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Monopólios Digitais

Concentração e Diversidade na Internet

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<strong>Monopólios</strong><br />

<strong>Digitais</strong><br />

da publicidade digital: a personalização. Diferentemente da era da TV e do rádio, em<br />

que anúncios eram difundidos em cadeia nacional para um público amplo, as plataformas<br />

processam “rastros digitais” deixados pelas atividades de seus usuários, como<br />

características demográficas, manifestações de interesse por meio do que é publicado<br />

ou compartilhado, interações como “likes”, imagens e qualquer outra informação produzida<br />

ou com a qual a pessoa tenha lidado de alguma forma.<br />

Esse conjunto enorme de dados coletados é processado por programas inteligentes,<br />

como algoritmos e aqueles baseados em inteligência artificial, em cruzamentos<br />

que permitem um direcionamento bastante específico, e quase individualizado, da<br />

mensagem publicitária com base no público alvo desejado. Esses mecanismos buscam<br />

tornar mais efetivas a oferta e a realização das mercadorias. Além disso, a majoração<br />

das possibilidades de difusão dessas mensagens (inclusive para pequenos empresários<br />

ou profissionais liberais, que não precisam mais pagar tabelas altas de anúncios<br />

em TVs, por exemplo, ou até mesmo por pessoas físicas) gerou uma ampliação do<br />

mercado, alcançando quem antes não anunciava.<br />

Com a evolução da web, novos modelos de negócios começaram a emergir,<br />

com uma influência cruzada dos modelos de negócio históricos. Nos websites, a cobrança<br />

pelo acesso passou a ser um paradigma cada vez mais difundido. Esta pode<br />

aparecer como condição para o conjunto do site ou serviço (como no Netflix) ou como<br />

exigência para o acesso a partir de determinado momento. É o caso do Globo Play, que<br />

assegura o acesso a conteúdos do dia mas cobra para que o internauta veja episódios<br />

anteriores de novelas e programas mais antigos ou produzidos especialmente para o<br />

site. Essa linha vem se multiplicando também em sites noticiosos, que permitem uma<br />

quantidade limitada de textos para leitura gratuita e cobram quando esse limite é superado,<br />

como ocorre no Brasil com os sites do jornal Folha de S. Paulo, Estado de S.<br />

Paulo ou com o Portal UOL. O caso da Folha é emblemático, já que o veículo conseguiu<br />

obter mais assinantes da edição digital do que da impressa 4 .<br />

Em uma análise a partir dos aplicativos mais baixados nas lojas online Play<br />

Store e Apple Store relacionados à produção, difusão e circulação de conteúdos 5 , chegamos<br />

a um quadro marcado pela hegemonia da oferta gratuita e pelo financiamento<br />

via publicidade 6 . O acesso condicionado pago - integral ou parcialmente - aparece especificamente<br />

nos sites de streaming de vídeo e áudio, como Netflix, Spotify, Globo Play<br />

e Deezer, sendo somente o primeiro em que essa exigência de pagamento é condição<br />

integral. Mecanismos adicionais podem ser vistos no Facebook, que taxa vendas feitas<br />

por meio da plataforma, e do Snapchat, que desenvolveu uma forma de promoção<br />

com filtros personalizados. No caso dos mensageiros, os modelos de financiamento<br />

ainda são mais incipientes. O FB Messenger começou a veicular anúncios no fim de<br />

2017. O WhatsApp, embora não veicule anúncios, tem dados coletados para uso por<br />

seu controlador, o Facebook.<br />

4 Segundo o jornal, das 316 mil edições vendidas em média diária, 51% foram da edição digital. FOLHA DE<br />

S. PAULO. Folha é o 1º jornal brasileiro a ter circulação digital maior do que a impressa. Folha de S. Paulo.<br />

Publicado em 25 de setembro de 2016. Disponível em: .<br />

5 Não foram incluídos, por exemplo, aplicativos de comércio eletrônico, de bancos ou de mobilidade.<br />

6 Essas lojas disponibilizam aplicações pagas, mas o número de downloads na comparação com aquelas<br />

gratuitas é bastante inferior.<br />

CONCENTRAÇÃO<br />

E DIVERSIDADE<br />

NA CAMADA DE<br />

APLICAÇÕES E<br />

CONTEÚDOS NO<br />

BRASIL<br />

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