Monopólios Digitais
Concentração e Diversidade na Internet
Concentração e Diversidade na Internet
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<strong>Monopólios</strong><br />
<strong>Digitais</strong><br />
outros conglomerados, mas nacionais (Globo e Folha), com impactos não apenas do<br />
ponto de vista da estrutura de mercado mas também sobre a política do país, dada a<br />
tradição desses grupos de influenciar eleições e agendas.<br />
Em termo de variedade de conteúdos e formatos, há uma hegemonia quase<br />
absoluta dos modelos de negócio calcados no lucro e do entretenimento. Este tipo de<br />
conteúdo é o foco de 84% dos sites mais acessados. Apenas a Wikipedia surge como<br />
grande produtor e difusor de conteúdo, mas ainda assim de caráter enciclopédico e<br />
não na disputa dinâmica pelos acontecimentos. Apenas 9 dos 100 sites mais acessados<br />
(9%) são jornalísticos, sendo metade destes relacionados aos grupos Globo e<br />
Folha. Da chamada mídia “progressista”, somente dois sites estão entre os 500 mais<br />
acessados, Portal Fórum e Brasil 247 (0,4%). Nesta lista, bem como na de aplicativos,<br />
não há um veículo sequer de caráter público ou comunitário. Nos canais de YouTube,<br />
em que há a presença de novos agentes, inclusive indivíduos, o entretenimento representa<br />
84% dos espaços analisados. A abordagem temática calcada em “comentários<br />
diversos”, visando entretenimento, e a baixíssima incidência de conteúdos educativos<br />
ou jornalísticos levanta a questão de como esses canais contribuem ou não para o<br />
debate público. Se considerados diferentes públicos, apenas nos canais de YouTube<br />
aparecem entre os mais populares iniciativas voltadas a crianças (Galinha Pintadinha e<br />
Turma da Mônica).<br />
Em uma tentativa de amarração do quadro geral, podemos arriscar dizer que,<br />
se por um lado a Internet aumentou o número de agentes na sua camada de aplicações<br />
e conteúdos em relação a outros meios, como a TV, por outro, a hegemonia<br />
das grandes plataformas e dos grandes grupos de mídia nacional problematizam de<br />
um espaço efetivamente democratizado. Ao contrário, o alcance de plataformas como<br />
Facebook e YouTube tem uma dimensão que nenhum outro agente da indústria cultural<br />
conseguiu anteriormente, mesmo que já houvesse internacionalização de diversos<br />
segmentos (como no cinema e nas programadoras de TV por assinatura). Essas plataformas<br />
regulam a forma como o conjunto dos demais atores vai disputar política, social<br />
e economicamente esse(s) mercado(s). Por isso, constituem-se como monopólios<br />
digitais ao sair de uma posição de domínio de mercados específicos (redes sociais no<br />
caso do Facebook e mecanismos de busca no caso do Google) para espraiar-se para<br />
outros segmentos, em especial a camada de aplicações e conteúdos em âmbito global,<br />
em um cenário em que o Brasil não é exceção.<br />
SUMÁRIO<br />
EXECUTIVO<br />
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