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conteúdo integral do livro - Assembleia da República

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O Sr. Presidente: — Tem a palavra o representante<br />

<strong>do</strong> Parti<strong>do</strong> Comunista Português.<br />

O Sr. Carlos Brito (PCP): — Sr. Presidente<br />

<strong>da</strong> <strong>República</strong>, Sr. Presidente <strong>da</strong> <strong>Assembleia</strong> <strong>da</strong> <strong>República</strong>, Srs. Conselheiros<br />

<strong>da</strong> Revolução, Sr. Primeiro-Ministro e Membros <strong>do</strong><br />

Governo, Sr. Presidente <strong>do</strong> Supremo Tribunal de Justiça, Srs.<br />

Deputa<strong>do</strong>s, Senhoras e Senhores: A <strong>Assembleia</strong> <strong>da</strong> <strong>República</strong> reúne-<br />

-se com o Presidente <strong>da</strong> <strong>República</strong> e na presença <strong>da</strong> unanimi<strong>da</strong>de<br />

<strong>do</strong>s órgãos de Soberania para, tal como nos últimos <strong>do</strong>is anos,<br />

assinalar solenemente a <strong>da</strong>ta imorre<strong>do</strong>ura <strong>do</strong> 25 de Abril de1974.<br />

Mas permita-se-nos que adiantemos que mais ain<strong>da</strong> <strong>do</strong> que nos anos<br />

anteriores esta reunião solene se reveste de um alcance profun<strong>do</strong>.<br />

É que a Revolução de Abril completa hoje cinco anos de vi<strong>da</strong>, o<br />

que não sen<strong>do</strong> quase na<strong>da</strong> na história de um regime é um perío<strong>do</strong><br />

significativo para julgar <strong>da</strong> sorte de uma revolução.<br />

A Revolução de Abril, por muito que pese aos projectos de desforra<br />

<strong>do</strong>s seus inimigos e aos maus presságios <strong>do</strong>s seus detractores, é<br />

uma revolução vitoriosa.<br />

Por graves que sejam as preocupações que o viver nacional<br />

infunde na hora presente, a vitória de Abril não pode deixar de<br />

abraçar, num sentimento de grande alegria e de imenso regozijo,<br />

to<strong>do</strong>s os que, embora em posições diferencia<strong>da</strong>s, se empenharam<br />

e empenham na recusa de um passa<strong>do</strong> ignominioso de guerra<br />

colonial, de opressão e tirania, de exploração cruel e de abdicação<br />

nacional, to<strong>do</strong>s os que se empenharam e empenham em afirmar<br />

a paz, a liber<strong>da</strong>de, o progresso social e a independência nacional<br />

como grandes valores e objectivos <strong>da</strong> Pátria Portuguesa.<br />

Aplausos <strong>do</strong> PCP.<br />

É este o senti<strong>do</strong> que observamos nos múltiplos actos e acções<br />

comemorativas de natureza oficial e de iniciativa popular, que se<br />

realizam nestes dias de um extremo ao outro <strong>do</strong> País e onde a<br />

força <strong>do</strong> espírito <strong>do</strong> 25 de Abril se confirma, reforça e vivifica na<br />

reunião de quantos, divergin<strong>do</strong> embora no curso <strong>da</strong> sua concretização,<br />

o prezam no seu <strong>conteú<strong>do</strong></strong> essencial e o querem<br />

preservar, consoli<strong>da</strong>r e prosseguir.<br />

Vozes <strong>do</strong> PCP: — Muito bem!<br />

O Ora<strong>do</strong>r: — No quinto aniversário <strong>da</strong> Revolução reafirmamos a<br />

nossa sau<strong>da</strong>ção emociona<strong>da</strong> aos bravos Capitães de Abril, que<br />

