conteúdo integral do livro - Assembleia da República
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O Sr. Presidente: — Em representação <strong>do</strong><br />
Grupo Parlamentar <strong>do</strong> Parti<strong>do</strong> Social<br />
Democrata, tem a palavra o Sr. Deputa<strong>do</strong>, e<br />
Vice-Presidente <strong>da</strong> <strong>Assembleia</strong> <strong>da</strong> <strong>República</strong>,<br />
Mota Amaral.<br />
O Sr. Mota Amaral (PSD):— Sr. Presidente<br />
<strong>da</strong> <strong>República</strong>, Sr. Presidente <strong>da</strong> <strong>Assembleia</strong> <strong>da</strong> <strong>República</strong>, Sr.<br />
Primeiro-Ministro, Sr. Presidente <strong>do</strong> Supremo Tribunal de<br />
Justiça, Sr. Presidente <strong>do</strong> Tribunal Constitucional, Altas Enti<strong>da</strong>des<br />
presentes, Sras. Deputa<strong>da</strong>s e Srs. Deputa<strong>do</strong>s, minhas Senhoras e<br />
meus Senhores:<br />
Na Casa <strong>da</strong> Representação Nacional, uma vez mais se celebra<br />
solenemente a Revolução <strong>do</strong> 25 de Abril.<br />
A ocasião é de festa e disso dão testemunho a presença de tantos<br />
e tão ilustres convi<strong>da</strong><strong>do</strong>s, as galas que ornamentam o velho<br />
Palácio de São Bento, a música, as flores, os inesquecíveis cravos<br />
de Abril. Mais significativa é, porém, a alegria profun<strong>da</strong> que<br />
to<strong>do</strong>s, neste dia, especialmente, partilhamos, por podermos<br />
saborear, hoje e sempre, a Liber<strong>da</strong>de.<br />
É a este tema fun<strong>da</strong>mental que convém voltar, uma vez e outra, sem<br />
cansaço. Assim se garante a perene juventude <strong>da</strong>s comemorações<br />
<strong>do</strong> 25 de Abril, sem deixar que se reduzam à simples evocação,<br />
ca<strong>da</strong> vez mais nostálgica, à medi<strong>da</strong> que o tempo vai passan<strong>do</strong>, <strong>da</strong><br />
grande madruga<strong>da</strong> liberta<strong>do</strong>ra.<br />
Vinte e quatro anos depois, os próprios Capitães de Abril — cujos<br />
representantes saú<strong>do</strong>, comovi<strong>do</strong> e grato, em nome <strong>do</strong> Parti<strong>do</strong><br />
Social Democrata e <strong>do</strong>s mais de <strong>do</strong>is milhões de eleitores, por<br />
força de cujo voto livre os Deputa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> PSD aqui têm lugar cativo<br />
— estão mais velhos e já com cabelos brancos... Como, aliás, to<strong>do</strong>s<br />
os que viveram essa jorna<strong>da</strong> histórica e para a sua génese contribuíram,<br />
na primeira linha <strong>do</strong> combate antifascista ou noutras<br />
formas de intervenção cívica, menos heróicas decerto, mas nem<br />
por isso talvez menos eficazes, visan<strong>do</strong> também a restauração <strong>da</strong><br />
democracia em Portugal.<br />
De resto, a Revolução <strong>do</strong> 25 de Abril não se esgotou na acção militar,<br />
organiza<strong>da</strong> e realiza<strong>da</strong> pelo Movimento <strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s, de<br />
derrube <strong>do</strong> regime ditatorial e deposição <strong>do</strong> seus chefes. A pulsão<br />
liberta<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> acto revolucionário, como um ven<strong>da</strong>val impetuoso,<br />
percorreu o País de lés a lés: aboliu logo a censura à imprensa;<br />
franqueou as grades <strong>da</strong> prisão aos presos políticos; trouxe o povo<br />
para a rua em grandiosas e espontâneas manifestações de júbilo e<br />
reivindicação; abriu caminho à organização <strong>do</strong>s parti<strong>do</strong>s políticos<br />
