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conteúdo integral do livro - Assembleia da República

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algum significa desinteresse ou desrespeito <strong>da</strong> função. Fácil é ver<br />

então — e só o não vê quem não quer — que muitos membros <strong>da</strong><br />

<strong>Assembleia</strong> se dividem por múltiplas activi<strong>da</strong>des <strong>do</strong> seu cargo ou<br />

então preparam intervenções em condições tais e tão pobres que<br />

não sei se outros trabalha<strong>do</strong>res deste país as aceitariam nos seus<br />

locais de trabalho.<br />

Aplausos <strong>do</strong> PSD, <strong>do</strong> CDS, <strong>do</strong> PPM, <strong>do</strong> PS, <strong>da</strong> ASDI, <strong>da</strong> UEDS e<br />

<strong>do</strong> MDP/CDE.<br />

E pareceu-me necessário Srs. Deputa<strong>do</strong>s, dizê-lo aqui e agora,<br />

perante o eleitora<strong>do</strong> que a to<strong>do</strong>s nós elegeu, para, com a voz<br />

autoriza<strong>da</strong> que tenho o direito de me ver reconheci<strong>da</strong>, desmentir<br />

a calúnia e proclamar a digni<strong>da</strong>de com que na <strong>Assembleia</strong> <strong>da</strong><br />

<strong>República</strong> se trabalha e se cumpre fielmente o man<strong>da</strong>to recebi<strong>do</strong><br />

desse mesmo eleitora<strong>do</strong>.<br />

Aplausos <strong>do</strong> PSD, <strong>do</strong> CDS, <strong>do</strong> PPM, <strong>do</strong> PS, <strong>da</strong> ASDI, <strong>da</strong> UEDS e<br />

<strong>do</strong> MDP/CDE.<br />

Tenho-me empenha<strong>do</strong>, com a colaboração preciosa <strong>do</strong>s serviços<br />

competentes desta Casa e agora já <strong>da</strong>s instâncias competentes <strong>do</strong><br />

Governo, na modificação desta lamentável ausência de meios de<br />

trabalho; começam, felizmente, a surgir as soluções e algumas se<br />

concretizarão em curto prazo, mas as definitivas, pelo tempo<br />

indispensável à sua realização, não serão breves, para poderem<br />

ser eficientes. Isso imporá, portanto, e por algum tempo, a sobrecarga<br />

de esforço que até hoje tem si<strong>do</strong> exigi<strong>da</strong> a to<strong>da</strong>s VV. Exas,<br />

Srs. Deputa<strong>do</strong>s.<br />

Sr. Presidente, minhas Senhoras, meus Senhores: Festejemos,<br />

pois, hoje a <strong>da</strong>ta de 25 de Abril e o movimento militar que permitiu<br />

a restauração em Portugal <strong>da</strong> democracia.<br />

Mas, se é grato comemorá-la, é preciso, é urgente, vivê-la.<br />

E essa vivência tem de ser a reali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> quotidiano. Há-de, para ser<br />

frutuosa, traduzir-se na acção serena, na convivência leal e aberta,<br />

no respeito recíproco <strong>do</strong>s direitos e deveres de to<strong>do</strong>s e de ca<strong>da</strong> um.<br />

As revoluções, em si mesmas, não são uma permanência; são um<br />

facto. Mais ou menos dura<strong>do</strong>uro, mas um facto. Muitas vezes<br />

importante; outras essencial, como foi a nossa; mas são sempre e<br />

só um acontecimento, ao qual outros inevitavelmente se sucedem,<br />

no devir contínuo em que a história se faz.<br />

Não há comuni<strong>da</strong>de que suporte a permanência de situações<br />

revolucionárias, e quem as pretende eternizar, normalmente,<br />

mais não quer <strong>do</strong> que eternizar-se a si mesmo. E temos o exemplo<br />

em passa<strong>do</strong> recente.<br />

Durante quarenta anos ouvi — to<strong>do</strong>s ouvimos! — proclamar aos<br />

quatro ventos o slogan estafa<strong>do</strong> <strong>do</strong> salazarismo: «A Revolução<br />

continua.» Era isto sinónimo <strong>do</strong> maior conserva<strong>do</strong>rismo, <strong>da</strong><br />

