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Monopólios Digitais

Concentração e Diversidade na Internet

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<strong>Monopólios</strong><br />

<strong>Digitais</strong><br />

pode-se classificar o conjunto dos veículos tradicionais, chamados no Brasil de “grande<br />

mídia”, dentro desse grupo mais liberal. Naqueles agentes de mídia com visões mais<br />

progressistas, não há nenhum com aplicações entre as 500 mais baixadas. Na lista de<br />

sites, o mais bem colocado é o Portal Fórum, na 233ª posição, seguido do Brasil247,<br />

somente na 462ª posição. Ou seja, entre os 500 sites mais acessados no Brasil, apenas<br />

dois são de produção e difusão de informações de cunho progressista.<br />

Para além dos números, a diversidade também se expressa nas distintas formas<br />

institucionais das fontes de informação. No debate acerca da mídia tradicional,<br />

tal perspectiva implicava a garantia de espaço para veículos públicos e comunitários,<br />

conforme preconiza a Unesco em seus Indicadores do Desenvolvimento da Mídia<br />

(UNESCO, 2010). Enquanto na radiodifusão tal abordagem implicava inclusive numa<br />

distribuição equitativa das frequências, na Internet o problema é o contrário, como já<br />

introduzido: entre milhões de sites, como obter alcance junto à massa de usuários.<br />

Quando observados os rankings de aplicações e sites, fica clara a ausência<br />

de mídia pública ou sem finalidade comercial entre as primeiras colocações. No<br />

caso das aplicações, na Play Store não há aplicativo de mídia pública ou comunitária<br />

entre os 540 mais baixados (o número máximo apresentado no site da loja). Entre<br />

os sites mais acessados, a exceção é o Wikipedia, mantido pela Fundação Wikimedia,<br />

na 13ª posição. Se considerado um site brasileiro que não tenha finalidade de<br />

lucro ou que não seja de uma empresa, não há um entre os 500 mais acessados. O<br />

portal da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), principal empresa pública de mídia<br />

do país, figura apenas na 542ª posição.<br />

Para além das aplicações e sites, um olhar global sobre o pluralismo e a diversidade<br />

das fontes de informação passa pelos perfis das duas principais plataformas<br />

de conteúdo existentes no país: o Facebook e o YouTube. Visões mais otimistas veem<br />

nessas plataformas um caminho para democratizar o ambiente online, em que qualquer<br />

pessoa poderia chegar a milhões e passar a influenciar no debate público. Mas<br />

um olhar mais atento, mais uma vez, desconstrói essa percepção idealizada da web.<br />

No caso das páginas de Facebook, se levarmos em consideração produtos e<br />

espaços de mídia (o que excluiria, por exemplo, os artistas), seis das 19 páginas analisadas<br />

são vinculadas às Organizações Globo (31,5%). Para além do percentual ser<br />

representativo, não por acaso a companhia é o maior conglomerado de mídia do país<br />

e figura também nos rankings de aplicações e sites mais populares. Essa presença<br />

transversal evidencia o caráter convergente da camada e também a centralização desta<br />

a partir dos atores com maior poder de mercado. Há exceções, como a liderança da<br />

página Cifras.com.br e a presença no ranking da programadora Esporte Interativo.<br />

Contudo, no primeiro exemplo trata-se de uma plataforma de informações<br />

sobre música (como cifras e letras), e não um espaço de troca de mensagens que influencie<br />

o debate público. Já o segundo envolve um assunto de bastante apelo junto<br />

à população brasileira, com um produto diferenciado entre os amantes de futebol: a<br />

PT (com as diversas matizes que o compõem), embora haja abordagens distintas em vários segmentos<br />

(desde setores mais ligados ao PSOL até movimentos sociais mais independentes). Por fim, as mobilizações<br />

de junho de 2013 ensejaram a visibilidade de um outro campo mais fluido, de crítica generalizada<br />

a partidos e forças políticas tradicionais, mas sem posições muito consolidadas.<br />

GRAU DE<br />

DIVERSIDADE E<br />

PLURALIDADE<br />

131

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