Monopólios Digitais
Concentração e Diversidade na Internet
Concentração e Diversidade na Internet
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<strong>Monopólios</strong><br />
<strong>Digitais</strong><br />
com algumas exceções de canais sobre curiosidades no YouTube. A própria dimensão<br />
informativa de algumas fontes se mescla ao entretenimento ao buscar atrair audiências<br />
pela curiosidade das mensagens, como nos sites Explicandoo e Fatos Desconhecidos.<br />
Em que pese as gerações mais jovens serem cada vez mais conectadas, apenas<br />
nos canais de YouTube figuram programadores voltados ao público infantil, como<br />
Galinha Pintadinha 18 e Turma da Mônica. Esta faixa merece especial atenção, uma vez<br />
que ficou órfã de programação na televisão após a alteração da estratégia das grandes<br />
redes, que retiraram boa parte das séries e de outras atrações voltadas a esse público,<br />
à exceção da Rede Pública de TV comandada pela TV Brasil.<br />
Quanto à natureza das atividades, outro traço geral é a presença hegemônica<br />
das plataformas tanto entre as aplicações quanto entre os sites. No primeiro grupo,<br />
a presença delas varia entre 63% (Play Store) e 75% (Apple Store) dos downloads nas<br />
lojas virtuais. No segundo, são responsáveis por 69% das páginas mais acessadas. Embora<br />
haja uma variedade interna às próprias plataformas (conforme modalidades já<br />
listadas e definidas anteriormente), o predomínio deste tipo de agente traz uma série<br />
de questões importantes em relação à diversidade.<br />
A primeira diz respeito às barreiras de entrada já mencionadas, como a convergência,<br />
a centralização e o efeito de rede. Ou seja, se em um mercado caracterizado<br />
por gigantes ou grandes conglomerados, já há a dificuldade da expressão da diversidade<br />
(como o mercado de televisão brasileiro), em um segmento protagonizado pelas<br />
plataformas, as condições para um ambiente que assegure expressões distintas de<br />
forma equilibrada são ainda mais difíceis.<br />
A segunda é o controle pela intermediação. Esse tema merece especial atenção<br />
pela profundidade dos impactos sobre a diversidade na Internet. Essa atividade está longe<br />
de ser nova e surgiu ainda no início do século XX, com as distribuidoras de filmes. Mas,<br />
na Internet, com a profusão de conteúdos disponíveis, a intermediação passou a ter caráter<br />
central, ao organizar o acesso dos usuários a estas informações. No caso brasileiro,<br />
essa atividade, parte da natureza das plataformas, mostra-se fortemente predominante<br />
não apenas entre esses agentes. O UOL criou uma “comunidade” de sites, blogs e afins<br />
exatamente pela intermediação que desempenha no papel de portal agregador.<br />
GRAU DE<br />
DIVERSIDADE E<br />
PLURALIDADE<br />
134<br />
Facebook e YouTube consolidaram sua condição de monopólios digitais calcados<br />
na constituição dessa intermediação, favorecida pelo efeito de rede. No Facebook,<br />
esse processo é estruturado a partir da linha do tempo, que define quais conteúdos<br />
aparecerão aos usuários. Este mecanismo traz problemas em termos de diversidade.<br />
Ele retira do usuário o direito básico de buscar informação (ao definir que perfis e<br />
páginas irá seguir ou das quais se tornará amigo) e repassa ao algoritmo do sistema<br />
esta prerrogativa (ESLAMI et al., 2015). Como na Internet não basta produzir e publicar,<br />
mas é preciso ser visto e consumido, este filtro cria uma barreira fundamental para a<br />
presença efetiva no ambiente online.<br />
18 Em fevereiro, o canal da Galinha Pintadinha se tornou o maior canal de música do YouTube Brasil,<br />
superando o canal da cantora Rihanna. SABBAGA, Julia. Galinha Pintadinha supera Rihanna e se torna<br />
o maior canal de música no YouTube Omelete. Disponível em: .