conteúdo integral do livro - Assembleia da República
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O Sr. Presidente: — Tem a palavra o representante<br />
<strong>do</strong> MDP/CDE, Sra. Deputa<strong>da</strong><br />
Helena Ci<strong>da</strong>de Moura.<br />
A Sr.ª Helena Ci<strong>da</strong>de Moura (MDP/CDE):<br />
— Sr. Presidente <strong>da</strong> <strong>República</strong>, Sr. Presidente <strong>da</strong> <strong>Assembleia</strong> <strong>da</strong><br />
<strong>República</strong>, Srs. Conselheiros <strong>da</strong> Revolução, Sr. Presidente <strong>do</strong><br />
Supremo Tribunal de Justiça, Srs. Deputa<strong>do</strong>s, Srs. Membros <strong>do</strong><br />
Governo, minhas Senhoras e meus Senhores: O Grupo Parlamentar<br />
<strong>do</strong> MDP/CDE sobe a esta tribuna, trazen<strong>do</strong> com ele a alegria e a<br />
força de milhares de portugueses que hoje saú<strong>da</strong>m o 25 <strong>do</strong> Abril.<br />
Prestamos, em primeiro lugar, homenagem ao Movimento <strong>da</strong>s<br />
Forças Arma<strong>da</strong>s e, a to<strong>do</strong>s os militantes antifascistas, muito especialmente<br />
àqueles que, na clandestini<strong>da</strong>de, na prisão, no exílio,<br />
dedicaram <strong>integral</strong>mente a vi<strong>da</strong> à vitória <strong>do</strong>s ideais de liber<strong>da</strong>de,<br />
de fraterni<strong>da</strong>de, e deram à causa <strong>da</strong> participação o povo oprimi<strong>do</strong>,<br />
a grandeza de uma tarefa que pertence a to<strong>da</strong> a<br />
Humani<strong>da</strong>de.<br />
Aplausos <strong>do</strong> MDP/CDE, <strong>do</strong> PS, <strong>do</strong> PCP, <strong>da</strong> UDP e <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s<br />
Reforma<strong>do</strong>res.<br />
Nesta homenagem estão connosco os democratas que, nestes anos<br />
difíceis <strong>da</strong> nossa Revolução, souberam encontrar o caminho <strong>da</strong><br />
coerência, não perden<strong>do</strong> nunca o objectivo que escolheram. E<br />
ain<strong>da</strong> aqueles que souberam prescindir de regalias, com renúncia<br />
a comodi<strong>da</strong>des e a gastos supérfluos e converteram o seu estatuto<br />
social de privilégio na alegria <strong>da</strong> participação colectiva.<br />
Estão aqui, também, presentes as mulheres que transformaram,<br />
de um dia para o outro, a face visível <strong>da</strong> nossa vi<strong>da</strong> social, e que<br />
hoje marcam a luta presente e marcarão a história futura.<br />
E ain<strong>da</strong> a juventude que luta por emprego, por habitação, por<br />
melhores condições de vi<strong>da</strong>, de profissionalização e de estu<strong>do</strong>, e<br />
que alicerça essa luta organiza<strong>da</strong> numa consciência que garante<br />
a Revolução de Abril.<br />
O MDP/CDE celebra hoje a revolução portuguesa nos órgãos de<br />
poder local, nas comissões de mora<strong>do</strong>res, nas associações desportivas,<br />
recreativas e culturais que têm <strong>da</strong><strong>do</strong> forma estrutura<strong>da</strong> à<br />
participação popular, aprofun<strong>da</strong>n<strong>do</strong> as raízes <strong>da</strong> nossa democracia e<br />
alargan<strong>do</strong> em ca<strong>da</strong> dia, o campo democrático.<br />
Com o 25 de Abril, a cultura diversificou-se e enriqueceu-se e,<br />
apesar <strong>do</strong> boicote <strong>da</strong> rádio e <strong>da</strong> televisão, não se apaga a marca<br />
<strong>do</strong>s nossos intelectuais e artistas que souberam <strong>da</strong>r expressão à força<br />
Sessão solene comemorativa <strong>do</strong> 25 de Abril<br />
1980<br />
Helena Ci<strong>da</strong>de Moura<br />
MDP/CDE<br />
107<br />
