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conteúdo integral do livro - Assembleia da República

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O Sr. Presidente: — Para uma intervenção,<br />

em nome <strong>do</strong> Grupo Parlamentar<br />

<strong>do</strong> Parti<strong>do</strong> Comunista Português, tem a<br />

palavra o Sr. Deputa<strong>do</strong> João Amaral.<br />

O Sr. João Amaral (PCP):— Sr. Presidente<br />

<strong>da</strong> <strong>República</strong>, Sr. Presidente <strong>da</strong> <strong>Assembleia</strong> <strong>da</strong> <strong>República</strong>, Sr.<br />

Primeiro-Ministro, Srs. Presidente <strong>do</strong> Supremo Tribunal de<br />

Justiça e Sr. Presidente <strong>do</strong> Tribunal Constitucional, Sras. e Srs.<br />

Convi<strong>da</strong><strong>do</strong>s, Capitães de Abril, Sras. e Srs. Deputa<strong>do</strong>s: Reúnem-se<br />

hoje, aqui, Órgãos de Soberania e as mais altas instâncias <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>, nesta sede <strong>da</strong> «assembleia representativa de to<strong>do</strong>s os<br />

ci<strong>da</strong>dãos portugueses», para celebrar o 23.º Aniversário <strong>do</strong> 25 de<br />

Abril. Somos aqui convoca<strong>do</strong>s pela vontade de um povo que ama<br />

a liber<strong>da</strong>de e a reconquistou, nessa jorna<strong>da</strong> inesquecível, com a<br />

valorosa acção <strong>do</strong> Movimento <strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s, <strong>do</strong> MFA. No<br />

lugar de honra <strong>do</strong>s nossos corações estão os capitães desse Abril<br />

<strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de, aqui representa<strong>do</strong>s na tribuna pela Associação 25<br />

de Abril, que saú<strong>do</strong> com emoção e com renova<strong>da</strong> fraterni<strong>da</strong>de.<br />

Aplausos <strong>do</strong> PCP, <strong>do</strong> PS, de Os Verdes e de alguns Deputa<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

PSD.<br />

Esta é uma Casa de liber<strong>da</strong>de, esta é a vossa casa também!<br />

O 25 de Abril deve ser comemora<strong>do</strong> aqui, na sede <strong>da</strong> representação<br />

nacional, porque, sen<strong>do</strong> a matriz conforma<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> regime<br />

democrático, ele tem de ser a primeira referência de to<strong>do</strong>s os<br />

órgãos de soberania, de to<strong>da</strong>s as instâncias <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e de to<strong>da</strong> a<br />

Administração Pública, sem excepção.<br />

Também as Forças Arma<strong>da</strong>s comemoram de forma especial a <strong>da</strong>ta<br />

<strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de, porque, ten<strong>do</strong> delas emergi<strong>do</strong> a acção militar de<br />

força que derrubou o regime fascista, o 25 de Abril deve ser para<br />

elas motivo de legítimo orgulho e de referência permanente <strong>do</strong><br />

dever cumpri<strong>do</strong> para com o povo português e para com Portugal.<br />

Mas é com as comemorações populares que o 25 de Abril ganha<br />

to<strong>do</strong> o seu significa<strong>do</strong>. Aquele povo que tomou no seu coração a<br />

Revolução, logo nas primeiras horas, ain<strong>da</strong> os tanques percorriam<br />

as ruas de Lisboa, coman<strong>da</strong><strong>do</strong>s pelo sau<strong>do</strong>so e tão injustiça<strong>do</strong><br />

capitão Salgueiro Maia. Aquele povo que encheu as praças de<br />

to<strong>do</strong> o País no 1.º de Maio mais carrega<strong>do</strong> de esperança e confiança<br />

de to<strong>da</strong> a nossa História.<br />

Este ano, as comemorações populares vão ter um momento particularmente<br />

alto aqui, em Lisboa. Num <strong>do</strong>s seus sítios mais<br />

Sessão solene comemorativa <strong>do</strong> 25 de Abril<br />

1997<br />

João Amaral<br />

PCP<br />

461<br />

nobres e centrais, a ci<strong>da</strong>de vai abrir à vista de to<strong>do</strong>s um monumento<br />

ao 25 de Abril, a sua homenagem à Revolução. Era um sonho<br />

de muitos portugueses, e particularmente de muitos lisboetas,<br />

terem na capital <strong>do</strong> País uma evocação significativa <strong>da</strong> Revolução.<br />

