16.04.2013 Views

conteúdo integral do livro - Assembleia da República

conteúdo integral do livro - Assembleia da República

conteúdo integral do livro - Assembleia da República

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

política de preços uma política que agrade aos grandes intermediários;<br />

<strong>da</strong> própria Constituição, com os seus objectivos socialistas,<br />

uma Constituição igual à <strong>do</strong>s países capitalistas <strong>da</strong> Europa; <strong>da</strong>s<br />

nossas forças arma<strong>da</strong>s umas forças arma<strong>da</strong>s onde caibam os<br />

spinolistas e mesmo os oficiais sanea<strong>do</strong>s com o 25 de Abril e onde<br />

não caibam os oficiais de Abril.<br />

Por isso há que dizer hoje com to<strong>da</strong> a clareza que o que está mal, o<br />

que está a falhar no Portugal de Abril é que se esteja em grande<br />

parte a governar contra as conquistas populares, que são elas mesmas<br />

os alicerces de um Portugal novo. O que está erra<strong>do</strong> não é, nem<br />

podia ser, o 25 de Abril, mas sim os ataques ao 25 de Abril. Aliás nem<br />

outra coisa seria de esperar. Se muitos trabalha<strong>do</strong>res conseguiram<br />

melhorar a sua vi<strong>da</strong> na luta contra os monopólios, uma política que<br />

ce<strong>da</strong> diante <strong>da</strong>s exigências <strong>do</strong>s monopólios tem evidentemente como<br />

consequência crescentes dificul<strong>da</strong>des para os trabalha<strong>do</strong>res.<br />

Mas reparai, reparai bem, ao que conduziu esta política de ir<br />

ceden<strong>do</strong> diante <strong>da</strong> reacção à espera que ela se acalmasse. A<br />

reacção, que aplaudiu ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s desocupações no Alentejo e<br />

ca<strong>da</strong> corte de crédito que foi feito às cooperativas, surge hoje a<br />

exigir to<strong>da</strong> a terra para os latifundiários.<br />

A reacção e o fascismo, que aplaudiram ca<strong>da</strong> pide e ca<strong>da</strong><br />

bombista escan<strong>da</strong>losamente liberta<strong>do</strong>, surgem hoje a exigir o julgamento<br />

<strong>do</strong> próprio Primeiro-Ministro, como fez o fascista Kaúlza<br />

de Arriaga. A reacção, que aplaudiu delirantemente o afastamento<br />

de ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s oficiais de Abril, surge hoje a exigir o afastamento<br />

<strong>do</strong>s últimos, ao mesmo tempo que por detrás <strong>da</strong> conversa <strong>da</strong>s<br />

hierarquias exige que o coman<strong>do</strong> <strong>da</strong>s forças arma<strong>da</strong>s seja<br />

entregue aos velhos Pinochets <strong>do</strong> fascismo e <strong>da</strong> guerra colonial. A<br />

reacção, que aplaudiu ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s leis que foram feitas contra<br />

a Constituição, surge hoje, em nome dessas leis, a exigir que se<br />

rasgue a própria Constituição. E hoje aí está ela, onde é maioria,<br />

a recusar-se a celebrar o próprio 25 de Abril, como aconteceu<br />

escan<strong>da</strong>losamente na <strong>Assembleia</strong> Regional <strong>da</strong> Madeira.<br />

No fun<strong>do</strong> a reacção hoje procura lançar sobre o 25 de Abril e<br />

sobre a Constituição as culpas pelos resulta<strong>do</strong>s desastrosos de<br />

uma política que tem si<strong>do</strong> feita em grande parte contra o 25 de<br />

Abril e contra a Constituição.<br />

A reacção, benefician<strong>do</strong> hoje com a benevolência com que foi<br />

trata<strong>da</strong>, conspira e actua ca<strong>da</strong> vez mais abertamente.<br />

