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Monopólios Digitais

Concentração e Diversidade na Internet

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<strong>Monopólios</strong><br />

<strong>Digitais</strong><br />

é dominada pelos conglomerados de mídia tradicional, como Globo, com algumas exceções,<br />

como o Palco Mp3. As diversas formas de intermediação configuram barreiras<br />

de entrada a novos agentes, como evidencia o caso do Facebook com a derrubada do<br />

alcance orgânico das páginas ou o Google privilegiando seus serviços nos resultados<br />

do mecanismo de busca. O controle do acesso aos aplicativos por meio das lojas e de<br />

sistemas operacionais (tanto de Google quanto Apple) é outro exemplo destes obstáculos,<br />

assim como a posse de uma grande quantidade de dados operada pelos gigantes<br />

do setor. Se antes brigar no mercado de comunicação envolvia cumprir a já difícil<br />

tarefa de lançar uma emissora ou publicação, agora a competição pelo topo envolve<br />

toda uma cadeia de serviços e soluções operada em âmbito internacional.<br />

Já os sites se mostram como espaço um pouco mais “aberto”, mesmo com<br />

uma intersecção entre estas duas modalidades de espaços (Google, Facebook e tantos<br />

outros operam tanto por meio de apps como em sites). Este universo segue comandado<br />

pelas principais plataformas, que vinculam seus serviços a seus portais, como<br />

no caso do Google, do Facebook, da Microsoft (Msn.com e Live.com) e do Yahoo (Yahoo.<br />

com). Embora apareçam mais atores brasileiros, estes estão sobretudo vinculados aos<br />

grandes conglomerados nativos, como UOL e Globo. Boa parte das exceções inclui<br />

sites “caça-cliques” (Blasting news, Explicandoo e O TV Foco), com chamadas sensacionalistas<br />

e contribuição duvidosa para o debate público. Do ponto de vista da natureza<br />

do conteúdo, o entretenimento é largamente majoritário. Em relação à diversidade no<br />

espectro político, sites da chamada mídia progressista aparecem distantes no ranking.<br />

No audiovisual, vê-se uma privatização crescente. Em que pese o consumo de<br />

conteúdos não oficiais, apelidado de pirataria, ser uma prática lícita, durante anos ele<br />

permitiu o acesso a uma diversidade grande de obras em áudio e vídeo. Mesmo os modelos<br />

de negócio gratuitos abriam espaço a este tipo de acesso. O que se vê nos últimos<br />

anos é um domínio dos serviços de streaming pagos, em uma divisão entre agentes<br />

internacionais (Netflix e Spotify) e nacionais (Globo e Palco Mp3). Este último é a exceção.<br />

Mas os concorrentes são outros conglomerados, como Amazon e Hulu no streaming de<br />

vídeo e Apple Music ou Deezer no streaming de áudio. As restrições de direitos autorais<br />

no YouTube fizeram deste um espaço não para acesso a obras audiovisuais de produtoras<br />

profissionais (como novelas e séries), mas mais um ecossistema diverso de vídeos<br />

produzidos por usuários e de grandes agentes de cultura (especialmente clipes de<br />

grandes gravadoras e alguns programas de televisão transmitidos). O instrumento das<br />

transmissões ao vivo começa a ser usado, embora não pelos principais concorrentes.<br />

Nesta brecha, os canais do YouTube se tornaram uma opção para muitas pessoas<br />

e coletivos desejosos de expressar opiniões. Mas o predomínio dos “comentários<br />

diversos” sugere uma liderança nesse mercado específico de canais voltados a monetizar<br />

visualizações de vídeos por meio de humor dos menos sofisticados. O direcionamento<br />

ao público infantil de diversos youtubers tem gerado reflexões acerca dos<br />

impactos desses “ídolos” na educação dessas crianças. Não se pode desprezar o uso<br />

dessa plataforma por diversos indivíduos e coletivos que difundem conteúdos provocadores<br />

e críticos, tentando romper a bolha da indústria cultural brasileira. Outrossim,<br />

esses perfis ainda não ganharam espaço entre os mais populares.<br />

As páginas de Facebook, espaços utilizados não só por mídias tradicionais como<br />

por organizações da sociedade civil e grupos de interesse, estão longe de ser instrumen-<br />

CONCLUSÕES<br />

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