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conteúdo integral do livro - Assembleia da República

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O Sr. Presidente <strong>da</strong> <strong>Assembleia</strong> <strong>da</strong><br />

<strong>República</strong> Leonar<strong>do</strong> Ribeiro de<br />

Almei<strong>da</strong>:<br />

— Exmo. Sr. Presidente <strong>da</strong> <strong>República</strong>, Sr.<br />

Primeiro-Ministro e Srs. Membros <strong>do</strong> Governo, Sr. Presidente <strong>do</strong><br />

Supremo Tribunal de Justiça, Srs. Membros <strong>do</strong> Conselho <strong>da</strong><br />

Revolução, Sr. Prove<strong>do</strong>r de Justiça, Exmo, Sr. Cardeal-Patriarca,<br />

Exmos Srs. Chefes de Missões Diplomáticas acredita<strong>da</strong>s em<br />

Lisboa, Exmas Autori<strong>da</strong>des Militares e Civis, Exmas Autori<strong>da</strong>des<br />

<strong>da</strong>s Regiões Autónomas <strong>da</strong> Madeira e <strong>do</strong>s Açores, Srs. Deputa<strong>do</strong>s,<br />

minhas Senhoras e meus Senhores: É elementar e primeiro dever<br />

que incumbe ao Presidente <strong>da</strong> <strong>Assembleia</strong> <strong>da</strong> <strong>República</strong> apresentar<br />

a to<strong>do</strong>s VV. Exas a expressão sincera <strong>do</strong> nosso agradecimento pelo<br />

brilho e pelo acréscimo de soleni<strong>da</strong>de que com a vossa presença<br />

nesta sessão nos quiseram trazer.<br />

Aqui nos reunimos mais uma vez para que, em sessão soleníssima,<br />

festejamos, com a serena alegria que inun<strong>da</strong> os nossos<br />

corações e as nossas inteligências — e nesse ponto nos irmanamos<br />

to<strong>do</strong>s —, o 7º aniversário <strong>da</strong> Revolução de 25 de Abril de 1974, a<br />

<strong>da</strong>ta memorável em que Portugal se viu restituí<strong>do</strong> à liber<strong>da</strong>de e à<br />

plenitude <strong>do</strong>s direitos cívicos e políticos <strong>do</strong>s seus filhos.<br />

E há-de realçar-se desde já que esse movimento, triunfan<strong>do</strong> militarmente<br />

de mo<strong>do</strong> fulminante, sem sangue e sem tiros, tem,<br />

to<strong>da</strong>via, na história <strong>da</strong>s nossas instituições políticas, implicações<br />

profun<strong>da</strong>s e representa nela um marco decisivo.<br />

É que não se tratou apenas de um golpe militar para mu<strong>da</strong>r pessoas<br />

ou governos, manten<strong>do</strong>, to<strong>da</strong>via, o quadro institucional,<br />

como tantas vezes sucedeu nos primeiros tempos <strong>da</strong> <strong>República</strong> e<br />

em alguns perío<strong>do</strong>s <strong>do</strong> constitucionalismo monárquico.<br />

Não. O 25 de Abril foi porta<strong>do</strong>r de uma força de ruptura total<br />

com as instituições políticas então vigentes; e por isso não pode<br />

considerar-se como um mero pronunciamento militar, mas sim, e<br />

no ver<strong>da</strong>deiro senti<strong>do</strong> <strong>da</strong> palavra, como uma autêntica revolução.<br />

Por essa razão, e porque visou derrubar e derrubou um regime<br />

arbitrário e opressor, encontrou de pronto na totali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> povo<br />

português uma soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de e uma adesão entusiásticas e totais,<br />

porventura poucas vezes iguala<strong>da</strong> em to<strong>do</strong> o nosso passa<strong>do</strong><br />

histórico.<br />

As revoluções deste tipo, mesmo quan<strong>do</strong>, como a de 25 de Abril<br />

de 1974, traduzem o grito por mais tempo irreprimível de um<br />

povo consciente <strong>do</strong>s seus direitos humanos e que durante meio<br />

século lhe foram nega<strong>do</strong>s, têm, to<strong>da</strong>via, um preço, que a história<br />

