 2.39).<br />

Como as mitocôndrias, os peroxissomos utilizam grandes<br />

quantidades de oxigênio, porém, não produzem ATP,<br />

não participando diretamente do metabolismo energético.<br />

Receberam esse nome porque oxidam substratos<br />

orgânicos específicos, retirando átomos de hidrogênio e<br />

combinando-os com oxigênio molecular (Oi}. Essa reação<br />

produz peróxido de hidrogênio (H 2 0 2 ), mna substância<br />

oxidante prejudicial à célula, que é imediatamente eliminada<br />

pela enzima catalase, também contida nos peroxissomos.<br />

A catalase utiliza oxigênio do peróxido de hidrogênio<br />

(transformando-o em H 2 0 ) para oxidar diversos substratos<br />

orgânicos. Essa enzima também decompõe o peróxido de<br />

hidrogênio em água e oxigênio, segundo a reação:<br />

2 H 2 0 2 catalase _,. 2 H 2 0 + 0 2<br />

4' 0<br />

<strong>Histologia</strong> aplicada<br />

A atividade da catalase é importante do ponto de vista médico,<br />

porque assim muitas moléculas tóxicas, incluindo medicamentos,<br />

são oxidadas, principalmente nos peroxissomos do fígado e dos rins.<br />

Aproximadamente 50% do álcool etílico ingerido é transformado em<br />

aldeído acético pelos peroxissomos desses órgãos.<br />

Os peroxissomos mostram maior diversidade do que as<br />

outras organelas, apresentando grandes diferenças enzimáticas<br />

em células diferentes. As enzimas mais abundantes<br />

nos peroxissomos humanos são urato oxidase, D-aminoácido<br />

oxidase e catalase.<br />

A 13-oxidação dos ácidos graxos, assim chamada porque<br />

tem lugar no carbono 2 ou 13 da cadeia do ácido graxo, é<br />

realizada nos peroxissomos e nas mitocôndrias. Os ácidos<br />

graxos são biomoléculas importantes como combustível

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