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conteúdo integral do livro - Assembleia da República

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Chamo, brevemente, a atenção para quatro tópicos: a criação de<br />

círculos de um só Deputa<strong>do</strong>, que permitam criar uma relação<br />

directa entre eleitores e eleitos, no quadro <strong>da</strong> proporcionali<strong>da</strong>de;<br />

o direito <strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos eleitores para apresentarem listas a to<strong>do</strong>s<br />

os actos eleitorais, acaban<strong>do</strong> com um privilégio e um monopólio<br />

partidários que, hoje, já não têm justificação; um novo equilíbrio<br />

entre democracia representativa e participação <strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos, conferin<strong>do</strong><br />

a estes direito de iniciativa no referen<strong>do</strong>, nas propostas de<br />

lei à <strong>Assembleia</strong> <strong>da</strong> <strong>República</strong> ou no recurso ao Tribunal<br />

Constitucional; regras claras de transparência e de rigor que<br />

permitam separar, mais facilmente, os sérios e os desonestos, o<br />

trigo <strong>do</strong> joio, e aju<strong>da</strong>r-nos, a to<strong>do</strong>s, a combater o tráfico de<br />

influências, o compadrio e a corrupção.<br />

Estas ideias vão fazen<strong>do</strong> o seu caminho e são bem-vin<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os<br />

contributos na sua direcção, venham eles de onde vierem.<br />

Quero apenas deixar aqui, hoje, um apelo aos Srs. Deputa<strong>do</strong>s: não<br />

permitam que se misture o que não pode nem deve ser mistura<strong>do</strong>.<br />

A reforma <strong>do</strong> sistema político, a transparência <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> política são<br />

valores em si, são uma necessi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> País e não podem ser uma<br />

qualquer moe<strong>da</strong> de troca. E não o podem ser, sobretu<strong>do</strong> invocan<strong>do</strong><br />

direitos ou regalias de titulares de cargos políticos, tenha<br />

isso a ver com os seus vencimentos ou com quaisquer outros<br />

aspectos, porque dessa forma se perderá a pureza renova<strong>do</strong>ra que<br />

queremos pôr na reforma <strong>do</strong> sistema político.<br />

Aplausos <strong>do</strong> PS.<br />

Uma nova cultura de exigência e de responsabili<strong>da</strong>de no exercício<br />

de funções públicas é indispensável para to<strong>do</strong>s, no Governo ou na<br />

oposição, nas magistraturas ou nos altos cargos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, assumin<strong>do</strong><br />

a responsabili<strong>da</strong>de por tu<strong>do</strong> aquilo que fazemos e por tu<strong>do</strong><br />

Sessão solene comemorativa <strong>do</strong> 25 de Abril<br />

1995<br />

António Guterres<br />

PS<br />

424<br />

aquilo que é feito sob a nossa autori<strong>da</strong>de. Essa é uma condição<br />

indispensável para que a mesma cultura de exigência e de<br />

responsabili<strong>da</strong>de seja partilha<strong>da</strong> por to<strong>da</strong>s as portuguesas e<br />

portugueses, para que to<strong>da</strong>s e to<strong>do</strong>s enten<strong>da</strong>m que a ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia<br />

comporta direitos mas também deveres e, sobretu<strong>do</strong>, responsabili<strong>da</strong>des<br />

para com aqueles que, estan<strong>do</strong> à nossa volta, ain<strong>da</strong> estão<br />

excluí<strong>do</strong>s por razões económicas ou sociais <strong>do</strong> exercício pleno<br />

dessa mesma ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia.<br />

Só assim, assumin<strong>do</strong> as nossas responsabili<strong>da</strong>des, poderemos<br />

restabelecer a confiança <strong>do</strong> País e <strong>da</strong>r os motivos de esperança de<br />

que os nossos conci<strong>da</strong>dãos tanto necessitam, quan<strong>do</strong> estão, e bem,<br />

preocupa<strong>do</strong>s com o desemprego, com a droga, com a pobreza,<br />

com os problemas <strong>da</strong> saúde ou <strong>da</strong> educação, com as dificul<strong>da</strong>des<br />

que encontram no exercício <strong>da</strong> activi<strong>da</strong>de agrícola, <strong>da</strong>s pescas ou<br />

<strong>da</strong> indústria. É preciso uma nova confiança e uma nova esperança<br />

e isso depende, essencialmente, <strong>da</strong> forma como to<strong>do</strong>s soubermos<br />

exercer as nossas responsabili<strong>da</strong>des.<br />

Vozes <strong>do</strong> PS: — Muito bem!<br />

O Ora<strong>do</strong>r: — Sr. Presidente <strong>da</strong> <strong>República</strong>, permita-me que as<br />

minhas últimas palavras sejam para si, que tão dignamente preside,<br />

hoje, às comemorações <strong>do</strong> aniversário <strong>do</strong> 25 de Abril, como sempre<br />

soube fazer nestes 10 anos. Para lhe dizer, talvez mais propriamente,<br />

para dizer ao ci<strong>da</strong>dão Mário Soares, que representa, como<br />

nenhum outro, o espírito <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> democrático e a pureza <strong>do</strong>s<br />

ideais de Abril, que contamos consigo, em to<strong>da</strong>s as condições, e<br />

contaremos consigo, em particular, para, ao nosso la<strong>do</strong>, de hoje a<br />

um ano, comemorar, uma vez mais, a Revolução <strong>do</strong>s Cravos.<br />

Aplausos <strong>do</strong> PS, de pé.

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