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Havia bondade em seus olhos, ela parecia dócil, compreensiva...<br />

E Jeanne era exatamente o contrário.<br />

Tomás, como todos os que lidavam com ela, sabia que as cartas estavam em suas mãos, tinha consciência de que Jeanne era a<br />

comandante indiscutível, de que era ela quem diria a última palavra, ela seria capaz até mesmo de definir o destino das pessoas...<br />

Jeanne era dominadora. E amedrontadora quando olhava para Tomás e deixava transparecer naqueles dois blocos de gelo em que se<br />

transformavam seus olhos, a determinação fria e calculista de quem tem um objetivo pela frente, objetivo este muito maior do que<br />

qualquer sentimento.<br />

Pela primeira vez, Tomás admitiu a realidade. Ele estava sendo dominado e controlado por Jeanne, ela estava fazendo dele nada mais<br />

do que um vassalo e tudo isso apenas por que sabia como fazer para realizá-lo como homem, como satisfazê-lo por entre os lençóis.<br />

Teve uma sensação de frustração e revolta, um estremecimento de raiva passou por seu corpo.<br />

Entrando num bar para tomar um café, ele pensou:<br />

— Se as coisas são assim agora, imagino como serão depois que tivermos filhos!<br />

Fechou os olhos e sacudiu a cabeça procurando afastar da mente esse pensamento.<br />

Com Beatriz, com quem fora legalmente casado, ele não quisera filhos...<br />

Não haveria de querê-los com Jeanne!<br />

Seria o mesmo que se meter dentro de uma cela de prisão, fechar a porta e jogar a chave pela janela...<br />

E Jeanne vinha falando de filhos havia dois meses...<br />

— Não! — exclamou em voz alta, fazendo com que um senhor que estava ao seu lado levasse um susto.<br />

Tomás sorriu, sem jeito e murmurou, mostrando a xícara de café:<br />

— Não tem açúcar...<br />

O senhor, solícito, sorriu e passou-lhe o açucareiro, muito embora tivesse certeza de o ter visto adoçar o café.<br />

Tomando o melado que se vira obrigado a fazer, Tomás pensou:<br />

— Sei que estou apaixonado por Jeanne... Sei que ela é a mulher mais formidável na cama que já conheci... Mas, nem por causa<br />

disso, vou deixar que ela me tenha como se fosse um<br />

cachorrinho, como se fosse um autêntico boi de presépio!<br />

Deixando o dinheiro trocado sobre o balcão, deixou o bar e, caminhando devagar, flanou até a Candelária pensando que aquele<br />

encontro com Sylvia seria excelente para sua alma pois ajudaria a provar para si mesmo, que Jeanne não era a única mulher no mundo.<br />

Com raiva, chutou uma caixa de fósforos vazia que estava no chão e murmurou:<br />

— Mas ela não virá... Vai me dar o bolo. E eu terei de ficar sozinho, apenas remoendo a falta que Jeanne está me fazendo e a<br />

frustração de ter levado um fora de Sylvia!<br />

Olhou para o relógio, viu que já passava bastante de seis horas da tarde e, sacudindo os ombros com despeito, pensou:<br />

— Bem... De qualquer maneira, não perderei a noite. O Rio de Janeiro está cheio de mulheres fáceis, está repleto de moças que até<br />

vão me agradecer muito por eu lhes proporcionar um bom jantar e algumas horas agradáveis em meu quarto de hotel...<br />

Notou que, inadvertidamente, caminhara até a farmácia onde combinara se encontrar com Sylvia.<br />

Quase que contra a própria vontade, olhou para seu interior.<br />

Abriu um sorriso...<br />

Sylvia estava ali.<br />

Ela olhava em sua direção e sorria, um sorriso que, naquele momento, não tinha nada de angelical... Muito pelo contrário, era quase<br />

um sorriso de perdição...<br />

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