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Monopólios Digitais

Concentração e Diversidade na Internet

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<strong>Monopólios</strong><br />

<strong>Digitais</strong><br />

Deezer – Snapchat – Twitter – Yahoo<br />

6.5 Barreiras à entrada<br />

A compreensão dos graus de concentração de um mercado também se dá<br />

pela capacidade de novos agentes poderem competir “de igual para igual” com os líderes<br />

ou, inclusive, superá-los. Mais do que o retrato histórico da estrutura de mercado,<br />

é preciso haver uma dinâmica de oxigenação com abertura; de outro modo, a concorrência<br />

torna-se um preceito artificial frente à realidade concreta. Pesquisadores da<br />

área de concorrência e economia digital apontam a contradição entre a promessa de<br />

um mercado com menos barreiras à entrada (com facilidades como ofertar um serviço<br />

pela Internet) e a realidade de obstáculos importantes (EZRACHI e STUCKE, 2016). A<br />

seguir, buscaremos identificar alguma das barreiras à entrada desse mercado.<br />

Centralização e convergência<br />

A camada de aplicações e conteúdo é marcada por extrema centralização de<br />

seus agentes, decorrente do processo de convergência econômica, tecnológica e midiática<br />

que se desenvolveu nas últimas décadas e que tem na Internet seu ápice. A redução<br />

de barreiras físicas para a oferta de bens e serviços estimulou a consolidação de<br />

conglomerados com atuação mundial. Essa escala se reflete em receitas, dando maior<br />

“poder de fogo” a esses grupos. Isso é especialmente importante nos mercados de<br />

tecnologia, onde a diferenciação de produto por meio de soluções tecnológicas únicas<br />

ou com funcionalidades exclusivas ou específicas joga um papel central. A diferença de<br />

receitas também impacta a capacidade de produção de conteúdo.<br />

Nos mercados em análise, isso se traduz nos principais agentes. Google, Facebook<br />

e Microsoft possuem atuação em centenas de países, assim como Netflix e<br />

Spotify. Isso permite a essas empresas usar de sua capacidade financeira para criar<br />

diversas barreiras à entrada. A primeira é a aquisição de concorrentes, como foi o caso<br />

da compra do YouTube pelo Google ou do WhatsApp e do Instagram pelo Facebook.<br />

No plano nacional, as Organizações Globo faturam cinco vezes mais do que<br />

o 2º concorrente (Record) (CASTRO, 2017), enquanto a Folha vem sendo pressionada<br />

pela queda de receitas no impresso, mas vem expandindo seus negócios com o UOL<br />

inclusive para mercados distintos, como o de meio de pagamento (Pagseguro), dificultando<br />

a atuação de concorrentes.<br />

Concentração vertical<br />

CONCENTRAÇÃO<br />

E DIVERSIDADE<br />

NA CAMADA DE<br />

APLICAÇÕES E<br />

CONTEÚDOS NO<br />

BRASIL<br />

118<br />

A centralização se traduz ao longo das várias etapas da cadeia de valor. Embora<br />

a camada de aplicações e conteúdo ainda não tenha uma presença mais agressiva<br />

dos detentores de infraestrutura (a exceção é o Yahoo, comprado pela operadora estadunidense<br />

Verizon), dentro das atividades da própria camada é possível perceber<br />

esse fenômeno. Conforme discutido anteriormente, praticamente todas as grandes<br />

plataformas estão investindo em produções originais e passarão a disputar o mercado<br />

de vídeo online sendo a intermediária de seus próprios conteúdos.

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