Sessão solene comemorativa <strong>do</strong> 25 de Abril<br />
1998<br />
Mota Amaral<br />
PSD<br />
489<br />
e <strong>do</strong>s sindicatos, tu<strong>do</strong> culminan<strong>do</strong>, com naturais incidentes de<br />
percurso pelo meio, nas primeiras eleições de sufrágio realmente<br />
livre e universal, na nossa História de mais de oito séculos.<br />
Aplausos <strong>do</strong> PSD e <strong>do</strong> PS.<br />
O 25 de Abril passou a ser assim um marco na nossa História, um<br />
marco nas nossas vi<strong>da</strong>s: há um antes e um depois dessa <strong>da</strong>ta mágica<br />
e quase mítica!...<br />
Tão importante como o próprio pronunciamento militar foi, um<br />
ano após, também a 25 de Abril, a eleição <strong>da</strong> <strong>Assembleia</strong><br />
Constituinte, ver<strong>da</strong>deiro acto confirma<strong>do</strong>r, pelo voto popular, <strong>da</strong><br />
legitimi<strong>da</strong>de revolucionária <strong>do</strong> novo regime democrático. E melhor<br />
maneira não podia haver, para consagrar definitivamente o Dia<br />
<strong>da</strong> Liber<strong>da</strong>de, <strong>do</strong> que man<strong>da</strong>r entrar em vigor também a 25 de<br />
Abril, já em 1976, a nova Constituição, fruto <strong>do</strong> generoso labor<br />
<strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s constituintes, converti<strong>do</strong>s por isso — malgré eux!...<br />
— em patriarcas fun<strong>da</strong><strong>do</strong>res <strong>da</strong> jovem democracia portuguesa.<br />
Aplausos <strong>do</strong> PSD, <strong>do</strong> PS e de alguns Deputa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> PCP.<br />
Nesse mesmo dia, foi eleita, para a I Legislatura, a <strong>Assembleia</strong> <strong>da</strong><br />
<strong>República</strong>, sob cuja responsabili<strong>da</strong>de se formou depois o I Governo<br />
Constitucional.<br />
Entretanto, o espírito liberta<strong>do</strong>r <strong>do</strong> 25 de Abril tinha já propicia<strong>do</strong><br />
as condições para a independência <strong>da</strong>s antigas colónias. Guiné-<br />
-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Moçambique e<br />
Angola, uma a seguir à outra, no termo vitorioso <strong>da</strong>s lutas de libertação<br />
<strong>do</strong>s respectivos povos, constituíram-se em Esta<strong>do</strong>s livres<br />
e independentes. Fica só por resolver o problema <strong>do</strong> martiriza<strong>do</strong><br />
povo de Timor-Leste, cujo inalienável direito à autodeterminação<br />
deve ser sempre, com vigor, reafirma<strong>do</strong> e há-de um dia, certamente,<br />
mais ce<strong>do</strong> <strong>do</strong> que mais tarde, consumar-se.<br />
Aplausos gerais.<br />
Noutro âmbito e num enquadramento de diferente natureza, mas<br />
com o mesmo senti<strong>do</strong> emancipa<strong>do</strong>r, nos arquipélagos <strong>do</strong>s Açores<br />
e <strong>da</strong> Madeira foi leva<strong>da</strong> a efeito, de baixo para cima e de dentro<br />
para fora, por expressa vontade <strong>do</strong> povo, uma alteração revolucionária<br />
<strong>do</strong> respectivo estatuto político-administrativo, configura<strong>do</strong><br />
na autonomia constitucional.<br />
Aplausos <strong>do</strong> PSD e <strong>do</strong> PS.<br />
Lá como cá, nas ilhas portuguesas <strong>do</strong> Atlântico e no território<br />
continental <strong>da</strong> <strong>República</strong>, a Liber<strong>da</strong>de conquista<strong>da</strong> em 25 de<br />
Abril traduziu-se em benefícios para to<strong>do</strong>s, desencadean<strong>do</strong> um