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Monopólios Digitais

Concentração e Diversidade na Internet

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<strong>Monopólios</strong><br />

<strong>Digitais</strong><br />

Twitter, por exemplo, o FB passou a incorporar o uso de palavras-chave (hashtags), um<br />

recurso central daquela rede social. Após a tentativa frustrada de compra do Snapchat,<br />

a empresa inseriu em sua plataforma e no Instagram, em 2016, a difusão de séries de<br />

vídeos encadeados, conhecidas como “stories”. Aproveitando sua grande base de usuários,<br />

já no meio de 2017, as stories eram divulgadas por 250 milhões de usuários do<br />

Instagram, contra 166 milhões do concorrente original (TRAN, 2017).<br />

Porta de entrada<br />

Mas a intenção da companhia é mais ambiciosa. Ela não deseja apenas<br />

manter sua condição monopolista no mercado de redes sociais como quer ser a<br />

porta de entrada para o conjunto da Internet. A empresa se aproveita do efeito de<br />

rede proveniente da sua base de usuários e oferece cada vez mais funcionalidades<br />

para que um conjunto crescente de atividades, antes feitas em outros espaços,<br />

fique ali confinado. Um exemplo é o já citado Instant Articles, por meio do qual a<br />

leitura de textos deixa de ser feita no site da fonte de informação e passa a ocorrer<br />

dentro da plataforma. É um exemplo perfeito de tentativa de “cercamento”, visando<br />

controlar o caráter de bem não rival da informação, criando aquilo que autores<br />

chamam de “jardins murados” (DANTAS, 2010).<br />

O notório levantamento do site especializado QZ, apontando parcelas expressivas<br />

de usuários que consideram que a Internet se resume ao Facebook e não reconhecem<br />

quando fazem uso de recursos fora da plataforma (percentual que ficou em<br />

55% no Brasil), é uma amostra da hegemonia que a empresa constrói junto aos internautas<br />

de todo o mundo (MIRANI, 2015).<br />

Free Basics<br />

Este movimento de cercamento da Rede é ainda mais preocupante com a iniciativa<br />

batizada inicialmente Internet.org e depois nomeada Free Basics. Ela envolve parcerias<br />

com governos e operadoras para ofertar acesso à “Internet” a pessoas de baixa renda. No<br />

entanto, não se trata de Internet, mas de um pacote restrito de conexão que envolve o<br />

acesso ao Facebook e a determinados aplicativos e sites escolhidos por ele. Neste caso, a<br />

web seria literalmente o Facebook para bilhões de pessoas, se confirmadas as intenções<br />

de Zuckerberg. O projeto foi alvo de críticas por entidades de todo o mundo.<br />

Uma vez que para o Facebook o negócio é incorporar o maior número de pessoas<br />

em suas plataformas para coletar dados e ser o intermediário de suas atividades<br />

diárias, a empresa se viu diante do desafio de vencer a barreira do acesso à Internet<br />

para os 4 bilhões ainda desconectados. Entidades da sociedade civil e autoridades<br />

de diversos países se insurgiram contra a proposta, considerada uma ameaça para o<br />

acesso à Rede em sua totalidade . No Brasil, houve mobilização forte contra a iniciativa,<br />

com uma carta lançada por mais de 30 organizações em 2015 solicitando à Presidenta<br />

Dilma Rousseff a interrupção da interlocução com o Facebook (TIInside, 2015).<br />

Controle dos fluxos de informação<br />

O News Feed de notícias do Facebook foi estruturado desde cedo a partir de<br />

uma seleção automatizada operada por algoritmos. Uma primeira estratégia, mantida<br />

ESTUDOS<br />

DE CASO<br />

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