Sessão solene comemorativa <strong>do</strong> 25 de Abril<br />

1981<br />

Leonar<strong>do</strong> Ribeiro de Almei<strong>da</strong><br />

Presidente <strong>da</strong> <strong>Assembleia</strong> <strong>da</strong> <strong>República</strong><br />

167<br />

demonstra ser-lhes necessariamente inerente: os primeiros tempos<br />

que se lhes seguem são quase sempre mais de emoção <strong>do</strong> que de<br />

raciocínio frio e, quantas vezes, a sereni<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s mais competentes<br />

não é sacrifica<strong>da</strong> à rapidez <strong>do</strong>s mais atrevi<strong>do</strong>s!<br />

Também por isso passámos. Mas tu<strong>do</strong> isso, felizmente, ultrapassámos.<br />

Quan<strong>do</strong> os temporais agitam os mares, por mais violento que seja<br />

o ven<strong>da</strong>val, as on<strong>da</strong>s alterosas que se levantam é sempre sobre si<br />

próprias que se abatem, e, no auge <strong>da</strong> tempestade, permanecem<br />

serenas e quietas as profundi<strong>da</strong>des, impassíveis na sua quietude<br />

perante a agitação, quiçá violenta, mas sempre passageira, que<br />

lhes perturba a superfície. Mas só a superfície.<br />

Assim é, meus senhores, a consciência colectiva <strong>do</strong>s povos. E<br />

assim se comportou a consciência cívica <strong>do</strong> povo português.<br />

Por isso, podemos, eu creio, afirmar que o 25 de Abril triunfou<br />

duas vezes: triunfou ao restituir ao povo português, naquela<br />

manhã para sempre lembra<strong>da</strong>, com a sua liber<strong>da</strong>de, a possibili<strong>da</strong>de<br />

de ser ele próprio e triunfou também de quantos quiseram<br />

mais dele servir-se <strong>do</strong> que servi-lo.<br />

Aplausos <strong>do</strong> PSD, <strong>do</strong> CDS e <strong>do</strong> PPM.<br />

Por uma forma muito persistente e muito firme, foi possível ir<br />

encontran<strong>do</strong> as soluções mais equilibra<strong>da</strong>s e mais genuinamente<br />

democráticas. E hoje, que sete anos são volvi<strong>do</strong>s sobre a<br />

efeméride que festejamos, o sal<strong>do</strong> esmaga<strong>do</strong>ramente positivo é<br />

este: em Portugal vive-se em democracia, possuímos um regime<br />

democrático em vias de plena institucionalização e aqui hoje as<br />

mulheres e os homens podem proclamar com honra e sem<br />

excepção que não estamos mais orgulhosamente sós, mas sim que<br />

somos orgulhosamente livres.<br />

Vozes <strong>do</strong> PSD: — Muito bem!<br />

O Ora<strong>do</strong>r: — Festejamos, pois, Sr. Presidente, minhas Senhoras,<br />

meus Senhores, os sete anos passa<strong>do</strong>s sobre a Revolução de Abril.<br />

Mas pedir-vos-ia licença para juntar a esta celebração uma outra<br />

que, como português, sinto em consciência o dever de invocar<br />

aqui e agora: penso e recor<strong>do</strong> o dia 25 de Abril de 1975, em que<br />

pela primeira vez se realizaram em Portugal eleições livres; nesse<br />

dia o povo português foi chama<strong>do</strong> a eleger os seus deputa<strong>do</strong>s para<br />

a <strong>Assembleia</strong> Constituinte. E nesse outro 25 de Abril o povo português<br />

agiu com um civismo, com um tão alto senti<strong>do</strong> <strong>da</strong>s suas<br />

responsabili<strong>da</strong>des, votou em consciência, em paz e com tal<br />

sereni<strong>da</strong>de, com tão grande e tão profun<strong>do</strong> espírito democrático<br />

que bem podemos assentar nisto: se o 25 de Abril de 1974 abriu<br />

as portas à democracia portuguesa, foi o povo português em 25<br />

de Abril de 1975 que a afirmou para sempre; esse o dia <strong>da</strong> consagração<br />

demonstra<strong>da</strong> <strong>do</strong> amor imperecível <strong>do</strong> nosso povo à

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