Monopólios Digitais
Concentração e Diversidade na Internet
Concentração e Diversidade na Internet
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<strong>Monopólios</strong><br />
<strong>Digitais</strong><br />
Desde a primeira onda de popularização da Internet, a partir dos anos 1990, a web<br />
serviu como um novo espaço para buscar informações. Essa prática se ramificou em<br />
diversas fontes, dos sites de busca a enciclopédias online como a Wikipedia. Mas o<br />
acompanhamento da dinâmica cotidiana passou necessariamente pela proliferação de<br />
páginas jornalísticas na web.<br />
O jornalismo online se constitui a partir do contexto das lógicas convergentes<br />
propiciadas pela Internet e pela digitalização, do paradoxo dos agentes tradicionais<br />
de se colocarem nesse novo ambiente sem fagocitar os negócios originais e pela tentativa<br />
de entrada no mercado de novos atores, profissionais, semiprofissionais e não<br />
profissionais. Por um lado, a lógica convergente favorece grupos empresariais montados<br />
a partir da propriedade cruzada de meios e que já possuíam rádios, TVs e jornais,<br />
possibilitando o aproveitamento de material dessas diversas mídias no mundo online.<br />
Por outro, o ascenso da web como fonte de informações ataca o modelo de negócios<br />
desses grupos centrado nos seus meios tradicionais.<br />
Essa situação faz do jornalismo online algo instável e complexo. Albornoz (2011)<br />
identifica uma série de tensões neste cenário, tais como: o dilema entre a gratuidade e o<br />
modelo de negócio pago, gerador de receitas com assinaturas, mas que abre a possibilidade<br />
da perda de audiência e, consequentemente, de receitas de publicidade; o dilema entre<br />
o perfil generalista e a informação especializada, tanto do ponto de vista temático quanto<br />
regional; a escolha entre a cobertura das notícias quentes do dia em tempo real (as chamadas<br />
hard news) ou a profundidade ou a busca por coberturas com conteúdo exclusivo<br />
e diferenciado; as possibilidades de participação do usuário e de uso da interatividade, que<br />
podem desconstruir a lógica de fluxo unidirecional da informação adotada historicamente<br />
e que ajudou a consolidar a referência desses veículos; e a dificuldade de atrair a atenção<br />
de leitores em um cenário de oferta crescente e de novas formas de consumo noticioso.<br />
Do ponto de vista das lógicas de funcionamento, a base da produção noticiosa<br />
é o texto, mas esta vem incorporando diversas outras linguagens dentro da<br />
dinâmica convergente. Dos portais tradicionais àqueles menos estruturados, a disseminação<br />
de vídeo e áudio passou a ser uma diretriz importante nesses websites. O<br />
recente papel mediador central das redes sociais, que em diversos casos privilegia o<br />
alcance de conteúdos em vídeo, é um fator multiplicador dessa linguagem. O mesmo<br />
ocorre com o uso de imagens informativas, sejam elas infográficos ou peças humorísticas<br />
conhecidas como memes.<br />
Outra característica do jornalismo online é a agudização da lógica conhecida no<br />
meio jornalístico como “tempo real”. Com a ampliação da conectividade, da diversificação<br />
de fontes de informação e da capacidade de publicar com muita rapidez, a corrida pela notícia<br />
em primeira mão virou algo ainda mais complexo. Profissionais de veículos por vezes<br />
transmitem ao vivo acontecimentos de forma comentada. Esta capacidade de publicação<br />
também permitiu que os próprios indivíduos, antes fontes dependentes da cobertura dos<br />
meios, pudessem eles próprios postar em perfis, sites ou mesmo transmitir ao vivo em<br />
diversas situações. Isso, contudo, não significa que essa modalidade funcione apenas com<br />
o “tempo real”. Rost (2006, p. 209) sugere uma classificação dessas várias temporalidades<br />
entre sincrônica (transmitida em tempo real), recente (conteúdos atualizados ao longo do<br />
dia), prolongada (conteúdos que permanecem nas páginas e consolidam histórias e coberturas)<br />
e permanente (informações que ficam sempre nas seções dos sites).<br />
A CAMADA DE<br />
APLICAÇÕES E<br />
CONTEÚDOS<br />
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