Bem haja a Câmara Municipal de Lisboa, que deu corpo ao<br />

monumento que hoje à tarde é inaugura<strong>do</strong>.<br />

Aplausos <strong>do</strong> PCP, <strong>do</strong> PS, de Os Verdes e <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> PSD<br />

Mota Amaral e Silva Marques.<br />

Mas os portugueses que hoje comemoram os 23 anos <strong>da</strong><br />

Revolução não vão limitar-se à festa. Vão olhar à sua volta e fazer<br />

o balanço <strong>da</strong> situação em que vivem e <strong>da</strong>s perspectivas que se<br />

abrem para o seu futuro. Vão querer saber onde está a justiça<br />

social a que têm direito. Vão querer saber por que está adia<strong>do</strong> o<br />

desenvolvimento equilibra<strong>do</strong> <strong>do</strong> País, por que é que a riqueza<br />

está ca<strong>da</strong> vez mais concentra<strong>da</strong>, por que razão o trabalho tem<br />

ca<strong>da</strong> vez menos valor social, por que razão quem trabalha está<br />

ca<strong>da</strong> vez mais desprotegi<strong>do</strong> e sujeito à prepotência. Vão querer<br />

saber como é que um país pode ir desmantelan<strong>do</strong> insensatamente<br />

a sua agricultura, as pescas, a indústria mineira, como é que um país<br />

pode progredir, deixan<strong>do</strong> ca<strong>da</strong> vez mais à sua sorte os sectores<br />

produtivos <strong>da</strong> economia. Vão querer saber como é que se defende<br />

a independência nacional, quan<strong>do</strong> é ca<strong>da</strong> vez maior a sujeição<br />

económica <strong>do</strong> País.<br />

Foi o 25 de Abril que traçou os grandes desígnios nacionais, verti<strong>do</strong>s<br />

depois para a Constituição <strong>da</strong> <strong>República</strong>.<br />

Grande desígnio nacional assumi<strong>do</strong> com o 25 de Abril é a democracia,<br />

a liber<strong>da</strong>de e o pluralismo; é a justiça social; é a democracia<br />

económica, com a subordinação <strong>do</strong> poder económico ao poder<br />

político; é a democracia na empresa, com a garantia <strong>do</strong>s direitos <strong>do</strong>s<br />

trabalha<strong>do</strong>res; é a democracia cultural e a igual<strong>da</strong>de de oportuni<strong>da</strong>des<br />

no acesso à educação e ensino; é a descentralização <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>; é a garantia <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e <strong>da</strong> independência<br />

nacional.<br />

Não faz parte <strong>do</strong>s desígnios nacionais ter um exército de <strong>do</strong>is<br />

milhões de trabalha<strong>do</strong>res em regime de trabalho precário ou<br />

manter no desemprego perto de meio milhão de portugueses.<br />

Também não faz parte <strong>do</strong>s desígnios nacionais deixar a indústria<br />

têxtil portuguesa à mercê de uma concorrência internacional<br />

mortífera, aceitan<strong>do</strong> uma imposição pela Comissão Europeia no<br />

senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> desarmamento alfandegário antes <strong>do</strong>s prazos acor<strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />

e defini<strong>do</strong>s para a nossa indústria proceder à sua preparação e<br />

reestruturação.<br />

Nem faz parte <strong>do</strong>s desígnios nacionais vender de forma sistemática<br />

o valioso património acumula<strong>do</strong> por gerações de empresas estatais<br />

ou com participação estatal, permitin<strong>do</strong> a reconstituição <strong>do</strong><br />

desmesura<strong>do</strong> poder de um punha<strong>do</strong> de grupos económicos, onde

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