conteúdo integral do livro - Assembleia da República
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as correntes <strong>do</strong>utrinais aqui representa<strong>da</strong>s, a insubstituível abertura<br />
para submetermos à apreciação <strong>do</strong>s nossos compatriotas, à luz <strong>do</strong><br />
dia, no confronto com outras, as ideias que nos são caras.<br />
Só isso, qualquer que seja o passivo que deforma<strong>do</strong>ramente<br />
queiram assacar à restituição <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de aos Portugueses, vale,<br />
na nossa óptica, mais <strong>do</strong> que tu<strong>do</strong> o resto.<br />
Sem democracia, sem respeito pelos direitos <strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos, sem a<br />
entrega séria ao povo <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong>de de decidir pelo voto livre<br />
<strong>da</strong>s opções que lhe dizem respeito, não há ver<strong>da</strong>deiramente<br />
regime, nem pode falar-se em política a sério. Haverá, sim, arbitrarie<strong>da</strong>de,<br />
oligarquia, trapaça e, afinal, estabili<strong>da</strong>de impossível.<br />
Aplausos <strong>do</strong> PPM, <strong>do</strong> PSD, <strong>do</strong> PS, <strong>do</strong> CDS, <strong>da</strong> UEDS e <strong>da</strong> ASDI.<br />
É que as ditaduras são provisórias por natureza. O seu horizonte<br />
máximo, cinge-se à duração <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>do</strong> dita<strong>do</strong>r, ou à simples inércia<br />
<strong>da</strong>s consciências por despertar. As ditaduras são precárias, ain<strong>da</strong><br />
que fujam para a frente, para o belicismo — como aliás está na sua<br />
lógica. O definitivo está na normali<strong>da</strong>de democrática.<br />
E esta foi a principal e mais notável mensagem <strong>do</strong> 25 de Abril.<br />
Será, contu<strong>do</strong>, que nós temos usa<strong>do</strong> ou podi<strong>do</strong> usar essa mensagem<br />
em to<strong>da</strong> a extensão que ela comporta?<br />
É evidente que não. Façamos, aliás, uma ligeira rememoração de<br />
diversos factos que marcaram ou influenciaram bastante os últimos<br />
8 anos.<br />
Como muito bem recor<strong>da</strong>mos, desde ce<strong>do</strong> se desenhou, dentro <strong>do</strong><br />
vastíssimo leque de entusiastas <strong>do</strong> 25 de Abril e <strong>da</strong> autêntica<br />
liber<strong>da</strong>de, a movimentação <strong>da</strong>queles que, resvalan<strong>do</strong> para a<br />
tentação totalitária, de sinal inverso, mas de idêntico <strong>conteú<strong>do</strong></strong>,<br />
manobravam tenebrosamente para negar o estatuto de emancipa<strong>do</strong>s<br />
que os Portugueses haviam recupera<strong>do</strong>.<br />
Vozes <strong>do</strong> PPM, <strong>do</strong> PSD e <strong>do</strong> CDS: — Muito bem!<br />
O Ora<strong>do</strong>r: — E, para o efeito, esses burlões arregimenta<strong>do</strong>s não<br />
mostravam pu<strong>do</strong>r em usar de to<strong>do</strong>s os meios. Estruturas<br />
aproveita<strong>da</strong>s <strong>da</strong> ditadura, oportunistas com o mesmo fato, apressa<strong>da</strong>mente<br />
vira<strong>do</strong> ao contrário, méto<strong>do</strong>s iguais, coacção, censura,<br />
arbitrarie<strong>da</strong>des, pseu<strong>do</strong>vanguar<strong>da</strong>s oligárquicas, foram mobiliza<strong>do</strong>s<br />
para conduzir Portugal, de novo, para a servidão.<br />
Vozes <strong>do</strong> PPM, <strong>do</strong> PSD e <strong>do</strong> CDS: — Muito bem!<br />
O Ora<strong>do</strong>r: — O povo, porém, resistiu com firmeza. Militantes<br />
anónimos e dirigentes políticos e militares empenharam to<strong>da</strong> a<br />
