Monopólios Digitais
Concentração e Diversidade na Internet
Concentração e Diversidade na Internet
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>Monopólios</strong><br />
<strong>Digitais</strong><br />
funções. Ele parte dos recursos financeiros disponíveis, mas vai além disso e inclui o<br />
desenvolvimento de um domínio do fazer relacionado ao setor envolvendo também<br />
dimensões técnicas. São exemplos a usabilidade, para uma aplicação, ou elementos<br />
como fotografia, iluminação e captura de som, para uma obra audiovisual.<br />
O Facebook desenvolveu um padrão distinto, embora tenha decidido manter<br />
os projetos gráficos originais de aplicações que adquiriu, como ocorreu com o Instagram<br />
e o WhatsApp. As alterações vêm se dando muito mais na esfera técnica, de<br />
operação dos programas. A empresa inova e inclui recursos novos constantemente em<br />
cada um de seus produtos, como a transmissão de vídeos ao vivo.<br />
Já o Google vem mantendo seus produtos sem grandes sobressaltos, acrescendo<br />
novas funcionalidades ao longo do tempo, como calendário, Hangout e criação<br />
e gestão de grupos. A Microsoft é um exemplo de preservação de padrão tecnoestético<br />
com o sistema operacional Windows. Não somente pelo padrão, mas pelos direitos<br />
de propriedade intelectual, a empresa segue buscando emplacar seu pacote de<br />
programas junto aos usuários de dispositivos. Tal estratégia não foi bem-sucedida nos<br />
smartphones, setor em que a participação de mercado do Windows Mobile é pequena<br />
frente ao Android e ao IoS, mas segue sólida entre os desktops, segmento no qual não<br />
há avanço, por exemplo, do Google.<br />
No plano dos conglomerados nacionais presentes na lista, a Rede Globo é reconhecida<br />
por diversos autores por criar um “padrão de qualidade” (BOLAÑO, 2004) que a<br />
conferiu um diferencial importante na disputa pelo mercado televisivo. Essa capacidade<br />
foi construída com décadas de investimentos públicos em infraestrutura, em publicidade<br />
e em políticas audiovisuais. Com base nisso, o grupo (que nasceu na mídia impressa<br />
e depois migrou para a TV e o rádio) desenvolveu forte hegemonia não somente em<br />
participação de audiência como em produções que se tornaram referência na televisão<br />
brasileira. As organizações seguem incrementando esse padrão, que é a base da sua<br />
atuação no terreno da Internet, com a comercialização do acesso às suas produções.<br />
6.6 Práticas anticoncorrenciais<br />
Nesta seção vamos discutir algumas práticas anticoncorrenciais de agentes de<br />
mercado. O termo designa aqui aquelas atitudes que, intencionalmente ou não, têm<br />
efeitos prejudiciais sobre a concorrência no mercado ou sobre agentes competidores.<br />
O debate proposto nesta seção esbarra na ausência de informações por parte dos<br />
agentes de mercado, não pretendendo aqui chegar à profundidade de análises como<br />
as realizadas por órgãos de defesa da concorrência. Mas, dentro desses limites, ainda<br />
assim é importante jogar luz sobre algumas iniciativas que impactam o mercado da<br />
camada de aplicações e conteúdos.<br />
Derrubada do alcance orgânico de posts<br />
to com os gostos do público-alvo, assim como as características socioculturais do ambiente onde é<br />
produzido esse bem simbólico e a finalidade para a qual o agente realizador o constrói, entre outros<br />
elementos. Envolve necessariamente recursos econômicos em larga escala, mas passa ainda pelo<br />
domínio das formas de fazer, numa área em que a economia da aprendizagem desempenha um papel<br />
chave” (p. 2).<br />
CONCENTRAÇÃO<br />
E DIVERSIDADE<br />
NA CAMADA DE<br />
APLICAÇÕES E<br />
CONTEÚDOS NO<br />
BRASIL<br />
123