conteúdo integral do livro - Assembleia da República
conteúdo integral do livro - Assembleia da República
conteúdo integral do livro - Assembleia da República
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Mas queremos também um Esta<strong>do</strong> que, ao cumprir cabalmente as<br />
suas funções, tenha em atenção o homem, que, como pessoa<br />
humana, tem o direito de, livremente, escolher o seu futuro,<br />
<strong>da</strong>n<strong>do</strong>-lhe condições para que se realize, permitin<strong>do</strong>-lhe que<br />
intervenha e invista nos sindicatos, nas misericórdias, nos campos,<br />
nas escolas, nas empresas.<br />
Sr. Presidente <strong>da</strong> <strong>República</strong>, Sr. Presidente <strong>da</strong> <strong>Assembleia</strong> <strong>da</strong><br />
<strong>República</strong>, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros <strong>do</strong> Governo, Srs.<br />
Deputa<strong>do</strong>s: O Poder, logo a política, não são para nós um fim em<br />
si próprios. Defendemos que aquilo que contêm de mais perene<br />
não pode ser traduzi<strong>do</strong> numa gestão de pressões contraditórias,<br />
abrigan<strong>do</strong> explícita ou implicitamente soluções transitórias, que<br />
não raro pioram, porque adiam, ao contrário de melhorar, o antigo<br />
esta<strong>do</strong> de coisas. Temos afirma<strong>do</strong>, e repetimo-lo, que a viabili<strong>da</strong>de<br />
<strong>do</strong> actual regime, nos anos futuros, dependerá, não tenhamos<br />
dúvi<strong>da</strong>s, <strong>do</strong> grau de satisfação que for capaz de <strong>da</strong>r às legítimas<br />
aspirações <strong>do</strong>s Portugueses em geral e <strong>do</strong>s jovens em particular,<br />
<strong>do</strong> grau de resolução que for capaz de <strong>da</strong>r aos seus problemas, <strong>da</strong><br />
amplitude <strong>do</strong>s horizontes de realização individual e colectiva que<br />
lhes vier oferecer.<br />
Como diria Louis Pauwels, «há um tempo para tu<strong>do</strong>, e há mesmo<br />
um tempo para que os tempos se tornem a encontrar».<br />
Tenhamos pois tempo para agarrar a ver<strong>da</strong>deira liber<strong>da</strong>de e a<br />
ver<strong>da</strong>deira democracia e com elas realizemos as reformas de que<br />
o País carece e os Portugueses exigem. Não queremos continuar<br />
a ter o amanhã empenha<strong>do</strong> na dívi<strong>da</strong>, na dúvi<strong>da</strong> e no desenvolvimento<br />
adia<strong>do</strong>.<br />
Queremos mais liber<strong>da</strong>de, porque queremos mais desenvolvimento<br />
e mais futuro. Mas porque também nós dizemos, como<br />
Fernan<strong>do</strong> Pessoa, «que a vontade de fun<strong>do</strong> que nos soergue é o<br />
desejar poder querer», o 25 de Abril será por nós amplamente<br />
Sessão solene comemorativa <strong>do</strong> 25 de Abril<br />
1986<br />
Manuel Monteiro<br />
CDS<br />
282<br />
festeja<strong>do</strong>, e em to<strong>da</strong>s as suas dimensões, quan<strong>do</strong> o martiriza<strong>do</strong> e<br />
esqueci<strong>do</strong> povo de Timor, a que presto desta tribuna, em nome<br />
<strong>do</strong> CDS e <strong>da</strong> Juventude Centrista, a minha soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de, vir o seu<br />
direito à existência consagra<strong>do</strong>; quan<strong>do</strong> os milhares de jovens<br />
sem emprego tiverem colocação; quan<strong>do</strong> os trabalha<strong>do</strong>res com<br />
salários em atraso receberem os seus ordena<strong>do</strong>s; quan<strong>do</strong> os<br />
empresários e agricultores, injustamente espolia<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s bens,<br />
forem indemniza<strong>do</strong>s; quan<strong>do</strong> as famílias portuguesas com fome<br />
tiverem alimento; quan<strong>do</strong> os Portugueses não tenham necessi<strong>da</strong>de<br />
de procurar o seu sustento fora <strong>da</strong> sua pátria.<br />
Tal será possível quan<strong>do</strong> soubermos, deixan<strong>do</strong> de la<strong>do</strong> o<br />
acessório, unir esforços no essencial, certos de que aquilo que nos<br />
une é ou deve ser mais importante <strong>do</strong> que o que nos separa.<br />
Se o conseguirmos, na<strong>da</strong> terá si<strong>do</strong> em vão. Teremos cumpri<strong>do</strong> a<br />
nossa principal tarefa e missão e alcança<strong>do</strong> a nossa meta. Como portugueses<br />
temos esse direito, como políticos temos essa obrigação.<br />
Saibamos, de forma decidi<strong>da</strong> e humilde, reconhecer que a modificação<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> pressupõe a modificação <strong>da</strong> sua representação.<br />
E tenhamos a consciência de que esta, sen<strong>do</strong> importante, é-o bem<br />
menos <strong>do</strong> que aquela.<br />
Sr. Presidente, Srs. Deputa<strong>do</strong>s: Evocamos o 25 de Abril num ano<br />
que, estan<strong>do</strong> internacionalmente consagra<strong>do</strong> à paz, a insegurança<br />
<strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos e o conflito entre as nações aumentam. A evolução<br />
mundial está sujeita a tensões. Saibamos nós, com a experiência<br />
que temos de estar no mun<strong>do</strong>, contribuir para que o bom relacionamento<br />
entre os povos e a paz sejam uma reali<strong>da</strong>de.<br />
Queria terminar deixan<strong>do</strong>-lhes uma mensagem de esperança: é<br />
que, se o mun<strong>do</strong> acabasse amanhã, valeria a pena que to<strong>do</strong>s plantássemos<br />
uma macieira.<br />
Aplausos <strong>do</strong> CDS e <strong>do</strong> PSD.