Da mesma forma que os fascistas aproveitaram a benevolência<br />

com que foram trata<strong>do</strong>s pela I <strong>República</strong> para a esmagarem e<br />

porem Salazar no Poder. E, hoje, como então, aí está to<strong>da</strong> a<br />

reacção à volta de Kaúlza e de Sá Carneiro ...<br />

Vozes <strong>do</strong> PSD: — Não apoia<strong>do</strong>!<br />

O Ora<strong>do</strong>r: — ... a fazer apelos, dizen<strong>do</strong> que é preciso encontrar<br />

um chefe capaz de salvar Portugal. Há cinquenta anos o chefe<br />

Sessão solene comemorativa <strong>do</strong> 25 de Abril<br />

1978<br />

Acácio Barreiros<br />

UDP<br />

48<br />

que os fascistas encontraram foi Salazar, não para salvar Portugal,<br />

mas para enriquecer meia dúzia de monopolistas à custa <strong>da</strong> fome<br />

e <strong>da</strong> escravidão de to<strong>do</strong> um povo.<br />

As campanhas <strong>do</strong>s fascistas não ficam evidentemente só nas<br />

palavras, mas começam a crescer de violência sobretu<strong>do</strong> nas<br />

regiões autónomas, onde contam com a complacência <strong>do</strong>s<br />

Governos Regionais.<br />

Vozes <strong>do</strong> PSD: — Não apoia<strong>do</strong>!<br />

O Ora<strong>do</strong>r: — A acção criminosa <strong>do</strong>s grupos separatistas, <strong>do</strong>s<br />

bombistas e <strong>da</strong>s juventudes fascistas nas escolas em na<strong>da</strong> se distingue<br />

<strong>da</strong> <strong>da</strong>s juventudes de Mussolini, <strong>da</strong>s juventudes hitlerianas<br />

na Alemanha ou <strong>do</strong>s grupos terroristas no Chile, que com a sua<br />

acção prepararam o assalto sanguinário <strong>da</strong>s ditaduras fascistas.<br />

O Sr. Cunha Simões (CDS): — E os terroristas <strong>da</strong> Baixa <strong>da</strong><br />

Banheira?<br />

O Ora<strong>do</strong>r: — Entretanto a nível militar, como o próprio Conselho<br />

<strong>da</strong> Revolução reconheceu, procura criar-se de novo o clima de há<br />

cinquenta anos, que permitiu a Gomes <strong>da</strong> Costa esmagar a<br />

<strong>República</strong>.<br />

O Sr. Olívio França (PSD): — Não apoia<strong>do</strong>!<br />

O Ora<strong>do</strong>r: — Se fiz este curto paralelo com os dramáticos acontecimentos<br />

que permitiram a que<strong>da</strong> <strong>da</strong> I <strong>República</strong>, é apenas para<br />

dizer a nossa convicção de que hoje as forças democráticas e os<br />

trabalha<strong>do</strong>res não permitirão que tal se repita. Se os erros <strong>do</strong>s<br />

republicanos de há cinquenta anos foram uma tragédia, repetir<br />

hoje esses erros não passaria de uma farsa.<br />

Saberemos defender o 25 de Abril não só <strong>do</strong>s seus inimigos, como<br />

<strong>da</strong>queles que não têm a coragem de o defender.<br />

Saberemos defender Abril com a consciência perfeita de que as<br />

declarações antifascistas, embora positivas, por si só não bastam.<br />

A ofensiva contra as conquistas <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, o ciclo ruinoso<br />

<strong>do</strong>s empréstimos estrangeiros, a impuni<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s inimigos <strong>da</strong><br />

liber<strong>da</strong>de têm de ser trava<strong>do</strong>s. Os trabalha<strong>do</strong>res sabem que têm<br />

de lutar contra quem governa contra eles, pois tem si<strong>do</strong> à sombra<br />

de tal política que a direita fascista tem cresci<strong>do</strong>.<br />

Saberemos defender Abril até porque o povo pobre sabe que, se<br />

lhe tirarem o 25 de Abril, na<strong>da</strong> mais lhe resta. E hoje, que a<br />

direita fascista já diz que voltará a descer às ruas para esmagar<br />

Abril, é preciso dizer-lhe que, se o fizer, não será a primeira vez<br />

que será derrota<strong>da</strong>, pois já a vencemos a 28 de Setembro e a<br />

11 de Março. A UDP reafirma a sua convicção profun<strong>da</strong> de que,<br />

se for preciso, o povo saberá defender de novo nas barrica<strong>da</strong>s o

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!