Monopólios Digitais
Concentração e Diversidade na Internet
Concentração e Diversidade na Internet
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<strong>Monopólios</strong><br />
<strong>Digitais</strong><br />
Associado a essa característica está o efeito de rede (network effect), já mencionado.<br />
Quanto maior o número de usuários em cada um dos lados, mais opções<br />
o outro lado terá para a consecução de seu objetivo (seja ele a aquisição de um<br />
bem ou serviço, interação, difusão de conteúdos ou realização de uma atividade<br />
específica). Esse atributo cria uma lógica que potencializa os agentes líderes. Se<br />
uma pessoa deseja comparar preços de produtos, a plataforma com maior número<br />
de opções será mais atraente.<br />
2. Natureza tecnológica<br />
As plataformas digitais são sistemas tecnológicos, especificamente baseados em<br />
Tecnologias de Informação e Comunicação. Enquanto tais, elas têm na inovação um<br />
vetor central do seu desenvolvimento. Sua arquitetura técnica e funcionalidades fazem<br />
parte da sua natureza e são elemento crucial de diferenciação na concorrência<br />
no mercado. Essa busca pela diferenciação pode se dar no próprio produto e ou serviço<br />
provido (como o caso do mecanismo de busca do Google, que fez da empresa<br />
monopolista absoluta em seu mercado, ou da qualidade dos softwares e hardwares<br />
Apple, cujo exemplo é o iPhone, até hoje um marco em dispositivos móveis). Mas<br />
também pode ocorrer em funcionalidades específicas ou condição que garante a<br />
um serviço um desempenho melhor ou qualificado (como a invulnerabilidade a vírus<br />
de distribuição de sistemas operacionais Linux, a garantia de privacidade de navegadores<br />
Mozilla ou o recurso de “stickers” em grupos no Telegram). A natureza tecnológica<br />
faz com que essas empresas atuem em uma lógica de busca constante pela<br />
inovação. Uma vez conquistada uma tecnologia única transformada em um negócio<br />
estruturado, os ganhos econômicos se dão de forma expressiva. Essa dinâmica tem<br />
exemplos como os já citados Google e Apple, mas também ocorreu no caso da Microsoft<br />
e de seu Windows, do Facebook e da Amazon, entre outras empresas.<br />
3. Operação baseada na Internet<br />
As plataformas digitais são agentes operados por meio da Internet. Esta permitiu<br />
um acesso mais fácil aos integrantes de cada um dos lados (o AirBnb não precisa<br />
ir a uma cidade ou abrir escritório nela para que uma pessoa se inscreva nele) e,<br />
por outro, o acesso de integrantes de cada lado uns aos outros (um comprador<br />
encontrar um bem no eBay de alguém em outra cidade sem precisar sair de casa).<br />
Para alguém com acesso à web , essa capacidade abriu espaço para que cada<br />
vez mais agentes pudessem atuar em escala internacional e não somente restritos<br />
a seu mercado de origem. Isso, contudo, não significa necessariamente uma<br />
maior concorrência. Sendo muitas dessas plataformas baseadas em serviços e<br />
produtos informacionais (a fruição de um vídeo no YouTube, uma encomenda no<br />
eBay ou uma interação no Tinder), a capacidade de intercomunicação da Internet<br />
potencializou a oferta e a prestação desses serviços e produtos, a troca de<br />
conteúdos e as interações entre as pessoas. Embora muitas dessas plataformas<br />
tenham parte das suas atividades no mundo offline (o carro compartilhado na<br />
ZipCar ou o produto adquirido pelo Etsy), sua ação central depende do contato<br />
e das ações e relações construídas por meio da Internet (seja na interface direta<br />
da aplicação, seja na interface por meio de navegadores).<br />
4. Uso intensivo de dados<br />
Uma última e talvez mais importante marca das plataformas digitais é o uso intensivo<br />
de dados em todas as suas atividades. Se o principal negócio das pla-<br />
A CAMADA DE<br />
APLICAÇÕES E<br />
CONTEÚDOS<br />
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