conteúdo integral do livro - Assembleia da República
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O Esta<strong>do</strong> e a sua Administração já não foram, sintomaticamente,<br />
os únicos protagonistas na evolução cultural e económica que a<br />
comuni<strong>da</strong>de nacional experimentou neste perío<strong>do</strong>.<br />
Um <strong>do</strong>s grandes desafios com que, por to<strong>do</strong> o la<strong>do</strong>, se deparam os<br />
teóricos <strong>da</strong> ciência política e os políticos aflora justamente aí: qual o<br />
papel <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e <strong>da</strong>s suas instituições — <strong>da</strong> «mão pública» — e o<br />
papel <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de civil e <strong>da</strong>s suas instituições — a «mão priva<strong>da</strong>» —<br />
no processo social?<br />
O Esta<strong>do</strong>, em geral, não poderá deixar de ser, decerto, o garante<br />
último <strong>da</strong> segurança, <strong>da</strong> ordem pública e <strong>da</strong> justiça social e de ser<br />
o anima<strong>do</strong>r e congrega<strong>do</strong>r, por excelência, <strong>da</strong>s iniciativas priva<strong>da</strong>s<br />
favoráveis ao bem comum. Mas como definir hoje o que é<br />
de natureza pública e o que é de natureza priva<strong>da</strong>?<br />
Uma coisa tenho como certa: o alheamento <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> — a «desregulação»,<br />
como é mo<strong>da</strong> dizer-se — é inaceitável no que concerne<br />
aos problemas angustiantes <strong>do</strong> nosso tempo, tais como a protecção<br />
<strong>da</strong> intimi<strong>da</strong>de e vi<strong>da</strong> priva<strong>da</strong>, a eliminação <strong>da</strong>s situações de clandestini<strong>da</strong>de<br />
e a recuperação <strong>da</strong> exclusão social,...<br />
Aplausos <strong>do</strong> PSD, <strong>do</strong> PS, <strong>do</strong> PCP e <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> independente<br />
Manuel Sérgio.<br />
... o combate à criminali<strong>da</strong>de organiza<strong>da</strong>, a protecção <strong>do</strong> ambiente<br />
e a preservação <strong>do</strong> património cultural, o controlo e disciplina <strong>da</strong>s<br />
intervenções humanas no <strong>do</strong>mínio <strong>da</strong> genética, o combate ao<br />
desemprego ocasional e, sobretu<strong>do</strong>, ao desemprego estrutural, a<br />
garantia <strong>do</strong> pagamento de justo salário a quem trabalha, etc.<br />
Aplausos <strong>do</strong> PSD, <strong>do</strong> PS, <strong>do</strong> PCP e <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> independente<br />
Manuel Sérgio.<br />
O princípio <strong>da</strong> concorrência, necessário e legítimo em muitos<br />
<strong>do</strong>mínios de activi<strong>da</strong>de, não pode ser absolutiza<strong>do</strong> no sistema<br />
social. De outro mo<strong>do</strong>, os mais fracos, justos ou sensíveis,<br />
senão a própria humani<strong>da</strong>de, serão implacavelmente esmaga<strong>do</strong>s<br />
pela ambição de uns tantos poderosos, ousa<strong>do</strong>s ou sem<br />
escrúpulos...<br />
Sessão solene comemorativa <strong>do</strong> 25 de Abril<br />
1995<br />
Barbosa de Melo<br />
Presidente <strong>da</strong> <strong>Assembleia</strong> <strong>da</strong> <strong>República</strong><br />
428<br />
Aplausos <strong>do</strong> PSD, <strong>do</strong> PS, <strong>do</strong> PCP e <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> independente<br />
Manuel Sérgio.<br />
Mas estou optimista: a liber<strong>da</strong>de para to<strong>do</strong>s e a racionali<strong>da</strong>de<br />
crítica, próprias <strong>do</strong> regime democrático, irão iluminan<strong>do</strong> e orientan<strong>do</strong><br />
no bom senti<strong>do</strong> as nossas decisões colectivas. Pior, bem<br />
pior, seria se as tivéssemos de confiar ao monopólio <strong>do</strong> saber<br />
apregoa<strong>do</strong> pelos detentores <strong>do</strong> poder político e administrativo,<br />
como aconteceu durante cinco déca<strong>da</strong>s e nos ia tolhen<strong>do</strong> de vez.<br />
Vozes:— Muito bem!<br />
O Ora<strong>do</strong>r: — Honra também, pois, a to<strong>do</strong>s quantos, militares e<br />
civis, se empenharam, ao longo destas déca<strong>da</strong>s, em restituir a<br />
liber<strong>da</strong>de e a democracia a Portugal.<br />
O Diário <strong>da</strong> <strong>Assembleia</strong> Constituinte encontra-se, há muito, esgota<strong>do</strong>,<br />
nem sempre sen<strong>do</strong> fácil consultar os exemplares guar<strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />
nas bibliotecas. É importante tornar acessível às gerações actuais<br />
esse admirável registo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> nacional no perío<strong>do</strong> de 2 de Junho<br />
de 1975 a 2 de Abril de 1976, onde se arquivam ideias e convicções,<br />
apresenta<strong>da</strong>s sob o fogo imediato <strong>da</strong> crítica democrática, e<br />
também testemunhos historicamente notáveis <strong>do</strong>s representantes<br />
que o povo livremente escolheu para intérpretes <strong>do</strong> seu querer e<br />
saber nessas primeiras eleições livres.<br />
Por isso, promovi a sua reimpressão <strong>integral</strong>, para, também desta<br />
maneira, honrar o 20.° Aniversário <strong>da</strong> <strong>Assembleia</strong> Constituinte e<br />
oferecer aos Srs. Deputa<strong>do</strong>s, e a outros interessa<strong>do</strong>s, a possibili<strong>da</strong>de<br />
de melhor conhecerem a gesta constituinte.<br />
Aplausos <strong>do</strong> PSD, <strong>do</strong> PS, <strong>do</strong> PCP, <strong>do</strong> CDS-PP e <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong><br />
independente Manuel Sérgio.<br />
Sr. Presidente <strong>da</strong> <strong>República</strong>, Srs. Membros <strong>do</strong> Governo, Srs.<br />
Convi<strong>da</strong><strong>do</strong>s, Srs. Deputa<strong>do</strong>s, Portugueses: Saudemos o 25 de<br />
Abril, saudemos Portugal.<br />
Aplausos gerais, de pé.