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Monopólios Digitais

Concentração e Diversidade na Internet

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<strong>Monopólios</strong><br />

<strong>Digitais</strong><br />

ao longo dos últimos anos, é a opacidade dos elementos que guiam a escolha do que<br />

aparece. No máximo, a empresa anuncia alterações de forma genérica. Outra estratégia<br />

é a alteração recorrente destes critérios.<br />

A mais recente até o fechamento da presente pesquisa, e talvez a mais radical,<br />

ocorreu em janeiro de 2018. O feed reduziria o alcance de publicações de páginas, instituições,<br />

organizações e veículos de mídia em favor de mensagens de amigos. “Estou<br />

mudando o objetivo que dou às nossas equipes de produtos, de se concentrarem em<br />

te ajudar a encontrar conteúdo relevante para te ajudar a ter interações sociais mais<br />

significativas”, explicou Mark Zuckerberg em post no seu blog (ZUCKERBERG, 2018).<br />

Antes disso, a equipe da empresa já havia anunciado que reduziria o alcance<br />

de posts que classificou como “caçadores de cliques” (manchetes sensacionalistas, por<br />

exemplo) e “caçadores de engajamento” (que pedem likes ou compartilhamentos) , que<br />

permitiria esconder publicação de amigos temporariamente e priorizaria sites com<br />

carregamento mais rápido .<br />

Eleições, “fake news”, bolhas e posts impulsionados<br />

O Facebook foi posto em questionamento pela sua influência nas eleições de<br />

Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos em 2016. No ano seguinte, uma<br />

investigação foi aberta para apurar a influência de russos por meio de contas e posts<br />

patrocinados na plataforma, processo ainda aberto no momento de conclusão do presente<br />

estudo. Esses episódios colocaram no debate público a capacidade de disseminação<br />

das chamadas notícias falsas pela plataforma, o efeito bolha e o impacto que as<br />

mensagens pagas podem ter no debate democrático.<br />

A empresa desdenhou das críticas inicialmente, mas logo mudou sua posição<br />

e começou a apresentar medidas. Anunciou, no fim de 2016, que adotaria um identificador<br />

de notícias classificadas como falsas por organizações “checadoras de fatos”.<br />

Em dezembro de 2017, desistiu do recurso em favor da apresentação de “artigos relacionados”<br />

sobre o tema (LYONS, 2017). Sempre com o discurso de “promover o bem-<br />

-estar dos usuários”, a empresa promoveu alterações que comprometem em diversos<br />

aspectos o debate público no interior de sua plataforma.<br />

Ao reduzir o alcance de páginas, dificultou enormemente a atuação de veículos de<br />

mídia (especialmente os de menor estrutura, que não podem pagar para impulsionar conteúdos)<br />

e de páginas de organizações (especialmente as sem fins lucrativos). A definição de<br />

modalidades negativas (como caçadores de cliques ou de engajamento) é desenhada sem<br />

transparência, podendo prejudicar conteúdos não pensados originalmente neste sentido.<br />

No tocante ao uso de posts pagos em eleições, a companhia atualizou suas diretrizes<br />

sobre publicidade com algumas medidas de transparência, como disponibilizar todos<br />

os anúncios de uma página para consulta, o total gasto por esta página ou perfil, o número<br />

de entregas e informações demográficas sobre os usuários alcançados (GOLDMAN, 2017).<br />

ESTUDOS<br />

DE CASO<br />

148<br />

Inteligência artificial<br />

Assim como o Google, o Facebook tem se tornado cada vez mais uma empresa

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