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Monopólios Digitais

Concentração e Diversidade na Internet

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<strong>Monopólios</strong><br />

<strong>Digitais</strong><br />

Em 2017, a Globo lançou uma campanha publicitária intitulada “100 milhões<br />

de uns”, na qual afirma que chega, por meio de todos os seus veículos, a mais de 100<br />

milhões de brasileiros, “uns que gostam e outros que dizem que não”. Para além da<br />

arrogância contida na mensagem, a peça é uma afirmação do poderio do grupo e da<br />

mudança de sua estratégia, cada vez mais integrada e convergente e não mais tão<br />

dependente da televisão. O ano de 2017 também concretizou um processo de reestruturação<br />

de todo o grupo, integrando as redações jornalísticas e desenvolvendo<br />

estratégias de fortalecimento dos produtos online, como o Portal G1 13 . Para além do<br />

UOL (8ª posição no ranking de sites mais acessados), há pouca concorrência efetiva<br />

para o G1 14 , site jornalístico dentro do site Globo.com. Os demais sites jornalísticos no<br />

ranking (Alexa, 2017) são Blastingnews (10ª posição), Metrópoles (22ª posição), Folha<br />

de S. Paulo (54ª posição), IG (60ª posição), Terra (70ª posição), Campograndenews.com (90ª<br />

posição), Esporte UOL (93ª posição) e Notícias UOL (112ª posição).<br />

O UOL, outro site brasileiro figurando no ranking, pertence ao grupo Folha,<br />

responsável pelo jornal Folha de S. Paulo. Da lista dos 10 sites jornalísticos mais acessados<br />

do país, o grupo controla quatro: UOL (8ª posição), Folha de S. Paulo (54ª posição),<br />

Esporte UOL (93ª posição) e Notícias UOL (112ª posição) (Alexa, 2017). Ou seja, das<br />

dez principais fontes de informação noticiosa do país, o grupo controla quase metade,<br />

sendo o principal portal e a página de jornal mais popular. Mesmo com as quedas de<br />

vendas das edições impressas, o jornal Folha de S. Paulo vem conseguindo angariar<br />

assinantes para sua versão online.<br />

A companhia, embora não possua o mesmo alcance da Globo, vem liderando<br />

a lista de jornais mais vendidos com o diário há anos e também possui histórico de<br />

atuação política. Em março de 2010, uma de suas executivas e então presidente da<br />

Associação Nacional de Jornais, Judith Britto, afirmou, em um evento sobre imprensa:<br />

“Na situação atual, em que os partidos de oposição estão muito fracos, cabe a nós dos<br />

jornais exercer o papel dos partidos. Por isso estamos fazendo [isso]”. A atuação do<br />

jornal também foi objeto de trabalhos acadêmicos e livros 15 .<br />

Um outro traço da diversidade é a existência de veículos de abordagens diversas<br />

atuando na esfera pública online. No Brasil, convencionou-se identificar uma<br />

esfera mais conservadora e liberal e outra mais progressista. Evidente que tal divisão<br />

esquemática não é suficiente para apreender a diversidade das visões em um país<br />

cujo universo implica uma gradação muito maior 16 . Mas, para efeitos de comparação,<br />

tivo (DIAS, Marina. Boghossian, Bruno. Temer se encontrou com cúpula da Globo para discutir delação e<br />

reforma. Folha de S. Paulo. Publicado em 21 de dezembro de 2017.)<br />

13 Em programas da Rede Globo, passou a ser veiculado o interprograma “G1 em um minuto”. As canoplas<br />

dos repórteres de TV passaram a levar a logomarca do portal. A programação esportiva também<br />

remete de forma constante à página globoesporte.com. O mesmo vale para as obras de entretenimento,<br />

para a página GShow.<br />

GRAU DE<br />

DIVERSIDADE E<br />

PLURALIDADE<br />

130<br />

14 O G1 é o site informativo da Rede Globo. Ele está dentro do site do grupo “Globo.com”.<br />

15 Como em Kucinski, Bernardo. A síndrome da antena parabólica: ética no jornalismo brasileiro. Editora<br />

Fundação Perseu Abramo, 1998; e Arbex Jr, Arbex Júnior. O jornalismo canalha: a promíscua relação<br />

entre a mídia e o poder. Editora Casa Amarela, 2003.<br />

16 Para ficar apenas em dois exemplos, dentro do campo conservador, há parcelas com visão mais vinculada<br />

a um fundamentalismo orientado por religiões cristãs e outro mais “liberal” nos costumes, mas<br />

também conservador no plano econômico, partidários da defesa intransigente do mercado e contra políticas<br />

sociais. Na esquerda, a maior parcela está de alguma forma vinculada ao círculo de influência do

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