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conteúdo integral do livro - Assembleia da República

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O Sr. Presidente: — Tem a palavra o<br />

representante <strong>do</strong> Parti<strong>do</strong> <strong>do</strong> Centro<br />

Democrático Social.<br />

O Sr. Oliveira Dias (CDS): — Sr. Presidente<br />

<strong>da</strong> <strong>República</strong>, Sr. Presidente e Srs. Deputa<strong>do</strong>s: Os quatro anos<br />

que vivemos a partir de 25 de Abril de 1974 não nos permitem<br />

— porque são poucos e porque têm si<strong>do</strong> intensos — a distância<br />

necessária para pretendermos escrever ou dizer já aquilo que na<br />

história há-de ficar.<br />

Tenho, porém, a certeza de que a <strong>da</strong>ta que hoje celebramos há-de<br />

sempre encabeçar um capítulo diferente <strong>da</strong> história de Portugal.<br />

Capítulo em que hão-de figurar deliberações toma<strong>da</strong>s nesta Casa<br />

e as suas consequências, em que hão-de ser referi<strong>da</strong>s personali<strong>da</strong>des<br />

hoje aqui presentes; em que aquilo que no dia a dia nos<br />

apaixona, com tonali<strong>da</strong>des de entusiasmo ou de desgosto, em<br />

regra terá desapareci<strong>do</strong>, na medi<strong>da</strong> em que uma coisa são os<br />

sentimentos apaixona<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s homens e outra são ou serão<br />

os juízos rigorosos <strong>da</strong> história.<br />

Vozes <strong>do</strong> CDS: — Muito bem!<br />

O Ora<strong>do</strong>r: — Mas o tempo há-de confirmar o senti<strong>do</strong> <strong>da</strong>s comemorações<br />

que esta <strong>Assembleia</strong> hoje renova.<br />

Na história de oito séculos <strong>da</strong> nossa Pátria, abriu-se um capítulo<br />

novo, naquela madruga<strong>da</strong> <strong>da</strong> Revolução e nos dias de deslumbramento<br />

que se lhe seguiram.<br />

Foram dias em que um povo inteiro passou <strong>da</strong> cor baça <strong>da</strong><br />

descrença e <strong>da</strong> angústia para a felici<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s perspectivas de paz<br />

e para o encanto <strong>do</strong>s horizontes <strong>da</strong> Primavera em Portugal.<br />

O Sr. Amaro <strong>da</strong> Costa (CDS): — Muito bem!<br />

O Ora<strong>do</strong>r: — Era a liber<strong>da</strong>de!<br />

Porém, Portugal — mesmo depois de concentra<strong>do</strong> no rectângulo <strong>da</strong><br />

Europa, nos Açores e na Madeira e na presença singular em Macau<br />

— não é tão pequeno como um canteiro em que alguém semeia e<br />

em que só cresce uma espécie de flores, to<strong>da</strong>s <strong>da</strong> mesma cor.<br />

Vozes <strong>do</strong> CDS: — Muito bem!<br />

O Ora<strong>do</strong>r: — Num país, mesmo pequeno, uma flor só não é a<br />

Primavera, e apenas uma cor não pode exprimir a liber<strong>da</strong>de.<br />

Sessão solene comemorativa <strong>do</strong> 25 de Abril<br />

1978<br />

Oliveira Dias<br />

CDS<br />

53<br />

Aplausos <strong>do</strong> CDS e de alguns Deputa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> PS.<br />

Liber<strong>da</strong>de, cor <strong>do</strong> homem — como dizia André Breton —, isto é, o<br />

direito e o dever que ca<strong>da</strong> homem tem de ter e de aparecer com<br />

a sua própria cor.<br />

Era a liber<strong>da</strong>de que, tal como prometia o manifesto <strong>do</strong> 25 de Abril,<br />

não pode deixar de ser entendi<strong>da</strong> como causa e efeito <strong>da</strong> justiça.<br />

Liber<strong>da</strong>de que é sinónimo de responsabili<strong>da</strong>de, que como tal a<br />

vemos, uns nos outros — e os outros e a história hão-de ver em nós.<br />

Causa e efeito de justiça, não só entendi<strong>da</strong> como respeito por um<br />

ordenamento jurídico adequa<strong>do</strong>, mas, para além disso, concretiza<strong>da</strong><br />

nos direitos <strong>da</strong> pessoa humana, viven<strong>do</strong> numa<br />

socie<strong>da</strong>de moderna e justa, tal como as declarações internacionais<br />

os definiram e a Constituição Portuguesa os acolheu.<br />

Vozes <strong>do</strong> CDS: — Muito bem!<br />

O Ora<strong>do</strong>r: — Responsabili<strong>da</strong>de que devemos querer e teremos de<br />

assumir, perante Portugal e o mun<strong>do</strong>, hoje e na história.<br />

Tenho consciência de que continuam sem resposta satisfatória<br />

muitas <strong>da</strong>s perguntas que o Sr. Presidente <strong>da</strong> <strong>República</strong> nos<br />

dirigiu aqui, faz hoje um ano. Nessa sessão, como desde que foi<br />

eleito, o Sr. General Ramalho Eanes falou, como lhe cumpre, em<br />

nome <strong>do</strong> povo que lhe atribuiu o seu man<strong>da</strong>to, com uma firmeza<br />

a que, por nós, não deixaremos de prestar, de novo, a mais<br />

convicta homenagem.<br />

Aplausos <strong>do</strong> PS, CDS, Governo e alguns Deputa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> PSD.<br />

Perguntas claras e tão exigentes, como eram e são os requisitos e<br />

as acções necessários para <strong>da</strong>r cumprimento <strong>integral</strong> às promessas<br />

<strong>do</strong> 25 de Abril. Respostas necessárias, que desafiam a capaci<strong>da</strong>de<br />

<strong>do</strong>s homens e a complexi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s mecanismos de deliberação e<br />

de execução <strong>da</strong> orgânica <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>; que não poupam a ninguém<br />

a obrigação de um empenhamento pessoal para as construir; em<br />

relação às quais, na complexi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s tempos, mesmo as medi<strong>da</strong>s<br />

acerta<strong>da</strong>s, como muitas <strong>da</strong>s que já foram decidi<strong>da</strong>s, requerem<br />

muito esforço e algum tempo para que se vejam e se vivam as suas<br />

consequências positivas.<br />

Muitas dessas perguntas continuam sem resposta satisfatória. A<br />

justiça está longe de poder considerar-se assegura<strong>da</strong>, a liber<strong>da</strong>de<br />

— em zonas ca<strong>da</strong> vez menores, mas ain<strong>da</strong> importantes <strong>do</strong><br />

território nacional — continua ameaça<strong>da</strong>; a vi<strong>da</strong> é difícil, o povo<br />

queixa-se e o desânimo tol<strong>da</strong> o olhar <strong>da</strong>s famílias e <strong>da</strong>s pessoas,<br />

atenua a luz e carrega as sombras.<br />

O CDS tem plena consciência <strong>da</strong> gravi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> crise que Portugal<br />

atravessa — chamou inúmeras vezes as atenções para a sua<br />

iminência sem que lhe dessem ouvi<strong>do</strong>s — e conhece bem as

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