conteúdo integral do livro - Assembleia da República
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O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr.<br />
Deputa<strong>do</strong> Jorge Miran<strong>da</strong>.<br />
O Sr. Jorge Miran<strong>da</strong> (ASDI): — Sr. Presidente<br />
e Srs. Deputa<strong>do</strong>s, Sr. Presidente <strong>da</strong> <strong>República</strong>, Sr.<br />
Primeiro-Ministro, Sr. Presidente <strong>do</strong> Supremo Tribunal de<br />
Justiça, Srs. Conselheiros <strong>da</strong> Revolução, Srs. Membros <strong>do</strong> Governo,<br />
Srs. Juízes, Srs. Presidentes <strong>da</strong>s <strong>Assembleia</strong>s e <strong>do</strong>s Governos<br />
Regionais, Srs. Titulares de outros Órgãos Constitucionais,<br />
Senhoras e Senhores: Reunimo-nos, de novo, para festejar o 25<br />
de Abril. E para recor<strong>da</strong>r a alegria e as emoções <strong>da</strong>s ruas e <strong>da</strong>s<br />
almas; a libertação <strong>do</strong>s presos políticos e o regresso <strong>do</strong>s exila<strong>do</strong>s; a<br />
extinção <strong>da</strong> censura e <strong>da</strong> polícia política; a livre formação de parti<strong>do</strong>s<br />
e sindicatos; a restituição <strong>da</strong>s demais liber<strong>da</strong>des cívicas e<br />
laborais; o fim <strong>da</strong>s guerras.<br />
Celebramos o 25 de Abril de 1974 e celebramos, ao mesmo tempo,<br />
o 25 de Abril de 1975 e o 25 de Abril de 1976 — porque não<br />
podemos separar nenhuma destas <strong>da</strong>tas. Celebramos a Revolução e<br />
celebramos a eleição <strong>da</strong> <strong>Assembleia</strong> Constituinte e a entra<strong>da</strong> em<br />
vigor <strong>da</strong> Constituição — porque a Revolução só adquiriu legitimi<strong>da</strong>de<br />
quan<strong>do</strong> devolveu a soberania ao povo pelo voto e quan<strong>do</strong> se<br />
acolheu à expressão <strong>da</strong> vontade <strong>do</strong> povo na Constituição.<br />
Vozes <strong>da</strong> ASDI, <strong>do</strong> PS e <strong>da</strong> UEDS: — Muito bem!<br />
O Ora<strong>do</strong>r: — Homenageamos o Movimento <strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s<br />
e homenageamos to<strong>do</strong>s os homens e mulheres que, ao longo de<br />
déca<strong>da</strong>s, não cederam à ditadura, souberam resistir, souberam<br />
trazer a esperança — tantos e tantos, entre os quais quereríamos<br />
hoje salientar as duas figuras ímpares <strong>do</strong> general Sarmento<br />
Pimentel e <strong>do</strong> Bispo D. António Ferreira Gomes.<br />
Aplausos <strong>da</strong> ASDI, <strong>do</strong> PS, <strong>do</strong> PSD, <strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong> Sanches<br />
Osório (CDS), <strong>da</strong> UEDS e <strong>do</strong> PPM.<br />
Daqui sau<strong>da</strong>mos os militares de 25 de Abril de 1974, sem excepção.<br />
Aplausos <strong>da</strong> ASDI, PS e UEDS.<br />
Fixamo-nos, fixamo-los nesse dia e, independentemente de tu<strong>do</strong><br />
quanto foram e fizeram antes ou depois, lhes manifestamos o<br />
nosso reconhecimento e a nossa soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de.<br />
Sessão solene comemorativa <strong>do</strong> 25 de Abril<br />
1982<br />
Jorge Miran<strong>da</strong><br />
ASDI<br />
187<br />
Sau<strong>da</strong>mos, porém, em especial os militares de Abril que cumpriram<br />
o Programa <strong>do</strong> MFA, os militares de Abril que asseguraram<br />
que as instituições se tornassem — como se dizia no Programa —<br />
«pela via democrática indiscuti<strong>da</strong>s representantes <strong>do</strong> Povo<br />
Português», os militares de Abril que em 25 de Novembro foram<br />
fiéis à democracia pluralista ...<br />
Aplausos <strong>da</strong> ASDI, <strong>do</strong> PS, <strong>do</strong> PSD, <strong>do</strong> CDS, <strong>da</strong> UEDS e <strong>do</strong> PPM.<br />
... os militares de Abril que, ten<strong>do</strong> ti<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o poder, o não quiseram<br />
para si e o entregaram aos ci<strong>da</strong>dãos e aos eleitos <strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos.<br />
Uma palavra de justiça é devi<strong>da</strong> aos conselheiros <strong>da</strong> Revolução,<br />
os quais, decerto pela última vez, nessa quali<strong>da</strong>de comparecem<br />
nesta <strong>Assembleia</strong>, agora que se aproxima o termo <strong>da</strong>s suas<br />
funções.<br />
Por nós, que sempre sublinhámos o carácter excepcional e transitório<br />
<strong>do</strong> órgão e que sempre a<strong>da</strong>ptámos uma postura independente<br />
a seu respeito, sentimo-nos à vontade para afirmar que o<br />
Conselho <strong>da</strong> Revolução esteve à altura <strong>da</strong> sua missão. Se divergimos<br />
de intervenções públicas de conselheiros, não esquecemos as<br />
provocações, as calúnias e os ataques de que foram alvo.<br />
Aplausos <strong>da</strong> ASDI, <strong>do</strong> PS, <strong>do</strong> PCP, <strong>do</strong> MDP/CDE e <strong>da</strong> UEDS.<br />
Se divergimos de algumas <strong>da</strong>s suas deliberações, não deixamos de<br />
considerar prudente, discreta, globalmente positiva a maneira<br />
como velaram pela garantia <strong>da</strong> Constituição e pela inserção <strong>da</strong>s<br />
forças arma<strong>da</strong>s no Esta<strong>do</strong> democrático.<br />
Vozes <strong>da</strong> ASDI: — Muito bem!<br />
O Ora<strong>do</strong>r: — Os conselheiros <strong>da</strong> Revolução podem e devem sair<br />
de cabeça ergui<strong>da</strong>, com honra e com mérito.<br />
Aplausos <strong>da</strong> ASDI, <strong>do</strong> PS, <strong>do</strong> MDP/CDE e <strong>da</strong> UEDS.<br />
Sr. Presidente, Srs. Deputa<strong>do</strong>s: O Programa <strong>do</strong> MFA foi um compromisso<br />
que se consubstanciou noutro compromisso, a<br />
Constituição <strong>da</strong> <strong>República</strong>.<br />
A Constituição foi e é um compromisso, num duplo senti<strong>do</strong>: no de<br />
consagração de ideias e propostas vin<strong>da</strong>s de vários quadrantes, correspondentes<br />
aos parti<strong>do</strong>s representa<strong>do</strong>s na <strong>Assembleia</strong> Constituinte<br />
e a diferentes correntes de opinião e forças sociais; e no senti<strong>do</strong> de<br />
vinculação recíproca desses parti<strong>do</strong>s a acatarem as normas constitucionais,<br />
designa<strong>da</strong>mente as que regem a sua própria revisão.<br />
Foi e é um compromisso político e jurídico e um compromisso<br />
ético, base de uma convivência pacífica e ordena<strong>da</strong>. Além disso,<br />
eleita a <strong>Assembleia</strong> Constituinte por mais de 90 % <strong>do</strong>s eleitores