Sessão solene comemorativa <strong>do</strong> 25 de Abril<br />

1979<br />

Carlos Brito<br />

PCP<br />

77<br />

com o seu histórico levantamento assestaram um golpe demoli<strong>do</strong>r<br />

na ditadura fascista, logo continua<strong>do</strong> e completa<strong>do</strong> pelo levantamento<br />

de adesão e apoio <strong>da</strong>s massas populares.<br />

Aplausos <strong>do</strong> PCP.<br />

Sau<strong>da</strong>n<strong>do</strong> os militares obreiros <strong>do</strong> 25 de Abril, sau<strong>da</strong>mos também<br />

to<strong>do</strong>s os militares que souberam depois identificar-se com o seu<br />

espírito e com os objectivos <strong>da</strong> democracia portuguesa.<br />

No quinto aniversário <strong>da</strong> Revolução prestamos senti<strong>da</strong> e comovi<strong>da</strong><br />

homenagem a to<strong>do</strong>s os antifascistas, a to<strong>do</strong>s os democratas, a<br />

to<strong>do</strong>s os patriotas que ao longo de quase meio século de fascismo,<br />

nas condições mais difíceis, enfrentan<strong>do</strong> a morte, a prisão, a<br />

tortura, a perseguição continua<strong>da</strong> e discriminação constante, souberam<br />

manter viva a resistência e souberam organizar a luta pela<br />

liber<strong>da</strong>de, o fim <strong>da</strong> guerra e a justiça crian<strong>do</strong> as condições para<br />

que Abril chegasse. Nesta homenagem incluímos to<strong>do</strong>s os que<br />

vieram depois e formaram a cau<strong>da</strong>losa torrente que tornou possível<br />

levar avante as transformações democráticas históricas <strong>da</strong><br />

revolução portuguesa e a edificação <strong>do</strong> regime democrático.<br />

Importa dizer hoje que, no processo de desenvolvimento e vicissitudes<br />

<strong>da</strong> revolução portuguesa, se foi forman<strong>do</strong> e estabelecen<strong>do</strong><br />

um projecto político bem defini<strong>do</strong>, que suscitan<strong>do</strong> um amplo<br />

consenso, foi a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong> pelos constituintes de 1976 e finalmente<br />

incorpora<strong>do</strong> na lei fun<strong>da</strong>mental.<br />

Amplo consenso, desde logo, em torno <strong>da</strong> firme recusa <strong>da</strong> ditadura<br />

e na condenação <strong>do</strong> fascismo. Amplo consenso na afirmação <strong>da</strong><br />

necessi<strong>da</strong>de de completa e rigorosa consagração <strong>da</strong>s liber<strong>da</strong>des<br />

democráticas.<br />

Amplo consenso em torno <strong>da</strong> eliminação <strong>do</strong>s monopólios e latifúndios,<br />

sustentáculos principais <strong>da</strong> ditadura e travão <strong>do</strong> desenvolvimento<br />

económico e <strong>do</strong> progresso social.<br />

Amplo consenso na consagração <strong>da</strong> intervenção <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res<br />

em to<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>mínios <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> nacional, com particular<br />

relevância para a activi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s comissões de trabalha<strong>do</strong>res e<br />

associações sindicais, no respeito pela sua autonomia, independência<br />

e democracia interna.<br />

Amplo consenso, ain<strong>da</strong>, na condenação <strong>do</strong> belicismo, <strong>do</strong> colonialismo,<br />

<strong>do</strong> racismo — com a afirmação clara no empenhamento<br />

de Portugal numa política de paz e cooperação com to<strong>do</strong>s os<br />

povos e, de especial significa<strong>do</strong>, com os novos países africanos<br />

liberta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> colonialismo português.<br />

Amplo consenso, finalmente, na condenação <strong>do</strong> separatismo e na<br />

defesa clara <strong>do</strong>s principios <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Pátria e <strong>da</strong> independência<br />

nacional.<br />

Articula<strong>do</strong>s entre si num projecto coerente e global de transformação<br />

política, social, económica e cultural <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de<br />

portuguesa, estes princípios e objectivos congregam a esperança,

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