<strong>da</strong> determinação de um povo, <strong>do</strong>s nossos ideais e à maravilhosa<br />
vivência <strong>da</strong> nossa Revolução.<br />
O MDP/CDE saú<strong>da</strong> hoje to<strong>do</strong>s os trabalha<strong>do</strong>res portugueses que<br />
lutam pelo progresso económico <strong>do</strong> País e que, apesar de to<strong>da</strong>s as<br />
calúnias e perseguições, continuam, numa uni<strong>da</strong>de ca<strong>da</strong> vez mais<br />
profun<strong>da</strong>, a luta pelo direito à participação na vi<strong>da</strong> política,<br />
económica e social, pelo direito ao trabalho, pela segurança<br />
social, pela valorização profissional, pelo direito à saúde, à<br />
habitação, ao ensino, pela melhoria de condições económicas e<br />
sociais <strong>da</strong> nossa pátria.<br />
O MDP/CDE saú<strong>da</strong>, neste dia, especialmente os trabalha<strong>do</strong>res <strong>da</strong><br />
Reforma Agrária que consagram to<strong>da</strong> a sua energia à valorização<br />
<strong>da</strong> terra, que investiram o excedente <strong>do</strong>s seus salários de fome, na<br />
melhoria <strong>da</strong>s condições agrícolas, em terras mesmo tradicionalmente<br />
aban<strong>do</strong>na<strong>da</strong>s. Espanca<strong>do</strong>s, assassina<strong>do</strong>s, expolia<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />
fruto <strong>do</strong> seu esforço gigantesco, os trabalha<strong>do</strong>res erguem-se na<br />
grandeza moral <strong>do</strong>s que lutam por uma causa colectiva.<br />
Eles são o exemplo <strong>da</strong>s revoluções que não param, se engrandecem,<br />
transbor<strong>da</strong>m e que marcam o limite <strong>da</strong>s suas derrotas, nas vitórias<br />
que iniciam.<br />
O MDP/CDE saú<strong>da</strong>, hoje, neste 25 de Abril, as sementeiras <strong>da</strong><br />
Primavera, com a certeza de que pela força que representam contra<br />
as forças <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, pela generosi<strong>da</strong>de com que abrem os<br />
caminhos <strong>do</strong> futuro, e pelo patriotismo de que são expressão, elas<br />
trazem, em si, o germe <strong>da</strong> paz.<br />
Aplausos <strong>do</strong> MDP/CDE, <strong>do</strong> PS e <strong>do</strong> PCP.<br />
A maior parte <strong>do</strong>s militantes <strong>do</strong> nosso parti<strong>do</strong> trabalha em<br />
cooperativas, órgãos <strong>do</strong> poder local, organizações profissionais,<br />
grupos de estu<strong>do</strong>, movimentos culturais. Orgulhamo-nos <strong>da</strong> nossa<br />
capaci<strong>da</strong>de de trabalho unitário e estamos certos de que o<br />
caminho para a democracia passa também por uma grande acção<br />
pe<strong>da</strong>gógica, que dê aos homens capaci<strong>da</strong>de de a<strong>da</strong>ptação.<br />
A posição <strong>do</strong> MDP/CDE é, porém, irredutível, face ao capitalismo<br />
monopolista, face ao latifúndio, pela certeza de que, sem a sua<br />
destruição, a democracia não é possível.<br />
Vozes <strong>do</strong> MDP/CDE: — Muito bem!<br />
A Ora<strong>do</strong>ra: — É essa a razão por que, neste momento, é clara e<br />
frontal a oposição <strong>do</strong> MDP/CDE ao Governo <strong>da</strong> AD: não só<br />
porque, a nível de medi<strong>da</strong>s legislativas, tu<strong>do</strong> tem tenta<strong>do</strong> fazer<br />
para repor a desordem <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, mas porque o tipo de relações<br />
tanto interna como externamente, para os quais se mostra vocaciona<strong>do</strong>,<br />
não respeitam a digni<strong>da</strong>de de ci<strong>da</strong>dão, adquiri<strong>da</strong> com o<br />
25 de Abril, nem a digni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Pátria independente, livre e