22.02.2019 Views

Monopólios Digitais

Concentração e Diversidade na Internet

Concentração e Diversidade na Internet

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Monopólios</strong><br />

<strong>Digitais</strong><br />

Conclusões<br />

A pesquisa “Concentração e Diversidade na Internet”, realizada pelo Intervozes<br />

– Coletivo Brasil de Comunicação Social, teve como intuito entrar em um debate<br />

complexo mas de enorme importância social, uma vez que a web chega a mais da metade<br />

dos brasileiros, ganhando relevância crescente, e este ambiente vem sendo cada<br />

vez mais desafiado pela influência de grandes conglomerados, dos velhos monopólios<br />

tradicionais aos novos monopólios digitais. O questionamento sobre os níveis de concentração<br />

e graus de diversidade articula uma análise de cenário e tendências gerais<br />

da Internet com a realidade concreta examinada – no caso, o da camada de aplicações<br />

e conteúdos no Brasil.<br />

Dentro dos limites da pesquisa (que não se pretendeu exaustiva nem do ponto<br />

de vista histórico nem do escopo de apps e sites avaliados, mas um retrato daqueles<br />

principais), foi possível apreender o caráter contraditório da Internet, que abre possibilidades<br />

da presença de novos atores por meio de sites, blogs e perfis mas, ao mesmo<br />

tempo, potencializa o controle por meio de dinâmicas gerais do sistemas (como<br />

a concentração empresarial e a centralização geográfica) e das lógicas específicas do<br />

segmento de Tecnologias da Informação e da Comunicação (como o efeito de rede,<br />

o diferencial tecnológico e a base em dados). Enquanto há mais vozes na esfera da<br />

produção, a concentração é cada vez maior na esfera da circulação, com plataformas<br />

e toda forma de intermediários modulando e estabelecendo limites, regras e padrões<br />

de controle ao manancial de informação criado. Esta contradição não é estática, mas é<br />

resultado da disputa entre os agentes diversos da sociedade (mercado, Estado e sociedade<br />

civil) que se estabelece tanto na concorrência no mercado quanto na instituição<br />

de regramentos disciplinando as atividades.<br />

O modo de funcionamento do capitalismo, cada vez mais internacionalizado<br />

e operando sob uma lógica especulativa que tem nas empresas de tecnologia (como<br />

Apple, Alphabet/Google, Amazon, Microsoft e Facebook) uma ponta de lança, estimulou<br />

essas empresas a uma concorrência no âmbito global e fortaleceu aquelas baseadas<br />

nos EUA. A exceção são agentes chineses (como Baidu, Alibaba e Tencent) e<br />

algum caso pontual em outros países (como o sueco Spotify e o francês Deezer). O<br />

crescimento do valor de mercado dessas empresas, entre as mais valiosas do mundo,<br />

estimulou sua capitalização, em uma espiral de crescimento de receitas e investimentos.<br />

Como resultado, as mais bem estabelecidas no mercado ficam no topo da “cadeia<br />

alimentar”, adquirindo startups despontando.<br />

CONCLUSÕES<br />

Mas há dinâmicas próprias do segmento de tecnologia e da forma plataforma,<br />

largamente hegemônica atualmente. O “efeito de rede” fortalece a concentração, já<br />

que, quanto maior o número de usuários, mais atrativa a plataforma se torna. O diferencial<br />

tecnológico faz com que os recursos técnicos dos agentes (entre algoritmos,<br />

soluções de inteligência artificial e funcionalidades) dificultem enormemente a emergência<br />

de concorrentes. A base em dados reforça essas barreiras à entrada, uma vez<br />

que, quanto maior o concorrente, mais dados este controla, e maior sua vantagem no<br />

mapeamento de demandas e oferta de bens e serviços. A disputa desigual não se dá<br />

somente entre padrões estéticos e discursos, mas na capacidade de coletar e proces-<br />

162

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!