Histologia Básica, Texto e Atlas - 12ª Edição - Junqueira & Carneiro
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21 1 Aparelho Reprodutor Masculino<br />
citoplasma das células de Sertoli. Como os espermatócitos,<br />
as espermátides e os espermatozoides são isolados do contato<br />
direto do plasma pela barreira hematotesticular, essas<br />
células dependem das células de Sertoli para a troca de<br />
nutrientes e metabólitos. A barreira formada pelas células<br />
de Sertoli também protege os espermatozoides de ataque<br />
imunológico (discutido a seguir).<br />
Fagocitose<br />
Durante a espermiogênese, o excesso de citoplasma das<br />
espermátides é liberado sob a forma de corpos residuais.<br />
Esses fragmentos de citoplasma são fagocitados e digeridos<br />
por células de Sertoli.<br />
Secreção<br />
As células de Sertoli secretam continuamente nos túbulos<br />
seminíferos um fluido que é transportado na direção<br />
dos duetos genitais e é usado para transporte de espermatozoides.<br />
A secreção de uma proteína ligante de andrógeno<br />
(a11droge11-bi11di11g protein, ABP) pelas células de Sertoli é<br />
controlada por hormônio foliculoestimulante e por testosterona,<br />
servindo para concentrar testosterona nos túbulos<br />
seminiferos, onde ela é necessária para estimular a espermatogêncse.<br />
Células de Sertoli podem converter testosterona<br />
em estradiol e também secretam um peptídio chamado<br />
inibina, que suprime a síntese e a liberação de FSH<br />
na hipófise.<br />
Produção do hormônio antimülleriano<br />
O hormônio antimülleriano é wna glicoproteína que age<br />
durante o desenvolvimento embrionário para promover a<br />
regressão dos duetos de Müller (duetos paramesonéfricos)<br />
em fetos do sexo masculino e induzir o desenvolvimento<br />
de estruturas derivadas dos duetos de Wolff' (duetos mesonéfricos).<br />
Barreira hematotesticular<br />
Os capilares sanguín eos dos testículos são do tipo fenestrado<br />
e possibilitam a passagem de moléculas grandes. No<br />
entanto, a existência de uma barreira entre o sangue e o<br />
interior dos túbulos seminíferos explica por que são achadas<br />
poucas substâncias do sangue no fluido testicular. As<br />
espermatogônias têm livre acesso a substâncias encontradas<br />
no sangue. As junções ocludentes entre as células de Sertoli,<br />
entretanto, formam uma barreira à passagem de molécu-<br />
las grandes pelo espaço entre elas. Assim, as células de etapas<br />
mais avançadas da espermatogênese são protegidas de<br />
substâncias do sangue, de agentes nocivos e provavelmente<br />
de reconhecimento imunológico por linfócitos.<br />
• Fatores que influenciam a espermatogênese<br />
Hormônios<br />
Hormônios são os fa tores mais importantes no controle<br />
da espermatogênese, a qual depende da ação dos hormônios<br />
FSH e LH da hipófise sobre as células do testículo.<br />
FSH age nas células de Sertoli, promovendo a síntese e a<br />
secreção de proteína ligante de andrógeno-ABP. LH age nas<br />
células intersticiais, estimulando a produção de testosterona.<br />
Testosterona se difunde das células intersticiais para<br />
o interior do túbulo seminífero e se combina com a ABP.<br />
Dessa maneira se mantém uma alta concentração de testosterona<br />
no túbulo seminífero, condição muito importante<br />
para estimular a espermatogênese (Figura 21.13).<br />
Temperatura<br />
A temperatura é muito importante para o controle da<br />
espermatogênese, que só acontece a temperaturas abaixo da<br />
corporal, de 37ºC. A temperatura dos testículos é de aproximadan1ente<br />
35ºC e é controlada por meio de vários mecanismos.<br />
Um rico plexo venoso (o plexo p<strong>amp</strong>iniforme)<br />
envolve as artérias dos testículos e forma um sistema contracorrente<br />
de troca de calor, que é importante para manter<br />
a temperatura testicular. Outros fatores são a evaporação de<br />
suor da pele da bolsa escrotal, que contribui para a perda<br />
de calor, e a contração de músculos cremastéricos do cordão<br />
espermático que tracionam os testículos em direção<br />
aos canais inguinais, nos quais a sua temperatura pode ser<br />
awnentada.<br />
Outros fatores<br />
Desnutrição, alcoolismo e várias substâncias levam a<br />
alterações nas espermatogônias, causando diminuição na<br />
produção de espermatozoides. Irradiações (p. ex., raios X) e<br />
sais de cádmio são bastante tóxicos para as células da linhagem<br />
espermatogênica, causando a morte dessas células e<br />
esterilidade nos indivíduos acometidos. O fármaco bussulfan<br />
age nas células germinais; quando é administrado a<br />
ratas prenhes, promove a morte das células germinais de<br />
~O <strong>Histologia</strong> aplicada<br />
A diferenciação de espermatogónia5 leva ao aparecimento de<br />
proteínas esperma-especificas nas células descendentes das gônia5.<br />
Como a maturidade sexual acontece muito tempo depois do desenvolvimento<br />
da imunocompetência, células poderiam ser reconhecidas<br />
como estranhas durante a espermatogênese e poderiam provocar uma<br />
resposta imune que as destruiria. A barreira hematotesticular impediria<br />
Interações entre proteínas da5 células descendentes das espermatogônias<br />
e o sistema imune, protegendo contra uma reação autoimune.<br />
Traumatismos no testículo podem romper a barreira e podem fazer com<br />
que o sistema imune reconheça essas proteínas.<br />
~O <strong>Histologia</strong> aplicada<br />
Falhas na descida dos testículos durante a vida fetal (criptorquldlsmo)<br />
mantêm esses ót'gãos à temperatura de 3rc, que inibe a espermatogênese.<br />
A<br />
espermatogênese pode ocorrer normalmente se os testículos fOl'em<br />
movidos cirurgicamente para a bolsa escrotal, se não tiverem permanecido<br />
muito tempo em temperaturas altas após o início da e5permatogênese.<br />
POI' essa razão. é importante examinar recém-llalÓdos do sellO masculino<br />
para conferir se os testículos estão na bolsa escrotal. Embora a proliferação<br />
das célula5 germinativas seja inibida pela temperatura abdominal, o<br />
mesmo não acontece com a síntese de testosterona. Isso explica por que<br />
os homens com criptorquidismo podem ser estérei5, mas desenvolvem<br />
características masculinas secundárias e alcançam ereção.