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Monopólios Digitais

Concentração e Diversidade na Internet

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Introdução<br />

A Internet se desenvolveu com a promessa de democratizar o acesso ao conhecimento<br />

e o exercício da liberdade de expressão. Em vez de canais condicionados pela<br />

escassez do espectro de radiofrequências e por uma mídia impressa com um número de<br />

jornais limitado, a Rede Mundial de Computadores surgiu com possibilidades infinitas de<br />

disponibilizar textos, imagens, áudios e vídeos em sites e repositórios diversos. A Wikipedia<br />

se tornou um símbolo da construção colaborativa de conteúdos. Os mecanismos de busca<br />

criaram atalhos e ligaram usuários ávidos por informações a páginas por meio de uma<br />

palavra-chave. Blogs permitiram que indivíduos se expressassem neste novo ecossistema.<br />

John Perry Barlow, fundador da organização Eletronic Frontier Foundation, referência<br />

no debate sobre a web, preconizava na Declaração de Independência do Ciberespaço:<br />

“Governantes do mundo industrial, eu venho do ciberespaço, o novo lar da mente.<br />

Em nome do futuro, peço a vocês que nos deixem em paz […] Nós estamos criando um<br />

mundo onde qualquer um pode expressar suas crenças em qualquer lugar, não importa<br />

o quão singular, sem medo de ser coagido ou silenciado” (BARLOW, 1996).<br />

Não somente a web, mas o conjunto das Tecnologias de Informação e Comunicação<br />

passou a ser apontado como instrumento de transformação. A Agenda por um<br />

Desenvolvimento Sustentável 2030 das Nações Unidas, em seu documento central, reafirma<br />

esse entendimento: “A difusão de tecnologias de informação e comunicação e a<br />

conectividade global têm grande potencial de acelerar o progresso humano, sanar os<br />

fossos digitais e desenvolver sociedades do conhecimento”1 1 .<br />

As Nações Unidas, em Declaração aprovada em pelo seu Conselho de Direitos<br />

Humanos em junho de 2016, afirmou o exercício da liberdade de expressão na Internet<br />

entre o rol de direitos a serem promovidos e protegidos e defendeu que as garantias do<br />

mundo offline devem ser asseguradas também no mundo online (NAÇÕES UNIDAS, 2016).<br />

O documento também aponta a necessidade de conectar as pessoas sem acesso à web a<br />

partir de uma abordagem baseada em direitos humanos e convoca os Estados a implantarem<br />

políticas públicas neste sentido.<br />

A web e as Tecnologias de Informação e Comunicação também passaram a ser<br />

reconhecidas como elementos centrais ao desenvolvimento econômico. O G20, grupo das<br />

maiores economias do mundo, colocou a chamada “economia digital” como tema central<br />

em 2017 e apontou a Internet como catalisador da superação de desafios globais.<br />

“Digitalização e uma Internet aberta, segura, interoperável e verdadeiramente global são<br />

facilitadores de um crescimento econômico inclusivo e proveem a todos ferramentas para<br />

construir desafios sociais e globais, incluindo desigualdades decorrentes da ampliação do<br />

1 Nações Unidas. Plataforma de conhecimento sobre desenvolvimento sustentável. Disponível em:<br />

.<br />

<strong>Monopólios</strong><br />

<strong>Digitais</strong><br />

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