força moral <strong>da</strong>s suas convicções para fazerem cumprir os indeclináveis<br />
ditames <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de. E foi possível travar a tracção para<br />
o abismo, para a qual os novos dita<strong>do</strong>res pretendiam conduzir-nos.<br />
Sessão solene comemorativa <strong>do</strong> 25 de Abril<br />
1982<br />
Ferreira <strong>do</strong> Amaral<br />
PPM<br />
192<br />
Uma travagem que espantou o mun<strong>do</strong> livre e que poucos paralelos<br />
encontra noutros países. Uma travagem que mostrou a personali<strong>da</strong>de,<br />
a sereni<strong>da</strong>de e o senso de um povo que, antigamente,<br />
afirmavam imprepara<strong>do</strong> para a democracia, e que os novos<br />
candi<strong>da</strong>tos a dita<strong>do</strong>res julgavam fácil presa <strong>da</strong>s suas ideias sediças,<br />
estiola<strong>da</strong>s e anti-humanas.<br />
Aplausos <strong>do</strong> PPM, <strong>do</strong> PSD, <strong>do</strong> PS, <strong>do</strong> CDS, <strong>da</strong> UEDS e <strong>da</strong> ASDI.<br />
Uma travagem que evidenciou como os Portugueses, desde os mais<br />
letra<strong>do</strong>s aos menos favoreci<strong>do</strong>s pela sorte e pela erudição, sabem<br />
bem, no essencial, descortinar onde estão os lobos disfarça<strong>do</strong>s de<br />
cordeiros. E que nenhuma vontade têm de abdicar <strong>do</strong> que faz já<br />
parte <strong>do</strong> seu património histórico — as instituições livres, na única<br />
forma em que são livres, isto é, à maneira <strong>do</strong> Ocidente.<br />
Vozes <strong>do</strong> PPM e <strong>do</strong> PSD: — Muito bem!<br />
O Ora<strong>do</strong>r: — Mas dessa tentação nega<strong>do</strong>ra <strong>da</strong> plena liber<strong>da</strong>de<br />
ficaram sequelas.<br />
Ficou um pacto MFA-parti<strong>do</strong>s, que manteve sob tutela os canais<br />
mais autênticos de expressão <strong>da</strong>s vontades divergentes e pluralistas,<br />
ver<strong>da</strong>deiro peca<strong>do</strong> original <strong>da</strong> nossa actual democracia, que o<br />
meu parti<strong>do</strong> se orgulha de ter recusa<strong>do</strong> assinar.<br />
O Sr. Borges de Carvalho (PPM): — Muito bem!<br />
O Ora<strong>do</strong>r: — Ficou uma Constituição eiva<strong>da</strong> de dirigismo ideológico,<br />
positiva, sem dúvi<strong>da</strong>, em muitos aspectos, mas híbri<strong>da</strong> no<br />
compromisso com a intolerância. Uma Constituição que nos afirma,<br />
por um la<strong>do</strong>, e bem, garantir o critério democrático <strong>do</strong> Poder e a<br />
sua alternância, e, pelo outro, impõe à força o socialismo, mesmo<br />
quan<strong>do</strong> os socialistas estão na oposição.<br />
Vozes <strong>do</strong> PPM e <strong>do</strong> PSD: — Muito bem!<br />
O Ora<strong>do</strong>r: — Uma Constituição que faz <strong>da</strong> regra <strong>da</strong> maioria o fun<strong>da</strong>mento<br />
<strong>da</strong> opção, mas que por outro la<strong>do</strong> entrega à minoria a<br />
facul<strong>da</strong>de de discricionariamente decidir <strong>do</strong> modelo básico que<br />
enformará a nossa ordem jurídica.<br />
Ficaram os escombros de um carnaval de esquerdismo comunista,<br />
feito de facili<strong>da</strong>des e de endivi<strong>da</strong>mento, que minou hábitos e<br />
estruturas económicas e deixou enfraqueci<strong>da</strong>s as possibili<strong>da</strong>des<br />
de recuperarmos de desequilíbrios que a conjuntura externa<br />
agrava, e de atrasos que as novas gerações nos imputarão também.<br />
Vozes <strong>do</strong> PPM e <strong>do</strong> PSD: — Muito bem!