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conteúdo integral do livro - Assembleia da República

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Sr. Presidente <strong>da</strong> <strong>Assembleia</strong> <strong>da</strong> <strong>República</strong>, Sr. Presidente <strong>da</strong><br />

<strong>República</strong>, Srs. Membros <strong>do</strong> Governo, Srs. Convi<strong>da</strong><strong>do</strong>s, Srs.<br />

Deputa<strong>do</strong>s: Falar de Abril enquanto projecto, hoje, é falar de uma<br />

proposta para um tempo novo, um projecto inevitavelmente<br />

comprometi<strong>do</strong> com o futuro, que tem de ser sinónimo de desenvolvimento<br />

e, obviamente, que implica também falar de ambiente<br />

e <strong>da</strong> sua revolução adia<strong>da</strong>.<br />

É uma resposta que tar<strong>da</strong>, face a uma grave crise ecológica visível<br />

na desumanização <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des, nos atenta<strong>do</strong>s à paisagem, na irracionali<strong>da</strong>de<br />

<strong>do</strong> desperdício e no absur<strong>do</strong> <strong>da</strong> escassez, na especulação<br />

imobiliária, na pilhagem <strong>do</strong>s recursos, na contaminação <strong>da</strong>s<br />

águas, na desertificação, no aban<strong>do</strong>no <strong>do</strong>s campos, na destruição<br />

<strong>da</strong>s espécies, na per<strong>da</strong> de diversi<strong>da</strong>de, na eucaliptização<br />

indiscrimina<strong>da</strong>, na poluição <strong>do</strong> olhar...<br />

Trata-se de uma reali<strong>da</strong>de incontornável que exige não frouxas<br />

nem lineares medi<strong>da</strong>s que na paroquial lógica <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s nunca<br />

vão encontrar-se mas que nos propõe, isso sim, a rediscussão <strong>do</strong><br />

próprio senti<strong>do</strong> <strong>da</strong> evolução <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, num planeta onde a<br />

interdependência é ca<strong>da</strong> vez maior e a revolução global que se<br />

coloca à humani<strong>da</strong>de é inseparável <strong>do</strong> próprio desenvolvimento, <strong>do</strong><br />

conceito de soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> resolução <strong>da</strong>s desigual<strong>da</strong>des entre<br />

povos e regiões, <strong>da</strong> própria democracia tal como tem si<strong>do</strong> concebi<strong>da</strong><br />

e <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> como os ci<strong>da</strong>dãos participam desse processo.<br />

Afinal, trata-se hoje de pôr em causa, num tempo historicamente<br />

novo, um modelo de socie<strong>da</strong>de durante déca<strong>da</strong>s imposto como<br />

Sessão solene comemorativa <strong>do</strong> 25 de Abril<br />

1997<br />

Isabel Castro<br />

Os Verdes<br />

460<br />

único, aceite como <strong>do</strong>gma. Um modelo que era suposto ser sinónimo<br />

de bem-estar, de equilíbrio, de riqueza, de uma nova geração<br />

de direitos e que, ao contrário, se revelou obsoleto, caduco, gera<strong>do</strong>r<br />

de mais pobreza, mais desigual<strong>da</strong>de, mais poluição. Uma<br />

questão que nos coloca hoje num momento em que a socie<strong>da</strong>de<br />

se interroga sobre o mo<strong>do</strong> como vive, como produz, como consome,<br />

perante a necessi<strong>da</strong>de de compreender que é urgente e<br />

forçoso encontrar, num tempo e num espaço em que na<strong>da</strong> nos<br />

pode ser indiferente ou distante e num tempo em que tu<strong>do</strong> nos<br />

é próximo e ca<strong>da</strong> gesto não é mais um gesto isola<strong>do</strong>, a nova<br />

ética de responsabili<strong>da</strong>de, a compreensão de que há valores<br />

que não são passíveis de troca, uma informação partilha<strong>da</strong>,<br />

uma visão de prevenção e de longo prazo que não cede ao<br />

fascínio <strong>do</strong> imediatismo, um diferente código de conduta na<br />

relação <strong>do</strong>s homens com a natureza, na utilização <strong>do</strong>s recursos<br />

que garanta uma utilização sustenta<strong>da</strong> mas também uma partilha<br />

socialmente justa.<br />

Um tempo historicamente novo, com novos desafios, que reclama<br />

ele próprio um novo conceito de soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de, capaz de respeitar<br />

os direitos <strong>da</strong>s gerações vin<strong>do</strong>uras.<br />

Um tempo de hoje, que em Abril se revê, como tempo de viragem,<br />

como tempo de sonho transforma<strong>do</strong> em viagem.<br />

Viva o 25 de Abril!<br />

Aplausos de Os Verdes, <strong>do</strong> PS e <strong>do</strong> PCP.

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