Monopólios Digitais
Concentração e Diversidade na Internet
Concentração e Diversidade na Internet
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<strong>Monopólios</strong><br />
<strong>Digitais</strong><br />
Como afirmado na subseção anterior, as redes sociais possuem grande poder<br />
como intermediárias da circulação de conteúdo. Mais do que somente definir o que aparece<br />
em primeiro lugar no feed, o Facebook vem derrubando o chamado “alcance orgânico”<br />
(pessoas que visualizam a publicação sem necessidade de impulsionamento) dos posts<br />
de páginas. Estudo da consultoria BuzzSumo detectou uma queda de 20% desse alcance<br />
desde janeiro de 2017 (RAYSON, 2017). Frente a este quadro, organizações e empresas<br />
com páginas na plataforma passam a usar uma série de estratégias, do impulsionamento<br />
de posts à gestão de conteúdos para tentar “driblar” os obstáculos do algoritmo.<br />
Em dezembro de 2017, o Facebook anunciou uma alteração no News Feed<br />
para diminuir o alcance daquilo que chamou de “caçadores de engajamento” (SILVER-<br />
MAN, 2017). Entre esse tipo de conteúdo estão aqueles que pedem ou sugerem interações<br />
(como likes e compartilhamentos) 36 . Independentemente do exame da qualidade<br />
de publicações como essa, a derrubada de posts voltados a superar os limites<br />
impostos pelo próprio Facebook é uma prática que atinge organizações e empresas<br />
dependentes da atuação nas redes sociais.<br />
No início de 2018, o Facebook promoveu nova alteração em seu News Feed,<br />
reduzindo o alcance das publicações de páginas. Entre estas, as páginas de veículos<br />
tradicionais de mídia. No Brasil, uma reação extrema foi a da Folha de S. Paulo, que<br />
anunciou que iria parar de publicar conteúdos na plataforma (FOLHA DE S. PAULO,<br />
2018). O Facebook argumentou que a mudança tinha como intuito valorizar “interações<br />
mais significativas”. Mas na prática isso significou um duro golpe na mídia tradicional<br />
e uma pressão para o uso da ferramenta de conteúdos impulsionados.<br />
Priorização de serviços próprios nos resultados de buscas<br />
Estudos mostram que, em mecanismos de busca, a grande maioria dos usuários<br />
não chega a clicar para acessar a segunda página. Segundo levantamento da<br />
empresa Advanced Web Rankings de 2014, 67% dos cliques originados em páginas de<br />
resultados ocorrem nos cinco primeiros mencionados na lista. Ou seja, a posição no<br />
ranking faz a diferença na taxa de conversão em cliques (conhecida no mercado como<br />
Click-Through Rates). Estudo da agência de marketing digital Ignite Visibility 37 mapeou<br />
as taxas por posição: a 1ª possui 20,5%; a 2a, 13,3%; a 3a, 13,14%; a 4a, 9%; a 5a, 9%; e<br />
a 6a , 6,7%. Ou seja, as taxas de cliques da primeira posição são três vezes maiores do<br />
que a da sexta.<br />
CONCENTRAÇÃO<br />
E DIVERSIDADE<br />
NA CAMADA DE<br />
APLICAÇÕES E<br />
CONTEÚDOS NO<br />
BRASIL<br />
124<br />
Estudo do analista Benjamin Edelman apontou que o Google apresenta links<br />
ligados aos seus serviços em posições de destaque (EDELMAN, 2010). Um exemplo<br />
identificado foram buscas relacionadas ao mercado financeiro cuja página de resultados<br />
trazia links para o Google Finanças, sendo que, segundo o pesquisador, o site<br />
não está entre os mais populares do segmento. Em junho de 2017, o órgão antitruste<br />
da União Europeia multou o Google em € 2,4 bilhões por concluir que a companhia<br />
abusou de sua posição de mercado para favorecer seus serviços de comparação de<br />
36 Um tipo popular de post no Brasil são enquetes cujas respostas devem ser dadas com interações: se<br />
a resposta é A, o usuário é convidado a dar um like; se a resposta é B é instado a compartilhar.<br />
37 Lincoln, John. Google click-through rates in 2017 by ranking position. Ignite Visibility. Disponível em:<br />
https://ignitevisibility.com/ctr-google-2017/