Sessão solene comemorativa <strong>do</strong> 25 de Abril<br />

1981<br />

Leonar<strong>do</strong> Ribeiro de Almei<strong>da</strong><br />

Presidente <strong>da</strong> <strong>Assembleia</strong> <strong>da</strong> <strong>República</strong><br />

169<br />

negação de qualquer progresso, <strong>do</strong> imobilismo total <strong>da</strong>s coisas e<br />

<strong>da</strong>s pessoas.<br />

Vozes <strong>do</strong> PSD: — Muito bem!<br />

O Ora<strong>do</strong>r: — E é com certa perplexi<strong>da</strong>de que vejo hoje a desejarem<br />

retomar o slogan os que mais se ufanam de terem combati<strong>do</strong><br />

os seus cria<strong>do</strong>res. Singular parecença!<br />

Risos.<br />

Aplausos <strong>do</strong> PSD.<br />

O que tem de continuar é a acção; é uma acção muito persistente,<br />

muito realista e muito digna, no aproveitamento constante <strong>do</strong>s<br />

nossos recursos morais, intelectuais e materiais.<br />

A maneira digna de festejarmos o dia 25 de Abril é, sem dúvi<strong>da</strong>,<br />

fazer o que estamos fazen<strong>do</strong> hoje, mas é, sobretu<strong>do</strong>, durante o<br />

ano que medeia entre ca<strong>da</strong> aniversário <strong>da</strong> Revolução redentora,<br />

agirmos na paz, pensan<strong>do</strong> rectamente e pon<strong>do</strong> a nossa acção ao<br />

serviço de to<strong>do</strong>s e de ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s portugueses.<br />

Pelo que toca a esta Casa, novo e importantíssimo perío<strong>do</strong> de<br />

acção se vai abrir, inicia<strong>do</strong> que está já o processo concreto <strong>da</strong><br />

revisão constitucional.<br />

Nova e ingente tarefa é essa. Várias serão as soluções propostas,<br />

múltiplos os consensos a procurar e a conseguir.<br />

Por aí, creio, em to<strong>do</strong> o caso, que faremos obra certa e segura se,<br />

sejam quais forem as divergências, acabarmos fazen<strong>do</strong> uma revisão<br />

que, em consonância com as estruturas morais e materiais <strong>da</strong> Pátria,<br />

abra a to<strong>do</strong>s os portugueses, sem excepção e de mo<strong>do</strong> harmonioso,<br />

as perspectivas <strong>do</strong> futuro, <strong>da</strong> paz, <strong>da</strong> concórdia e <strong>da</strong> justiça social.<br />

Saibamos levar a Constituição formal que temos e que vamos<br />

rever a uma íntima e profun<strong>da</strong> concordância com a constituição<br />

material <strong>do</strong> povo que somos e que queremos ser e teremos certamente<br />

cumpri<strong>do</strong> honrosamente o nosso dever.<br />

Sr. Presidente, minhas Senhoras, meus Senhores: Celebrar um<br />

aniversário deve ser tanto festejar os anos que passam como<br />

encarar de frente, reflecti<strong>da</strong>mente, os anos que estão por vir.<br />

Só a velhice irremediável não tem futuro a esperar e então olha,<br />

irremediavelmente também e só, o passa<strong>do</strong>.<br />

Mas nós estamos aqui a festejar a nossa jovem democracia e o<br />

movimento que há sete anos a tornou possível. Recor<strong>da</strong>n<strong>do</strong> a<br />

alegria profun<strong>da</strong> <strong>do</strong>s primeiros momentos, reflectin<strong>do</strong> sobre tu<strong>do</strong><br />

o aconteci<strong>do</strong> nos sete anos que se seguiram, olhemos, então,<br />

essencialmente, o futuro.<br />

Creio que a nós, políticos, o que essencialmente se nos impõe<br />

<strong>do</strong>ravante é uma longa e permanente auscultação <strong>do</strong> real, uma<br />

capaci<strong>da</strong>de crítica que vá até à humil<strong>da</strong>de para, depois <strong>da</strong> análise,

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