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Monopólios Digitais

Concentração e Diversidade na Internet

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<strong>Monopólios</strong><br />

<strong>Digitais</strong><br />

Essa massa de dados pode ser utilizada inclusive para antecipar demandas ainda<br />

não atendidas no mercado. Assim, Facebook, Google e Microsoft estão muito mais perto<br />

de lançar um novo produto ou serviço de grande popularidade do que uma pessoa muito<br />

inventiva de startups, de conglomerados tradicionais de mídia ou de youtubers.<br />

Esta não é uma exclusividade das plataformas. No primeiro semestre de 2018,<br />

o Grupo Globo lançou campanha para que cidadãos gravassem vídeos de 15 segundos<br />

sobre o que desejam para o país. O “levantamento espontâneo” pôde fornecer ao<br />

Grupo contatos e informações sobre intenções e demandas da sociedade brasileira a<br />

que nenhum outro grupo de mídia do país tem acesso.<br />

Intermediação<br />

Uma barreira à entrada central na camada em discussão é a intermediação do<br />

acesso dos usuários ao conteúdo existente. Atualmente, há duas formas centrais dessa<br />

prática: os mecanismos de busca e as redes sociais. Os primeiros estão relacionados a<br />

como os internautas buscam conhecimento na web. Enquanto na primeira fase da Rede<br />

a prática comum era acessar sites para então tomar contato com os conteúdos, atualmente<br />

a grande maioria do tráfego de dados é originada em mecanismos de busca. Pela<br />

ampla oferta de dados, a Internet virou a fonte central de quem quer encontrar alguma<br />

informação. E os mecanismos de busca são o instrumento mais popular para isso.<br />

Contudo, o principal programa deste tipo, o Google, é também um conglomerado<br />

com atuação na camada e interessado em valorizar sua condição dominante.<br />

Entre um vídeo no YouTube ou em uma plataforma concorrente, qual vai aparecer<br />

primeiro nos resultados? O Google já faz isso, priorizando os resultados relacionados<br />

aos seus serviços, seja o YouTube ou a Play Store. Por conta da ampliação do papel dos<br />

mecanismos de busca, o Google se tornou um dos grandes “porteiros” (gatekeepers)<br />

da experiência do usuário na Internet. E, com isso, possui condições de reforçar sua<br />

posição de mercado e dificultar o avanço de concorrentes.<br />

Já as redes sociais se consolidaram como outro grande “porteiro” da web. A presença<br />

dessas no topo dos rankings de aplicações e sites evidencia o consumo massivo<br />

no Brasil. Muitos usuários têm nessas plataformas sua “página inicial”, acessando informações<br />

a partir dos feeds de Facebook, Instagram, Snapchat e congêneres. Levantamento<br />

do site especializado em tecnologia Quartz revelou que mais da metade dos entrevistados<br />

brasileiros (55%) considera que a Internet se limita ao Facebook (MIRANI, 2015).<br />

Segundo o relatório Digital News Report 2017, do Instituto Reuters, 66% dos<br />

usuários entrevistados no Brasil relataram usar redes sociais para se informar. O país<br />

foi o segundo entre os 36 analisados em que mais se compartilham notícias pelas<br />

redes sociais (63%) e o primeiro no ranking de difusão por mensageiros (43%). Esse cenário,<br />

acrescido do domínio absoluto do Facebook no setor (com todos os aplicativos<br />

que controla), indica um forte obstáculo não somente para a entrada de novos atores<br />

no mercado das redes sociais mas a produtores de conteúdo que dependem da circulação<br />

nesses espaços.<br />

CONCENTRAÇÃO<br />

E DIVERSIDADE<br />

NA CAMADA DE<br />

APLICAÇÕES E<br />

CONTEÚDOS NO<br />

BRASIL<br />

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